domingo, 8 de abril de 2012

Portugal: Marcelo acusa Seguro de se vitimizar e insiste em golpe nos estatutos




Luciano Alvarez, Isabel Gorjão Santos - Público

Antigo presidente do PSD compara atitude de Seguro à de José Sócrates

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu neste domingo que António José Seguro deu um golpe no PS ao fazer uma alteração estatutária que não estava autorizada pelo Congresso. E acusou o líder do PS de se estar a “vitimizar” para unir o partido.

No seu habitual comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa retirou a palavra “golpaça”, usada na semana passada, “por não vir no dicionário” e trocou-a por “golpe” ou “golpada”. O antigo presidente do PSD e conselheiro de Estado de Cavaco Silva criticou ainda Seguro por responder a um comentador quando só deve responder a um primeiro-ministro e colou a atitude do actual líder do PS à do seu antecessor, José Sócrates, que segundo Marcelo usava frequentemente a estratégia da vitimização.

O líder socialista tinha acusado Marcelo Rebelo de Sousa de um acto “vil e miserável”, ao que o social-democrata respondeu neste domingo ao dizer que “vil e miserável é a situação criada por Seguro ao ter feito uma alteração estatutária sem autorização do Congresso”.

Sobre essa mudança, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que o Congresso do Partido Socialista não conferiu ao seu secretário-geral legitimidade para avançar com a revisão estatutária, por isso considerou-a “uma ilegalidade”.

Noutros tempos, adiantou Marcelo, o recurso a palavras como vil e miserável “seria fortíssimo, até porque este era um método usado por José Sócrates”. O antigo presidente do PSD considerou que foi apenas “mensageiro” e tinha repetido há uma semana o que membros do Partido Socialista já tinham dito sobre a alteração estatutária. E adiantou que “num momento em que está cercado pelos socráticos, [António José Seguro] arranjou maneira de aparecer e comentar um agressor externo para fomentar a unidade”.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Seguro tem “meia razão” no que se refere à apresentação das listas de deputados para o partido, depois de, na semana passada, ter referido que a alteração estatutária faria com que a escolha de deputados passasse a ser feita por listas fechadas. Essas listas serão a abertas mas, sublinhou Marcelo, o líder do PS tinha proposto que fossem fechadas. “O problema que se coloca é que Seguro teve de recuar”.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que houve “um problema de transparência” na forma como os estatutos foram revistos na Comissão Nacional do PS e sublinhou que, num artigo dos estatutos socialistas, o 117, é dito que estes só podem ser alterados por deliberação do Congresso Nacional ou da comissão nacional se o congresso lhe atribuir delegação de poderes, devendo isso estar inscrito na ordem de trabalhos do Congresso, o que não aconteceu, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

O antigo presidente do PSD disse ainda não ter ficado esclarecido se o próximo congresso do PS será antes ou depois das autárquicas, o que, adiantou, “fará toda a diferença”. Dessa forma, disse, irá saber-se “se António Costa tem oportunidade de ser eleito ou não”.

Na semana passada Marcelo Rebelo de Sousa tinha começado por dizer que Seguro, com esta revisão dos estatutos – aprovada com quase 90% dos votos da Comissão Nacional –, “fechou os caminhos” a António Costa, quanto à possibilidade de o presidente da autarquia lisboeta avançar para a liderança do partido, porque a mudança do mandato do secretário-geral do PS de dois para quatro anos impediria Costa de avançar com uma eventual candidatura já em 2013, após a realização das eleições autárquicas.

Seguro, que acusou Marcelo Rebelo de Sousa de “má fé”, respondeu na segunda-feira a estas acusações ao dizer que, ao contrário do que afirmou o comentador, não está previsto nenhum acto eleitoral no PS para o início de 2013. Na altura defendeu ainda a legitimidade da alteração estatutária ao dizer que o Congresso mandatou a Comissão Política para a fazer. “Não só tinha legitimidade, como [a Comissão Política] era obrigada a fazê-lo”, afirmou. “Não foi uma golpaça nem um truque de secretaria”.

No seu comentário deste domingo, Marcelo Rebelo de Sousa responsabilizou também o primeiro-ministro por uma semana que considerou “um verdadeiro desastre” para o Governo devido às contradições entre vários membros do Executivo sobre a duração dos cortes dos subsídios de férias e Natal. Disse Marcelo que, com estas atitudes, “a situação está pior do que pensávamos” e que o Governo “vai gerindo o dia-a-dia”. E adiantou: “A culpa é do primeiro-ministro”.

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