quarta-feira, 29 de junho de 2011

Timor-Leste: AJUDA AO DESENVOLVIMENTO DEVE PRIVILEGIAR OS TIMORENSES




JORNAL DIGITAL

Díli – O Presidente timorense, José Ramos-Horta, exortou à Conferência de Estados Doadores, que alterem a forma como está a ser processada a ajuda internacional, poupando na consultoria internacional e investindo mais em desenvolvimento.

Numa altura em que o Executivo timorense se deverá reunir com países doadores durante uma conferência de três dias a ter lugar em Díli, nos próximos dias 11 a 13 de Julho, José Ramos-Horta declarou a sua vontade em ver os países doadores a contribuir financeiramente para o desenvolvimento do seu país de forma mais sustentada, sem que tais ajudas venham a ser direccionadas para consultorias ou assistências técnicas.

O Presidente da República timorense pediu para que o conjunto de países doadores altere os procedimentos de ajuda, à semelhança do que aconteceu com a Austrália e com os EUA. «O dinheiro não pode ser dispendido em especialistas e consultores. O dinheiro dos doadores tem que ser deixado à comunidade», disse o Presidente timorense. Para Ramos-Horta, os gastos dos países doadores com consultorias e perícias não deixam nada para os timorenses. Ainda assim, o Presidente da República acredita que a conferência a realizar no próximo ano entre Timor-Leste e os parceiros doadores deverá ter bons resultados.

José António Fátima Abílio, chefe do Gabinete da ministra das Finanças timorense, declarou que deverão estar presentes 42 países doadores nos três dias de conferência, durante os quais deverão ser revelados os planos relativos aos projectos de desenvolvimento de longo prazo do país.

«O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, deverá lançar o Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional e fazer uma apresentação clara do plano aos países doadores», declarou ainda o chefe de Gabinete de Emília Pires, que referiu que alguns dos países doadores solicitaram um primeiro rascunho do Plano Estratégico para que pudessem preparar a reunião.

José Luís Guterres, vice-primeiro-ministro de Timor-Leste declarou que a reunião de doadores irá clarificar e definir os sectores de desenvolvimento considerados pelo Executivo como prioritários para a ajuda internacional. «A ajuda dos países doadores para os sectores da construção, economia, justiça e direitos humanos são de importância estratégica para Timor-Leste», declarou Guterres.

Filipe Rodrigues, docente universitário timorense, classificou de muito importante a indicação do Executivo timorense para os parceiros internacionais sobre quais os sectores que necessitam de ajuda internacional. Para o docente universitário «os recursos humanos e a educação são de importância estratégica devido sobretudo à escassez destes recursos».

Yulitha Anita Mele Dae, reitora da faculdade de Economia da Universidade de Díli, declarou que é muito importante a ajuda internacional para o desenvolvimento do país, constituindo nas suas palavras «fundamental o trabalho da parceria entre o Governo de Timor-Leste e países doadores para identificar os sectores de desenvolvimento que requeiram ajuda internacional». Para a reitora da faculdade de Economia da Universidade de Díli os fundos doados devem poder beneficiar todos os timorenses, incluindo aqueles que vivem nas zonas rurais.

Fernando Lasama de Araújo, presidente do Parlamento Nacional pediu aos países doadores para que invistam também nas infra-estruturas nacionais, sem que esqueçam a capacidade de construção do país.

O secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri declarou que muitos dos programas de assistência implementados ao nível da ajuda internacional não estarão a ser bem conduzidos pelo Executivo timorense. Para Mari Alkatiri, o Executivo de Xanana Gusmão deverá implementar primeiro os programas para depois poder beneficiar da assistência internacional, «os países doadores estão interessados na ajuda a Timor-Leste mas o Executivo timorense não tem a capacidade para providenciar, de forma útil, a assistência necessária».

(c) PNN Portuguese News Network

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Alexandre Gusmão,

Os países doadores querem continuar a apoiar Timor Leste, mas os principais inimigos dessa ajuda são os próprios Timorenses.
Parte do dinheiro tem que ser colocado nos Ministérios e os funcionários desses Ministérios criam tais dificuldades na distribuição dessas verbas, para serem eles próprios a beneficiar desas verbas, (chamamos a isso corrupção) que pouco dinheiro ou ajuda chega a quem mais dela necessita.
Obviamente que se o Banco Mundial ou o ADB deixarem de gastar o dinheiro em consultores e advisers, mais chega a quem dele realmente precisa.

Beijinhos da Querida Lucrécia

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