quinta-feira, 22 de março de 2012

GOLPE DE ESTADO NO MALI FEZ 50 MORTES



Jornal de Notícias

A União Africana e a Argélia condenaram, esta quinta-feira, o golpe de Estado no Mali, que matou pelo menos 50 membros da guarda presidencial, segundo fontes da proteção civil.

Militares do Mali tomaram o poder em Bamako, após várias horas de combates com a guarda presidencial. Na origem do golpe de Estado estará o descontentamento dos militares com a falta de meios para combater os rebeldes tuaregues no Norte do país.

Uma fonte militar leal ao governo maliano garantiu entretanto à agência AFP que o presidente, Mamadou Toumani Touré, que os rebeldes afirmam ter deposto, "está bem" e "em local seguro".

"O presidente está bem, está em local seguro, assim como os ministros da Segurança [Natié Pléa] e da Defesa [general Sadio Gassama], os ministros visados" pelos militares revoltosos que anunciaram, esta quinta-feira, ter derrubado o regime, afirmou a fonte, sob anonimato.

Sem adiantar onde estão o presidente e os ministros da Segurança e da Defesa, a mesma fonte admitiu que alguns membros do governo foram detidos, mas não todos.

O responsável militar criticou ainda a reação francesa ao golpe de Estado, após o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, ter defendido a realização de eleições "o mais rapidamente possível".

"Nestes casos, não se exige a realização de eleições em breve. A primeira coisa a exigir é o restabelecimento do Estado de Direito, da ordem constitucional", afirmou.

Mas o governo francês não foi o único a pedir eleições. Também o secretário-geral da Francofonia, Abdou Diouf, condenou o golpe de Estado e pediu a realização de eleições livres "num prazo aceitável".

"O secretário-geral apela a um diálogo político imediato, reunindo todos os atores políticos malianos, para cessar os combates em todo o território e restabelecer a paz, definir as condições de um regresso à ordem constitucional e preparar, num prazo aceitável, eleições livres, fiáveis, transparentes e inclusivas", indica um comunicado da Organização Internacional da Francofonia (OIF).

Entretanto, num comunicado emitido pela sua sede em Adis Abeba, a União Africana condenou "qualquer intenção de tomar o poder pela força" e exigiu o respeito pela legitimidade constitucional.

O presidente da Comissão daquele organismo, Jean Ping, sublinhou "a necessidade de respeitar a legitimidade constitucional que representa as instituições republicanas, incluindo o Presidente da República e chefe de Estado, Amadou Toumani Touré".

O responsável da UA declarou-se ainda "muito preocupado pelos repreensíveis atos cometidos atualmente por alguns elementos do Exército maliano em Bamako", onde a União Africana realizou esta semana uma reunião sobre paz e segurança.

O governo da Argélia, que faz fronteira com o Mali, condenou também o golpe de Estado, rejeitou "firmemente" o recurso à força e exprimiu o seu "forte compromisso" com o restabelecimento da ordem constitucional.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, Amar Belani, adiantou que a Argélia "segue com grande preocupação" a situação no Mali. "Consideramos que todas as questões internas do Mali devem encontrar solução no funcionamento normal das instituições legítimas do país e dentro do respeito das normas constitucionais", afirmou.

Chefias militares do Mali em prisão domiciliária

Jornal de Notícias

O aeroporto de Bamako foi encerrado e os voos foram cancelados até nova ordem, afirmou uma fonte à agência noticiosa France Presse, depois do anúncio do golpe de Estado ao Governo de Amadou Toumani Touré, no Mali.

"O aeroporto foi encerrado esta manhã e não há voos até nova ordem", declarou uma fonte aeroportuária, que não forneceu mais detalhes.

Na capital do Mali, há tiros esporádicos que são ouvidos em várias localidades, segundo testemunhou um jornalista da France Presse (AFP). A circulação pelas ruas é fluida, alguns motoristas e motociclistas são visíveis nas principais artérias de Bamako.

"Muitas pessoas estão encerradas em casa. "Há tiros de vez em quando, mas a situação não é clara", declarou, por telefone, um habitante de um bairro no oeste da capital.

Os militares amotinaram-se, na quarta-feira, contra a falta de recursos para a guerra travada pelo exército, desde meados de janeiro, contra os rebeldes tuaregues e os grupos islamitas no norte do país.

Em nome do comité nacional para a recuperação da democracia e a restauração do Estado (CNRDRE), anunciaram, pela manhã, o golpe de Estado contra o presidente Touré, que acusam de incompetência.

Os militares anunciaram também um toque de recolher a partir das 06.00 horas (locais e de Lisboa), sem especificar a duração.

Os líderes do exército, leais ao governo foram colocados em "prisão domiciliária" pelos militares amotinados na cidade de Gao (nordeste), horas depois do golpe de Estado, segundo um dos revoltosos.

"Nós colocámos os chefes militares em prisão domiciliária" em Gao, disse uma fonte militar, depois do motim que ocorreu nessa cidade, onde está estabelecido um posto do comando descentralizado para a guerra que ocorre desde janeiro no norte do país.

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