sexta-feira, 1 de junho de 2012

COMÉRCIO ENTRE ALEMANHA E ANGOLA CRESCE EM FLECHA




A visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Angola, em julho do ano passado, parece ter cumprido o seu principal objetivo: dados preliminares apontam para a duplicação do comércio bilateral em 2011.

Dados do Ministério federal alemão da Economia e da Tecnologia dão conta de que Angola é um dos principais parceiros comerciais da Alemanha na África Austral. No ranking do comércio exterior alemão com a África Subsaariana, Angola está em quarto lugar nas importações alemãs e é o sexto país para o qual a Alemanha mais exporta.

Por outro lado, diz o Ministério da Economia, a diversificação da economia angolana demora. Angola ganha dinheiro no exterior vendendo principalmente petróleo, produto que segundo o ministério é responsável por 85% dos lucros das exportações. Os diamantes trazem 5% dos lucros com as exportações para Angola. As variações dos preços destes produtos nos mercados internacionais se refletem na importação dos mesmos pela Alemanha.

Apesar disso, em 2011, segundo dados provisórios do Ministério da Economia, o comércio bilateral entre os dois países mais do que duplicou. Passou de cerca de 490 milhões de euros em 2010 para 1,130 mil milhões de euros no ano passado. A razão principal para o aumento do comércio bilateral entre Angola e Alemanha parece ser o aumento das importações (de produtos angolanos) pela Alemanha: de 230 milhões de euros em 2010, passaram a 833 milhões de euros em 2011. O que equivale a um aumento de quase 290% do que a Alemanha importou de Angola.

A DW África conversou com Ricardo Gerigk, delegado da Indústria Alemã em Angola, um escritório inaugurado oficialmente em 2010 e que fomenta o intercâmbio e o relacionamento econômico entre os dois países. Gerigk explicou que o aumento do comércio bilateral entre Angola e Alemanha precisa ser "relativizado" porque, se por um lado as importações alemãs aumentaram, as exportações da Alemanha para Angola registaram queda de 4% de 2010 para 2011.

Segundo Gerigk, a Alemanha tem condições de aproveitar, de maneira indireta, a exportação de petróleo e diamantes de Angola, "através das empresas que fornecem infraestrutura", por exemplo na questão da energia solar, "porque nós temos grandes problemas de abastecimento de energia".

A entrevista.

DW África: Porque aumentou tanto o comércio bilateral entre Angola e Alemanha em 2011?

RG: Bom, na verdade nós temos que relativizar um pouco esses números. Em 2010, nós tivemos uma importação de petróleo de Angola no valor de 227 milhões de euros. Em 2011, principalmente em função da queda de exportação da Líbia, o aumento da exportação de petróleo de Angola para a Alemanha foi para 830 milhões de euros, o que representa um aumento em torno de 288%. Dos 883 milhões, 830 foram de óleo e gás. Essa é a razão do aumento do volume de negócios entre os dois países. Na questão da exportação da Alemanha para Angola houve uma pequena queda de 4%.

DW África: Qual foi a razão dessa queda?

RG: Às vezes é muito difícil avaliar o porquê. Mas essa tem sido mais ou menos a média do que a Alemanha exporta para Angola. Quase 30% são máquinas. Logicamente com a visita da chanceler alemã a Angola em julho de 2011, foram ratificados alguns memorandos de entendimento, para criar uma parceria estratégica entre a Alemanha e Angola. O próprio Presidente de Angola no seu discurso falou claramente que as novas barragens a serem construídas em Angola, deviam ser equipadas com materiais alemães. Então eu acredito que nos próximos anos, em 2012, 2013 e 2014, nós teremos um aumento das exportações alemãs para Angola.

DW África: Já foram realizados quatro fóruns econômicos bilaterais entre Angola e Alemanha. Porque as empresas alemãs não têm presença forte no país? Penso que são 15 até agora...

RG: Nós temos que ver que Angola é um país que esteve envolvido em guerra. Angola completa este ano dez anos de paz. É muito pouco tempo para que se possa reconstruir um país, e algumas coisas serem superadas. Existe uma série de problemas em Angola. Nós temos uma infraestrutura totalmente destruída, não temos o fornecimento de uma energia constante para que as empresas venham a investir no país. Por isso, de momento não é interessante nem conveniente vir a Angola. Mas eu sempre digo que se não chegarmos a tempo, estaremos abrindo o caminho para que outros países possam se estabelecer, como, por exemplo, a China, que já está presente em vários países de África.

DW África: Quais as maiores dificuldades que os empresários alemães enfrentam em Angola?

RG: Angola é classificado como um dos países que têm a maior dificuldade em se criar negócios – não só para os alemães, mas também para qualquer outro país. O excesso de burocracia e a morosidade no andamento desses processos de instalação de empresas estrangeiras em Angola é um dos grandes inconvenientes. Outro inconveniente é a corrupção, que não existe só em Angola. Mas o Governo angolano tem criado mecanismos para combater a corrupção e a lavagem de dinheiro.

Autora: Renate Krieger - Edição: Cristina Krippahl/António Rocha

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