O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, viajou à China nesta segunda-feira, em meio a críticas de grupos de direitos humanos pelo fato de Pequim aceitar a visita de um líder cuja prisão é requisitada pelo Tribunal Penal Internacional.
Bashir chegou à China para encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, um dia depois do previsto inicialmente, após o avião do sudanês ter dado meia volta sem nenhuma explicação.
A prisão de Bashir é solicitada desde 2008 pelo TPI, que acusa o sudanês de genocídio e crimes de guerra e contra a humanidade relacionados ao conflito em Darfur.
Por isso, organizações de direitos humanos criticaram Pequim pelo convite feito ao sudanês.
A Anistia Internacional disse que, ao não deter Bashir, a China pode “se tornar um abrigo seguro para supostos promotores de genocídio”.
A Chancelaria chinesa disse que o governo do país tem todo o direito de convidar Bashir, já que não é signatário do tratado do TPI.
“O presidente Bashir tem visitado outros países em diversas ocasiões e tem sido bem recebido nesses países”, disse o porta-voz da Chancelaria, Hong Lei.
Viagens
No último domingo, o avião de Bashir decolou do Irã – onde ele participava de uma conferência de combate ao terrorismo -, mas regressou algumas horas depois.
“O avião presidencial estava sobrevoando o Turcomenistão quando decidiu por uma nova rota”, disse a Chancelaria sudanesa em comunicado divulgado pela agência estatal Suna.
Nenhuma explicação oficial foi dada para o adiamento de um dia na viagem à China.
Bashir deve se reunir com Hu Jintao nesta quarta-feira.
A China é uma importante investidora na indústria petrolífera sudanesa e disse que o mandado de prisão contra Bashir pode desestabilizar ainda mais o país africano.
Desde a expedição do mandado de prisão, Bashir já esteve em países como Eritreia, Egito, Líbia e Qatar – nenhum dos quais é signatário do TPI.
Ele também visitou o Quênia, que descumpriu o tratado do TPI – do qual é signatário – ao decidir não deter o presidente sudanês.
Sudão do Sul
Ao mesmo tempo, agentes humanitários disseram que o governo do Sudão promoveu novos ataques à região de fronteira com o território que deve se tornar o Sudão do Sul a partir de 9 de julho. As forças de Bashir combatem tropas leais ao sul.
Há relatos de que 16 pessoas tenham morrido e outras muitas tenham se ferido nesta segunda-feira na aldeia de Kurchi.
Calcula-se que cerca de 17 mil pessoas tenham sido forçadas a abandonar a região nas últimas três semanas de ataque aéreo e terrestre promovidas por forças governamentais.
Cartum afirma estar atacando milícias que apoiaram o sul do país durante a guerra civil sudanesa.
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