sexta-feira, 1 de junho de 2012

Cabo Verde: Centrais sindicais ameaçam greve geral, mas disponíveis para diálogo



JSD - Lusa

Cidade da Praia, 01 jun (Lusa) - As duas centrais sindicais de Cabo Verde ameaçaram hoje, numa inédita manifestação conjunta na Cidade da Praia, recorrer à greve geral caso Governo e patronato não aceitem as reivindicações dos trabalhadores da administração pública.

Juntas pela primeira vez na contestação, a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) e a União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos-Central Sindical (UNTC-CS) exigiram a reposição do poder de compra, a implementação do salário mínimo e do 13.º mês e um Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) de "rosto humano".

Sem números oficiais, quer polícia quer sindicatos estimaram entre 5.000 a 6.000 os manifestantes, que percorreram toda a Avenida Cidade de Lisboa, desde o Largo 1.º de Maio até à Rotunda do Homem de Pedra, passando pelo Palácio do Governo, regressando pela mesma rua para se "instalarem" diante do Estádio da Várzea.

Em declarações à agência Lusa, os presidentes da CCSL, José Manuel Vaz, e da UNTC-CS, Júlio Ascensão Silva, manifestaram a disponibilidade das centrais sindicais para dialogar "já amanhã" com Governo e patronato, mas advertiram que o protesto de hoje, que consideraram ter "cumprido os objetivos", poderá evoluir para uma greve geral, caso não se atinja o consenso.

Em causa estão as promessas do Governo, feitas em 2010, véspera das eleições legislativas de fevereiro de 2011, de implementar o salário mínimo e o 13.º mês, bem como a reposição do poder de compra dos trabalhadores, sem aumentos há dois anos e que os dois líderes sindicais estimam em 15 por cento nos últimos cinco anos.

As promessas foram novamente feitas nas vésperas das presidenciais de agosto de 2011.

Mais tarde, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, alegou que a crise financeira internacional não dá margem de manobra para cumprir as promessas feitas, mas garantiu que até ao fim da legislatura, em 2016, estarão em vigor.

Em abril deste ano, o Governo apresentou o novo PCCS, mas deu apenas conta da reestruturação dos cargos e carreiras na Função Pública, deixando para mais tarde a discussão da grelha salarial, o que foi imediatamente contestado pelos sindicatos, que alegam não negociar o novo plano sem ter em cima da mesa as novas remunerações.

Na semana passada, José Maria Neves desdramatizou a manifestação de hoje e afirmou "não haver razões" para protestar, salientando a disponibilidade do executivo para se sentar à mesa com os sindicatos, no quadro do Conselho de Concertação Social (CCS), ao mesmo tempo que sugeriu a realização de novo encontro dos parceiros sociais para este mês.

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