terça-feira, 31 de julho de 2012

GUINÉ-BISSAU – COMPACTO DE NOTÍCIAS




Setor da saúde volta a paralisar durante quatro dias

30 de Julho de 2012, 13:56

Bissau, 30 jul (Lusa) - Os enfermeiros e os técnicos de saúde da Guiné-Bissau iniciaram hoje mais uma greve geral de quatro dias para reclamar salários em atraso e melhorias de condições laborais.

O porta-voz da comissão da greve, Gaspar Baticã, disse à Lusa que os responsáveis dos sindicatos (Sindicato de Técnicos de Saúde e Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Técnicos e Afins) foram convocados para uma reunião no Ministério da Saúde.

"Fomos convocados para mais uma ronda negocial, mas esperamos que desta vez o ministério venha com propostas concretas, caso contrário vamos estar em greve até dia 02 de agosto", disse o sindicalista.

Gaspar Baticã afirmou que a adesão à paralisação hoje iniciada "é na ordem de 95 por cento", enfatizando que todos os hospitais e centros de saúde observam a greve, embora prestem serviços mínimos.

Os médicos, embora solidários com a greve dos enfermeiros e técnicos, não aderiram ao movimento.

A greve, a segunda em pouco tempo, visa o pagamento de seis meses de subsídios aos enfermeiros e técnicos, o pagamento de 18 meses de salários aos enfermeiros recém-formados e ainda a alteração de letras aos quadros da saúde.

De acordo com Gaspar Baticã os funcionários da saúde pública não beneficiam de promoção na carreira praticamente há mais de 20 anos.

O porta-voz da comissão negocial adiantou também que se não houver "uma resposta satisfatória" por parte do Governo os dois sindicatos já anunciaram, em pré-aviso, uma nova paralisação laboral de quatro dias.

A Lusa esteve hoje no hospital nacional Simão Mendes (principal unidade de saúde da Guiné-Bissau) onde pode constatar um fraco movimento de pessoas, uma situação pouco usual para uma segunda-feira.

"O hospital está completamente parado. Pensamos que o Governo devia dar mais atenção à nossa greve porque estamos a falar de paralisação de profissionais que lidam com a vida humana", observou Gaspar Baticã, ele mesmo enfermeiro do Simão Mendes.

MB.

Reposição da legalidade na Guiné-Bissau é "obrigação da família socialista" -- Seguro

30 de Julho de 2012, 15:17

Cidade da Praia, 30 jul (Lusa) - O secretário-geral do PS português, António José Seguro, defendeu hoje na Cidade da Praia que a reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma "obrigação da família socialista".

Falando aos jornalistas no final da cerimónia de abertura da reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), que decorre durante dois dias na capital cabo-verdiana, Seguro afirmou estar convicto de que do encontro sairá uma posição firme de apoio às autoridades guineenses eleitas democraticamente.

"A minha posição é muito clara e muito firme: sou um defensor da democracia. O povo guineense deu o seu voto a um presidente e a um primeiro-ministro. É inaceitável que os dirigentes que foram eleitos democraticamente vivam fora do país e não tenham a possibilidade de desempenhar os cargos para que foram eleitos", disse.

"A reposição do Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau é uma responsabilidade universal e uma obrigação da família socialista", acrescentou, negando que tal afirmação constitua uma "crítica implícita" ao presidente do Comité África da IS, o senegalês Ousmane Tanor Dieng.

O líder socialista senegalês, ao intervir na sessão de abertura, aludiu às crises militares no Mali, Nigéria e Níger, mas não fez qualquer referência ao conflito na Guiné-Bissau, gerido por um Governo de Transição após o golpe de Estado de 12 de abril.

O golpe de Estado na Guiné-Bissau levou à destituição do executivo de Carlos Gomes Júnior, também presente na reunião da Cidade da Praia.

"Houve três intervenções e duas delas referiram-se explicitamente à necessidade de se resolver o conflito na Guiné-Bissau", sublinhou Seguro, aludindo às intervenções do presidente da IS, o chileno Luis Ayala, e do líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Maria Neves.

