sexta-feira, 1 de junho de 2012

Cabo Verde: Oposição acusa Governo de "içar bandeira da perseguição"...



… aos trabalhadores que participem na manifestação

JSD - Lusa

Cidade da Praia, 31 mai (Lusa) - A oposição parlamentar em Cabo Verde acusou hoje o Governo de ter içado a "bandeira da perseguição" aos trabalhadores que participem na manifestação convocada para sexta-feira pelas duas centrais sindicais do arquipélago.

Fernando Elísio Freire, líder parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD, maior força da oposição), reagia a uma declaração política do Governo no parlamento, em que o ministro dos Assuntos Parlamentares, Rui Semedo, defendeu que Cabo Verde tem de continuar um país estável e que não há razões para o protesto.

Há um mês, a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) e a União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos-Central Sindical (UNTC-CS) convocaram para 01 de junho uma "manifestação geral" em todo o arquipélago.

Os sindicatos exigem a reposição do poder de compra, a implementação do salário mínimo, a atribuição do 13.º mês e a aprovação de um Plano de Cargas, Carreiras e Salários (PCCS) "de rosto humano".

Hoje, no parlamento, Rui Semedo fez eco das palavras já deixadas pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, e sublinhou a inexistência de razões para o protesto, defendendo que há condições para garantir as reivindicações dos trabalhadores e que as portas do diálogo sempre se mantiveram abertas.

Sobre o PCCS, apresentado publicamente pelo Governo, mas sem contemplar a nova grelha salarial da Administração Pública, Rui Semedo indicou que o plano trará ganhos para os trabalhadores e que terá efeitos retroativos a janeiro deste ano, sem referir quando será apresentada a grelha salarial subjacente.

Rui Semedo indicou que o 13.º mês é uma proposta que o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) apresentou aos cabo-verdianos antes e durante a campanha para as legislativas de 2011 e que "continua de pé", para o horizonte da atual legislatura, que termina em 2016.

"Numa altura em que se assiste a um agudizar da crise internacional, com os países a cortar nos salários, nas pensões e nos direitos dos cidadãos, não seria prudente Cabo Verde avançar com o 13.º mês", sublinhou Rui Semedo, alegando que há uma "tentativa (da oposição) para desviar" os motivos da manifestação.

Elísio Freire considerou a declaração política do Governo "um exercício para condicionar" os trabalhadores, através de um clima de intimidação e do "içar da bandeira da perseguição", ideia corroborada por João Luís Santos, deputado da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição).

"Aqueles que entenderem que devem ir à manifestação, podem fazê-lo, porque neste país há democracia e liberdade", frisou o líder parlamentar do MpD, sublinhando que a declaração do Governo vem agitar a "bandeira da perseguição".

Sem comentários:

Mais lidas da semana