sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Escravos portugueses obrigados a entrar no bacanal colectivo dos donos do reino lusitano




ORLANDO CASTRO*, jornalista – ALTO HAMA

Portugal continua em velocidade de ponta a caminho do Norte… de África, embora o objectivo (o Burkina Faso) seja mais a Sul.

Segundo o Público, o líder da Juventude Social Democrata, Duarte Marques, defende que “é tempo de responsabilizar criminalmente quem levou o país a esta situação”, entendendo que “José Sócrates e os restantes membros do seu Governo devem ser julgados”.

Acho muito bem. É assim mesmo. Estou a gostar de ver. Pena é que, como tudo nas ocidentais praias lusitanas a Norte – embora cada vez mais a Sul – de Marrocos, a coisa não passe de uma dialéctica típica das universidades partidárias onde se formam os futuros donos do país.

Digam lá que não seria digno de ver o julgamento de José Sócrates? Ou de saber que a principal testemunha abonatória do ex-primeiro-ministro seria com certeza Cavaco Silva? Ou, ainda, o parceiro de tango que dá pelo nome artístico de “africanista de Massamá” (Pedro Passos Coelho)?

As declarações de Duarte Marques, também deputado e certamente potencial primeiro-ministro (se acaso ainda existir o país),  foram deixadas na sua página no Facebook já depois de Pedro Passos Coelho ter anunciado o regresso da escravatura a Portugal.

Diz o jovem deputado, estribado na cátedra política desse alfobre de peritos dos peritos que são as estruturas das juventudes partidária, que “doa a quem doer a má gestão não pode passar impune”, sublinhando que “neste momento milhares de portugueses vão perder qualidade de vida graças ao desvario que ocorreu em Portugal nos últimos seis anos”.

Dito assim, quase se pode pensar que se estaria a referir ao político que foi primeiro-ministro  de 6 de Novembro de 1985 a 28 de Outubro de 1995, qeu foi eleito presidente da República em 22 de Janeiro de 2006 e reeleito a 23 de Janeiro de 2011.

Mas não. Não era desse que Duarte Marques fala. Até porque esse nunca tem dúvidas e raramente se engana.

Em declarações à TSF, o líder da JSD apelou ainda ao procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, que “accione os meios que tem à sua disposição para investigar e levar a julgamento os verdadeiros responsáveis pela situação a que chegou este país”. E acrescentou: “Foi já avaliado pelo próprio Tribunal de Contas que as decisões tomadas nos últimos anos, em especial pelo Governo do engenheiro Sócrates, que escondeu as contas aos portugueses e criou contratos que põem em causa o futuro das novas gerações”.

Agora é só esperar que Pinto Monteiro “accione os meios que tem à sua disposição” e que leve a julgamento todos os responsáveis. Sei que a lista será longa, mas é preciso começar por algum lado.

Além disso, porque são todos coniventes (bem dizem os portugueses que ladrão tanto é o que fica à porta como o que entra em casa) e testemunhas uns dos outros, até não seria mau ver esse “reality show” (bacanal, em português).

* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado



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