Seguro disse "não compreender" que um Governo saído de eleições seja acusado de obstaculizar o país, aludindo não só a Carlos Gomes Júnior, também presidente do Partido Africano da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mas também a Raimundo Pereira, chefe de Estado interino após a morte de Malam Bacai Sanhá.

"Não consigo compreender que quem ganhou as eleições, que foi legitimamente eleito, seja acusado de obstaculizar a estabilidade. Tem de haver respeito pela democracia. Os guineenses escolheram os seus representantes e eles devem regressar para ocupar o lugar para que foram eleitos democraticamente", frisou.

Sobre a participação na reunião do Comité África da IS, que antecede a XXIV cimeira da organização a realizar na Cidade do Cabo em fins de agosto, Seguro indicou que, além da mensagem sobre a Guiné-Bissau, chamará a atenção para os problemas que existem em África decorrentes da crise financeira internacional.

"O PS tem uma grande sensibilidade para as questões africanas, para os problemas que se colocam com a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD) e tem a convicção de que a crise é global, afetando mais uns continentes que outros, e que é necessário haver uma resposta também global", explicou.

"Daí que a expressão solidariedade faz todo o sentido e obriga a respostas concretas em diferentes estados de desenvolvimento, sobretudo em África. A luta pela paz, direitos humanos, desenvolvimento, democracia social e por uma resposta à crise financeira e global exige uma resposta de todos", acrescentou.

O líder socialista declinou responder a questões não relacionadas com a IS, remetendo para terça-feira as ligadas à assinatura de memorandos de entendimento com PAICV e PAIGC e à visita a Cabo Verde.

JSD.

CEDEAO tem de ser mais inclusiva e dialogar com parceiros - PM deposto

30 de Julho de 2012, 15:58

Cidade da Praia, 30 jul (Lusa) - O primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, afirmou hoje que a CEDEAO tem de ser "mais inclusiva" e dialogar com os parceiros guineenses e criticou a "teimosia" da organização em querer pilotar o processo sozinha.

Falando aos jornalistas no final da abertura da reunião do Comité África da Internacional Socialista (IS), que decorre durante dois dias na Cidade da Praia, Gomes Júnior reiterou a necessidade de se realizar, tal como definiu na sexta-feira o Conselho de Segurança da ONU, um encontro de alto nível com todos os parceiros guineenses.

"As divergências são sempre normais. A CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) está a pilotar o processo na Guiné-Bissau após o golpe de Estado de 12 de abril. Mas tem de ser mais inclusiva e promover o diálogo com os outros parceiros da Guiné-Bissau, como a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), UA (União Africana) e ONU", defendeu.

Presente na reunião do Comité África da IS na qualidade de presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Gomes Júnior, afastado do poder num golpe de Estado militar a 12 de abril, reiterou que continua a ser o chefe do executivo guineense e mostrou-se convicto de que voltará a ocupar o lugar.

"Retomar o cargo não. Sou o primeiro-ministro legalmente eleito na Guiné-Bissau. Sou o primeiro-ministro «de facto». O atual é ilegal e o presidente interino é ilegal porque a Guiné-Bissau é um Estado de Direito e tem uma Constituição", sustentou.

Recorrendo ao passado, Carlos Gomes Júnior renovou também as críticas à CEDEAO e à forma como a organização sub-regional geriu todo o processo durante e depois do golpe de Estado.

"Não podemos permitir que um simples vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Nigéria vá à Guiné-Bissau indigitar um presidente de transição. Isso é uma falta de respeito para com a Guiné-Bissau e para África", frisou.

"Agradecemos as posições firmes de Cabo Verde, de Portugal, da CPLP e da UA por todo o apoio que têm estado a dar para a reposição da ordem constitucional. A ONU já aprovou uma resolução que determina a reposição imediata da ordem constitucional. Porquê essa teimosia da CEDEAO em querer pilotar sozinha o problema na Guiné-Bissau", questionou.

Questionado sobre se há interesses por detrás da CEDEAO, Gomes Júnior não os apontou, limitando-se a afirmar que a "teimosia" vem de "alguns países" da organização, aludindo à Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.

