segunda-feira, 4 de junho de 2012

O BOSQUE EM FLOR



Rui Peralta

A ágora africana (2)

África e a India

O comércio entre Africa e a União Indiana rondará os 90 mil milhões de USD em 2015. O ano de 2011 fechou com 62 mil milhões de USD, enquanto a rede comercial China-Africa, fechou 2011 com 160 mil milhões de USD.

Nigéria

A composição da classe média nigeriana sofreu no último decénio, uma alteração substancial, crescendo dos 7 milhões de pessoas para 64 milhões. O incremento deveu-se ao facto de largas camadas da população, originarias das zonas rurais, melhorarem substancialmente o seu nível de vida ou pelo impacto das pequenas indústrias, ou pelo impacto do comércio rural local, passando a usufruir de rendimentos que a incluem na camada baixa da classe media. De referir ainda que o impacto do sector bancário e das seguradoras, que incrementaram a sua mão-de-obra em numero e em salário, para além do sector petrolífero, que cada vez emprega mais mão-de-obra especializada nigeriana.

No entanto a Dangote Cemente, o maior grupo privado nigeriano, prepara-se para aparecer no próximo ano no London Stock Exchange, sendo o seu processo de apresentação dirigido pela JP Morgan e pelo Morgan & Stanley. A Dangote Cemente planeia um investimento de 7 mil milhões de USD nos sectores da energia, petroquímica e mineração da economia nigeriana, nos próximos 4 anos. Para isso conta com empréstimos de 4,5 mil milhões de USD provenientes de instituições financeiras internacionais. Simultaneamente, vai ser criado por esta parceria, um fundo para incrementar a produção de electricidade em 2 mil MW.

Por sua vez a nigeriana Notore Chemical Industries (NCI) irá realizar um oferta pública inicial em 2013, para financiar uma nova fábrica de fertilizantes. A NCI estimou o investimento em 1 milhão de USD, no seguimento do seu plano de aumento de produção para 750 mil toneladas cúbicas.

Ghana

De acordo com a Tullow Oil o maior campo do Ghana, o Jubilee, produziu 30 milhões de barris em 2011.

Moçambique

A Sumol Compal Moçambique, planeia investir 10,4 milhões de USD na produção local de sumos de frutas e néctares, para o mercado interno exportação para a SADC.

Um grupo sul-africano vai investir 1 milhão de USD na produção de açúcar na província da Zambézia. O projecto envolve uma área de plantação de 10 mil hectares e uma fábrica de açúcar (a quinta fábrica de açúcar em Moçambique). O projecto criará 3 mil postos de trabalho directos e indirectos.

África do Sul

O governo sul-africano criou um programa de 755 milhões de USD para investir em infraestructuras, nos próximos 3 anos. O Ministro do Comércio, Rob Davies, anunciou o programa e os seus objectivos, que têm por fim ajudar as indústrias sul-africanas afectadas pela crise mundial, incrementando o seu interesse no crescente mercado interno, implementando os seus produtos e aumentando os níveis de formação da mão-de-obra.

A China e os PALOP

Os PALOP irão beneficiar de um novo Fundo para a Cooperação e Desenvolvimento, criado pela China, com um capital inicial de 200 milhões de USD, dos quais 50 milhões são atribuídos pelo governo regional de Macau, geridos pelo China Devellopment Bank Capital Corporation LTD em parceria com o Fundo para o Desenvolvimento Industrial e Comercial de Macau. Em 2011 as relações comerciais entre a China e os PALOP, totalizaram 117 mil milhões de USD.

O Banco Mundial e a África subsariana

O Banco Mundial projecta investir 3,5 mil milhões de USD em países da Africa subsariana, em infraestructuras, durante 2012. Em 2011, os programas do BM para investimentos em infrestructuras foram de 2 mil milhões de USD e para 2013 estão programados 4 mil milhões de USD. Três projectos no sector de energia elétrica (Quénia, Tanzânia e Nigéria) e uma linha rápida de transportes ferroviários entre o Quénia e o Uganda, irão receber um financiamento de 60 milhões de USD, enquanto 100 milhões de USD serão depositados no Kenya’s Equity Bank para criação de um fundo de apoio a pequenas e médias empresas industriais e na produção de novas tecnologias.

Agronegócios em África

A Zeder Investiments lançou em 2010 um fundo de 46,7 milhões de USD, para aquisição e expansão de negócios no sector agrícola, o Chayton Africa, um fundo de investimento a longo prazo. A primeira aplicação deste fundo foi na Zâmbia, em 2010. Actualmente produz 10% do total da soja zambiana e 5% do total da produção de trigo.

