domingo, 8 de abril de 2012

Guiné-Bissau e parceria estratégica dominam visita de ministro da Defesa a Angola



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 07 abr (Lusa) - O novo impasse político na Guiné-Bissau e a criação de uma parceria estratégica na área militar são os temas centrais da visita do ministro da Defesa de Cabo Verde a Angola, que decorre entre segunda e quinta-feira.

Em declarações à Agência Lusa, Jorge Tolentino indicou que, face ao agravamento político, a situação na Guiné-Bissau vai centrar a deslocação a Angola, país que tem uma missão militar em Bissau.

Ante a recusa de cinco candidatos às eleições presidenciais da Guiné-Bissau em aceitar os resultados da primeira volta, o início da campanha para a segunda volta, previsto para quinta-feira, está suspenso até que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) local decida sobre as acusações de fraude eleitoral.

Kumba Ialá - o segundo mais votado na primeira volta e que está habilitado a disputar a segunda, marcada para 22 deste mês, contra Carlos Gomes Júnior - bem como Henrique Rosa, Serifo Nhamadjo, Serifo Baldé e Afonso Té recusaram também a mediação do presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, para solucionar o impasse.

O agravar da situação, admitiu Jorge Tolentino à Lusa, forçou a alterar o programa da visita, uma vez que quer Cabo Verde quer a Guiné-Bissau fazem parte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e Angola preside à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem a missão em Bissau.

O ministro da Defesa cabo-verdiano nada mais adiantou sobre a situação na Guiné-Bissau, nem sobre o que discutirá com as autoridades angolanas, limitando-se a confirmar que a visita vai permitir analisar o estado da cooperação técnico-militar bilateral e criar uma parceria estratégica nos domínios da defesa e segurança.

A visita de Jorge Tolentino, que parte no domingo para Angola, surge a convite do seu homólogo angolano, Cândido Van Dunen, que esteve em setembro de 2011 na Cidade da Praia, altura em que foram analisadas três propostas de cooperação.

Na altura, ambos priorizaram as áreas das Informações e das Comunicações Militares, bem como a da formação da Polícia Nacional, integradas no âmbito do acordo de cooperação técnico-militar assinado pelas duas partes em 2007, que abrange, disse Van Dunen, "um leque muito vasto" de domínios.

Em Angola, Jorge Tolentino terá uma reunião com os militares cabo-verdianos que frequentam a Escola Superior de Guerra e o Instituto Superior Técnico-Militar, em Luanda, e visitará o Centro de Instrução dos Comandos, em Cabo Ledo.

As relações de cooperação técnico-militar entre os dois países lusófonos têm-se reforçado nos últimos anos, sofrendo um grande impulso em 2011, quando, em setembro, na ilha do Sal, Cabo Verde acolheu a reunião do Conselho de Ministros de Defesa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que preside.

A reunião foi aproveitada, depois, por Van Dunen para uma visita oficial a Cabo Verde.

Por outro lado, outro ministro angolano, o do Interior, Sebastião Martins, esteve na Cidade da Praia de 19 a 22 de março para uma visita de trabalho, em que assinou com a sua homóloga cabo-verdiana, Marisa Morais, um acordo de facilidade de concessão de vistos e do reconhecimento recíproco das cartas de condução.

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