Sobre se achou "estranho", o presidente do Comité África da IS, na intervenção na sessão de abertura da reunião, ter falado de conflitos políticos e militares no Mali, Nigéria e Níger e não ter feito qualquer referência à situação na Guiné-Bissau, Gomes Júnior salientou ser esse "um problema" do líder socialista senegalês, Ousmane Tanor Dieng.

"É um problema dele. Ou é um lapso. Mas sentimo-nos encorajados pela posição já assumida pelo presidente do PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde - José Maria Neves) e de Luis Ayala (presidente da IS. Isso demonstra que a família da IS está unida em torno da Guiné-Bissau e Tanor Dieng terá de acompanhar o que a família disser", respondeu.

Sobre as acusações feitas pelo Governo de Transição guineense de ser mandante do alegado assassínio de Roberto Cacheu, antigo ministro e deputado do PAIGC, Gomes Júnior disse nada ter a ver com o assunto e que os acusadores apresentem provas.

"A Guiné-Bissau é um Estado de Direito, temos instâncias próprias, que são o Ministério Público e o Ministério da Justiça, para inquirir. O Governo de Transição não me diz nada, é uma meia dúzia de oportunistas que assaltaram o poder e eu, como primeiro-ministro legítimo e como presidente do PAIGC aguardo com serenidade. Que apresentem provas", concluiu.

JSD.

Presidente do Comité África omite Guiné-Bissau no seu discurso

30 de Julho de 2012, 18:24

Cidade da Praia, 30 jul (Lusa) - O presidente do Comité África da Internacional Socialista (IS) omitiu hoje a crise político-militar na Guiné-Bissau no discurso em que apontou os do continente, sobretudo na África Ocidental.

Na sua intervenção, Ousmane Tanor Dieng, também líder do Partido Socialista (PS) senegalês, aludiu à necessidade de haver estabilidade no continente africano e, em particular, na África Ocidental, onde referenciou os conflitos militares no norte do Mali, o assassínio de cristãos no norte da Nigéria e as divergências políticas no Níger.

O primeiro-ministro guineense deposto no golpe de Estado de 12 de abril, Carlos Gomes Júnior, presente na reunião de dois dias, que decorre na Cidade da Praia, na qualidade de presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), disse aos jornalistas que a omissão de Tanor Dieng pode ter sido "um lapso", embora tenha também admitido tratar-se de "um problema" que o líder socialista senegalês "terá de resolver".

Por seu lado, António José Seguro, secretário-geral do PS português, questionado pelos jornalistas, referiu-se indiretamente à questão, sublinhando que defende a reposição da legalidade constitucional na Guiné-Bissau, com o regresso ao poder de Gomes Júnior e do Presidente interino deposto, Raimundo Pereira.

Questionados pela Lusa sobre o discurso de Ousmane Tanor Dieng, vários dirigentes do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) não quiseram comentá-la, alegando o atraso nos trabalhos, que, após a sessão de abertura, passaram da Sala de Sessões da Assembleia Nacional para uma sala de conferências de uma unidade hoteleira praiense.

Carlos Gomes Júnior e Raimundo Pereira foram depostos no golpe de Estado, a 12 de abril na Guiné-Bissau, por um auto-intitulado Comando Militar, que nomeou posteriormente as novas autoridades do país.

O novo poder na Guiné-Bissau é apenas reconhecido pela Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), da qual o Senegal faz parte, que destacou forças militares para o país.

Nas suas intervenções durante o encontro de hoje, José Maria Neves, líder do PAICV, anfitrião da reunião e ainda primeiro-ministro cabo-verdiano, e o presidente da IS, o chileno Luis Ayala, desejaram mais diálogo e concertação internacionais na busca de soluções além das que já foram tomadas pela CEDEAO.

"Os nossos partidos têm de investir fortemente na construção de verdadeiros estados democráticos, assentes na prática efetiva de valores e princípios e em instituições funcionais, fortes e credíveis, longe de lógicas ou condicionamentos pessoais ou de grupos e com Forças Armadas republicanas", sintetizou Neves.

O líder do PAICV defendeu também a concertação em África no combate à criminalidade transnacional, aos tráficos ilícitos, terrorismo e pirataria e na promoção da paz e estabilidade em África, para promover a integração sub-regional e regional e criar condições para uma maior investimento e crescimento económicos.

JSD.

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