SIC NOTÍCIAS - LUSA
A atual situação de crise em Portugal é uma oportunidade para os investidores chineses, que poderão ajudar à resolução dos problemas financeiros de muitas empresas nacionais, afirmou o presidente da agência de 'rating' chinesa Dagong.
Em entrevista à Agência Lusa por telefone a partir de Macau - e que contou com a tradução da Dagong para inglês -, Guan Jianzhong observou que o "problema de Portugal é ter acumulado muita dívida ao longo dos anos, mas em termos do ambiente e do crescimento económicos, a situação não é assim tão má".
Por outro lado, o dirigente de uma das quatro principais agências de notação da China e da única que não tem a Moodys, Fitch ou Standard & Poors como parceira de negócio, também atribui a responsabilidade pela atual situação portuguesa às "inapropriadas notas dadas pelas agências de avaliação de crédito internacionais".
"A Dagong tem uma opinião diferente, pensamos que as perspetivas de Portugal não são tão negativas no que se refere ao mercado e investimento", acrescentou o responsável, que não prevê grandes mudanças na solvência do país "se a situação económica se conseguir estabilizar e se não se verificar um forte choque externo".
Ao referir os planos do Governo de privatizar algumas empresas, Guan Jianzhong considera que, "do ponto de vista do investimento, a atual situação de Portugal poderá ser uma oportunidade para os investidores chineses, porque muitas empresas estão a enfrentar dificuldades financeiras e neste momento precisam de ajuda externa".
A China já terá adquirido cerca de 4 mil milhões de euros em dívida portuguesa, segundo números disponibilizados à Lusa por fontes do mercado.
Até ao momento, nenhuma empresa chinesa solicitou à Dagong análises económicas relativas a empresas nacionais que estão na iminência de serem privatizadas, afirmou o responsável, manifestando a expetativa de que a sua agência possa vir a ter a "oportunidade de fornecer serviços" a Portugal.
O Banco Espírito Santo (BES) está em contactos com a Dagong para ser avaliado por esta entidade, segundo confirmou recentemente à Lusa uma fonte oficial do banco, que no final de 2010 suspendeu o contrato com a Fitch.
Quanto ao recente acordo europeu sobre o segundo plano de resgate à Grécia, Jianzhong considera que "reduziu a possibilidade de contágio da crise da dívida a outros países como Portugal, pelo menos temporariamente", e "será benéfico para a Irlanda e Portugal uma vez que conta com a ajuda do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e do Fundo Monetário Internacional".
Mas em relação à Grécia, a Dagong é mais cautelosa e considera que, até 2014, este plano evitará que o país entre em incumprimento, mas "a médio e longo prazo continua a não ser suficiente para melhorar a solvência do Governo".
Os líderes da Zona Euro acordaram um segundo plano de resgate da Grécia no valor de 158 mil milhões de euros, dos quais cerca de 109 mil milhões de empréstimos serão oriundos da Europa e do FMI e o restante, cerca de 50 mil milhões de euros, serão provenientes do setor privado credor da Grécia.
A Dagong atribui a Portugal um 'rating' de BBB+ e à Grécia de CCC.
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