quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Egipto: HOSNI MUBARAK COMEÇOU A SER JULGADO




PÚBLICO, com Agências

Ex-Presidente regressa a tribunal no dia 15 de Agosto

Começou nesta quarta-feira, rodeado de fortes medidas de segurança, o julgamento de Hosni Mubarak, dos seus dois filhos e de outros sete responsáveis do antigo regime egípcio. O ex-Presidente, que assistiu deitado numa maca ao processo, declarou-se inocente de todos os crimes de que está acusado.

A primeira sessão do processo durou apenas algumas horas, durante as quais foram lidas as acusações e tanto a acusação como a defesa apresentaram as suas primeiras moções. Mubarak e os seus dois filhos, Alaa e Gamal, só regressarão a tribunal a 15 de Agosto e até lá o ex-Presidente será transferido para um hospital do Cairo, devido à sua saúde frágil.

O ex-ministro do Interior, Habib el-Adli, e os outros seis antigos comandantes da polícia voltam a tribunal já amanhã.

Ao início da manhã, o ex-Presidente, de 83 anos, hospitalizado em Sharm el-Sheik desde Abril, foi transportado para o Cairo de helicóptero e depois de ambulância até à academia de polícia onde decorre o histórico julgamento.

Na sala de tribunal foi criada uma jaula com barras de ferro, por trás da qual Mubarak e os restantes arguidos vão assistir às audiências. No exterior, centenas de polícias, soldados e tanques foram colocados junto às entradas. A televisão transmitiu em directo a sessão.

O ex-Presidente é acusado de ter ordenado às forças de segurança que atirassem a matar contra civis nos primeiros dias dos protestos contra o seu regime. Segundo a acusação, mais de 800 manifestantes foram mortos e centenas de outros ficaram feridos na repressão que só aliviou depois de as Forças Armadas terem anunciado que não se iriam virar contra o povo. Pelo crime, do qual está também acusado o ex-ministro do Interior, Habib al-Adly, Mubarak incorre na pena capital.

Mubarak é, juntamente com os seus dois filhos, Alaa e Gamal, acusado de abuso de poder com vista a enriquecimento ilícito, bem como de conspiração com outros membros do seu Governo para vender gás natural a Israel abaixo dos preços de mercado. De todos os crimes declarou-se inocente: "Nego inteiramente todas essas acusações", afirmou o ex-Presidente, com voz débil mas clara.

Julgamento histórico

Até ao último momento, muitos egípcios duvidavam que o ex-Presidente comparecesse em tribunal, já que os advogados insistiam que o seu estado de saúde era demasiado frágil. Mas um adiamento comportava riscos elevados para a junta militar que assumiu o poder interinamente.

O julgamento de Mubarak é uma das principais reivindicações da oposição e dos jovens activistas que lideraram a revolução de Fevereiro e que nas últimas semanas regressaram às ruas, acusando os militares de tardarem na concretização das reformas democráticas.

A presença em tribunal do ex-Presidente, que governou o Egipto com mão de ferro durante quase 30 anos, é visto como um marco histórico para o país, em plena transição política, como para todo o mundo árabe, mergulhado desde o início do ano numa vaga de protestos sem precedentes que começou na Tunísia, com o derrube de Ben Ali, e que se estendeu depois à maioria dos países da região. Na Líbia, os protestos deram lugar a uma revolta armada e à intervenção das forças aéreas da NATO, e na Síria a violenta repressão das manifestações terá provocado já perto de 1500 mortos.

Notícia actualizada às 13h22

*Foto em Lusa

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