O Fundo para a Agricultura Africana, um fundo estabelecido para estimular o crescimento do comércio rural, vocacionado para pequenas e medias empresas do sector, expandiu o seu capital de 30 milhões de USD para 100 milhões de USD.

O Standard Chartered Bank, através da sua divisão Africa Private Equity, suportou com 74 milhões de USD a ETG, uma empresa tanzaniana do sector do agronegócio em projectos na Tanzânia e colocou na empresa mais 500 milhões de libras para investimentos da empresa na Tanzânia, Quénia, Zâmbia e Botswana.

Quénia

Começa este mês a construção do projecto de energia eólica do lago Turkana (LTWP), estimado em 582 milhões de libras, com financiamentos coordenados pelo Banco Mundial sob supervisão do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD). O LWTP venderá a electricidade produzida á Kenya Power. Este projecto criou 2500 postos de trabalho provisórios, por 32 meses e 200 postos de trabalho permanentes.

Nigéria e África do Sul

A Nigéria e a África do Sul vão beneficiar de 280 milhões de USD durante 5 anos, por parte da African Venture Capital Association (AVCA) para aplicação nos negócios ambientais e segurança ambiental nos sectores petrolífero, gás, telecomunicações e imobiliário.

Gabão

O Gabão vai investir 183 milhões de USD no desenvolvimento da plantação de borracha e na abertura de uma fábrica, em parceria com a Olam, uma multinacional de Singapura. A parceria, na qual o governo gabonês participa com 20% do capital, tem por objectivo o desenvolvimento de 28 mil hectares de plantação e a construção de uma unidade fabril para o processamento da borracha. A construção da fábrica será inicias em 2013 e finalizará em 2019, sendo a sua abertura para 2020. A plantação prevê produzir 62 mil toneladas por ano e fábrica processará 225 toneladas por dia. Serão criados 6 mil postos de trabalho directos e 5 mil indirectos. A Olam será responsável pela formação profissional da mão-de-obra. O projecto prevê ainda a construção de 3366 casas, várias escolas básicas, médias e centros de formação profissional e institutos politécnicos além de centros de saúde. Os acordos foram estabelecidos no âmbito dos standards internacionais da Corporate Social Responsibility.

Zimbabwe

A Mwana Africa vai restabelecer o seu projecto de extracção de níquel no Zimbabwe, num investimento de 35 milhões de USD em parceria com a China International Mining Group Corporation (CIMGC) que irá adicionar mais 21,2 milhões de USD. A Mwana Africa é maioritária na zimbabuana Bindura Nickel Corporation (BNC) e vai reactivar a produção de níquel na mina de Trojan. Numa primeira fase a mina produzirá 7 mil toneladas por ano de níquel concentrado. No entanto a capacidade da mina é de 1,1 milhões de toneladas ano.

Por outro lado a Impala Platinium e o governo zimbabuano concordaram em rever a partilha da Zimplats, subsidiária da Impala Platinium, atribuindo 10% dos lucros da Zimplats para projectos comunitários, 10% para os empregados e 31% para o National Indigenisation and Economic Empowerment Fund. Este acordo foi forçado pela Impala Platinium, que num longo braço de ferro com o governo zimbabuano, reclamava pela falta de transparência dos dinheiros geridos pela Zimplats e pela forma como o governo do Zimbabwe retirava todos os lucros da subsidiária.

Republica Democrática do Congo

A Mwana Africa e a CIMGC vão retomar os projectos de Zani Kodo (ouro) e de Semkhat (cobre e cobalto) na RDC. O projecto de extracção de ouro de Zani Kodo irá receber 12 milhões de USD para exploração e estudos de viabilidade e o projecto de cobre e cobalto de Semkhat irá receber 6 milhões de USD para actividades de exploração, prospecção e início da produção de 10 mil toneladas por ano de cobre em Kibolwe. Serão também investidos 12 milhões de USD em equipamento, manutenção, formação e criação de infraestruturas, nos dois projectos.

Etiópia

Um projecto de desenvolvimento da produção de açúcar está em curso no Nordeste da Etiópia, inserido no Plano Quinquenal de Crescimento e Transformação, que prevê a criação de 10 fábricas de açúcar. A área do projecto cobre 40 mil hectares, dos quais 10 mil hectares são usados para a construção de uma fábrica e zona residencial para os empregados do projecto. O projecto criará 10 mil empregos e prevê a construção de diques e linhas de irrigação. Os residentes poderão beneficiar das actividades pesqueiras e os residuais da produção, que não forem reutilizáveis no açúcar serão utilizados na alimentação animal.

Fontes
African Business, nr. 386, May 2012

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