domingo, 8 de abril de 2012

Portugal: EXPLICAÇÕES DE RELVAS NÃO CONVENCEM OPOSIÇÃO



RTP - Lusa

Passos Coelho admitiu que pudesse falhar a data de regresso aos mercados, Relvas apressou-se a limitar os estragos, explicando o que o primeiro-ministro queria dizer - mas a oposição não ficou convencida. O PS fala em "afirmações graves", que põem em causa a utilidade dos sacrifícios exigidos à população, o PCP reitera a necessidade de uma urgente renegociação da dívida e o BE surge a exigir eleições antecipadas se houver um segundo resgate.

Pela voz de João Ribeiro, membro do seu Secretariado Naconal, o PS desvalorizou as explicações que o ministro-adjunto Miguel Relvas viera dar ontem à tarde sobre a controversa entrevista de Passos Coelho ao diário alemão Die Welt. Segundo Ribeiro, citado pela Agência Lusa, "aquilo que o ministro Relvas disse em nada desmente o que são as afirmações, que são graves, do primeiro-ministro".

Ainda segundo o mesmo dirigente socialista, "o que estas declarações revelam e o que é inédito nestas declarações é que o Governo admite que não vai conseguir atingir os seus objetivos de regressar aos mercados em 2013 e isso tem fundamentado muitos dos sacrifícios que são pedidos aos portugueses".

"Libertar o país do colete de forças"Também a reacção do PCP se concentrou sobre a entrevista de Passos Coelho, sublinhando, em declarações do membro da sua Comissão Política Jorge Cordeiro que o primeiro-ministro admitira a Die Welt "o rumo de desastre para o país e os portugueses" que a sua política tem significado.

Ainda segundo Cordeiro, a pretexto da crise está-se a aumentar "a exploração, a empobrecer o povo e a retirar direitos". A saída passa, do ponto de vista do PCP, por uma renegociação da dívida, visando "libertar o país do colete de forças que só traz mais e mais dificuldades".

Contra os "lapsos" e a "vigarice"Já o BE veio afirmar pela voz do coordenador da sua Comissão Política, Francisco Louçã, que um eventual segundo resgate deveria implicar a realização de eleições antecipadas. E, dirigindo-se ao primeiro-ministro, advertiu: "Não se atreva a propô-lo [um novo empréstimo] ao país sem olhar para os portugueses e pô-los no direito de voto para que todos possam decidir". E concluiu: "É a democracia e não a vigarice que tem que decidir; democracia é decisão, decisão são eleições, é a escolha democrática de todos".

Louçã afirmou ainda que, "para sobreviver, o país precisa de se erguer contra a troika, contra o abuso económico, em nome de uma democracia que seja responsável, contra a vigarice". O dirigente bloquista enumerou exemplos vários da "vigrarice" vestida de "lapso": "Já 'lapsaram' os dividendos das empresas que foram privatizadas, da energia e da eletricidade, já 'lapsaram' os subsídios de doença, de desemprego, os apoios sociais".

"Condições normais" e "extraordinárias"Passos Coelho admitira ontem, em entrevista ao diário alemão que Portugal poderia não estar em condições de voltar a financiar-se nos mercados na data prevista, de setembro de 2013, devido à acção de factores exógenos.

Embora o primeiro-ministro tenha desmentido, no mesmo fôlego, que essa eventual impossiblidade devesse acarretar automaticamente um segundo empréstimo da troika, a entrevista foi imediatamente lida como uma confissão de fracasso das políticas até aqui levadas a cabo pelo executivo.

Para responder a essa leitura, o ministro-adjunto, Miguel Relvas, viera poucas horas depois explicar que "não há nada de novo, Portugal está e vai cumprir o programa estabelecido e, em circunstâncias normais, a 23 de setembro de 2013 Portugal voltará ao mercado"

Admitindo contudo que as circunstâncias possam não ser "normais", o ministro reitera que, "em circunstâncias extraordinárias, a própria União Europeia definiu uma perspetiva e políticas de apoio para os países que estão no âmbito deste programa".

Opinião Página Global

Sem preâmbulos, o mínimo que os portugueses podem e devem inferir das declarações de Relvas, uma vez mais, é que é um inqualificável descarado e trapalhão. Cansa, satura, indigna, estarmos permanentemente a ser considerados mentecaptos por políticos que desde o primeiro segundo da batalha de ascensão ao poder têm usado de uma vilania incontida no que diz respeito à falta de verdade, de honestidade, naquilo que declaram e naquilo que praticam.  

Neste momento já não é compreensível que os portugueses não reajam como devem à sistemática falta de respeito dos governantes para com todo o país. E não é só dos governantes que se trata, uma vez que o PR Cavaco Silva tem responsabilidades acrescidas na cobertura que vai prestando aos seus protegidos e eleitos PSD-CDS. Levanta-te Portugal! (Redação PG – HS)

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