segunda-feira, 9 de abril de 2012

Cabo Verde: Sistema financeiro é "sólido e credível" - Banco Central



CLI - Lusa

Cidade da Praia, 09 abr (Lusa) - O governador do Banco de Cabo Verde (BCV), Carlos Burgo, disse hoje que o sistema financeiro cabo-verdiano "é sólido e é credível", reiterando que a capacidade da instituição que dirige, em matéria de supervisão, é adequada.

Carlos Burgo foi ouvido na Comissão Especializada de Finanças e Orçamento do Parlamento, onde admitiu que, apesar de o BCV dispor de "capacidade adequada de supervisão" do sistema financeiro, existem "insuficiências" resultantes de "riscos emergentes".

"Prova dessa adequação é que o sistema funciona globalmente bem, prestando serviços à economia e à sociedade, e os compromissos são cumpridos", sublinhou.

Carlos Burgo exemplificou com o número crescente de comunicações de operações suspeitas remetidas à Unidade de Informação Financeira (UIF), explicando que os valores relatados - 5,4 milhões de contos (cerca de 49 milhões de euros) - estão próximos dos quatro por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde.

Em 2011, e face a 2010, disse, registou-se um crescimento dos valores envolvidos nas comunicações de operações suspeitas em cerca de 184 por cento.

Sobre os casos concretos, Carlos Burgo afirmou que a prisão do presidente da Bolsa de Valores de Cabo Verde (BVCV) "não afetou grandemente" a credibilidade do sistema, salientando também que o facto de Veríssimo Pinto ter atividades económicas em paralelo não constitui conflito de interesses.

Os factos ocorridos recentemente - como o alegado envolvimento do BAI/CV, de capitais angolanos, em lavagem de dinheiro - levaram, porém, o BCV a preparar recomendações "mais severas" quanto à atividade da Bolsa.

Carlos Burgo explicou que o sistema de comunicação dos bancos deverá ser melhorado, através de uma nova plataforma digital, devendo o BCV emitir recomendações sobre o relançamento das atividades da bolsa.

Anunciou, por outro lado, um conjunto de iniciativas legislativas em curso sob a égide do banco central para reforçar a autoridade do BCV.

No quadro desses diplomas, de acordo com Carlos Burgo, perspetivam-se "importantes inovações", nomeadamente o reforço da autoridade do BCV para prevenir e combater crises no sector bancário.

No final da audição, Carlos Burgo manifestou-se disponível para ser ouvido regular e periodicamente no Parlamento, já que, segundo ele, é uma oportunidade para uma instituição como o Banco de Cabo Verde prestar contas.

O Movimento para a Democracia (MPD, oposição) disse não ter ficado satisfeito com as explicações de Carlos Burgo, com o deputado Abraão Vicente a indicar que o partido vai promover uma interpelação ao Governo sobre esta matéria na sessão plenária prevista para a última semana deste mês.

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