sexta-feira, 31 de agosto de 2012

OS RICOS DE ANGOLA

 

José Eduardo Águalusa

Espero sinceramente que esta crónica pareça completamente ridícula daqui a meia dúzia de anos. Trata-se de uma crónica que tem por tema a inauguração com a presença do Presidente da República! Num país minimamente desenvolvido, com um saudável sistema de economia de mercado, a inauguração de um novo centro comercial representa, quando muito, uma notícia relevante para o bairro onde o mesmo se situa.

O facto de um tal acontecimento nos entusiasmar tanto (a mim entusiasma) diz bem do lamentável atraso em que nos encontramos - é o espanto do camponês ao ver pela primeira vez uma televisão (ou, ao invés, do menino da cidade diante de uma galinha). Daqui a meia dúzia de anos espero, pois, que a notícia da inauguração de um centro comercial já não alvoroce ninguém. Olhando para trás haveremos todos de sorrir, com certa auto-ironia, ao lembrarmo-nos do tempo em que não havia em nenhuma cidade angolana um bom cinema, com filmes actuais, ou sequer uma boa livraria. Nessa altura o Presidente da República, quem quer que seja, há-de estar a inaugurar grandes bibliotecas públicas, bons hospitais, auto-estradas, escolas em bairros carentes, e então nós teremos orgulho nesse Presidente da República. Os nossos ricos - por falar em centros comerciais - são igualmente reveladores do terrível atraso em que três décadas de guerra, corrupção e incompetência deixaram o país.

Não temos ainda ricos como os ricos dos países ricos. Os ricos dos países ricos são charmosos e elegantes. Praticam musculação em casa, uma hora por dia, com a ajuda de um personal trainer, e ainda lhes sobra tempo para o yoga, a escalada, a esgrima, ou a equitação.

Os nossos ricos, esses, luzem de gordura. Acham que assistir ao futebol, sentados num sofá, é a forma mais confortável de fazer desporto. Os ricos dos países ricos morrem de velhice perto dos cem anos. Os nossos sofrem crises de malária e morrem vítimas de doenças ligadas a maus hábitos alimentares, como os pobres dos países ricos, antes dos setenta. Os verdadeiros ricos têm no escritório uma tela de Miró ou de Picasso. Os nossos têm uma fotografia do Presidente da República a inaugurar centroscomerciais. Os verdadeiros ricos coleccionam a grande arte do nosso tempo - Paula Rego, David Hockney, Portinari, Basquiat, etc..

Os nossos ricos coleccionam "arte africana", o que quer que isso seja, comprada muitas vezes nos mercados populares. Os verdadeiros ricos assistem em Londres ou em Nova Iorque a concertos dirigidos por grandes maestros. Os nossos assistem em Luanda a desfiles de misses. Os ricos legítimos almoçam num dia com Mário Vargas Llosa, em Paris, e no outro com Barack Obama, em Washington.

Os nossos almoçam com o Pierre Falcone em algum recanto escondido. Os verdadeiros ricos lêem o Times Literary Suplement e a New Yorker. Os nossos lêem a "Caras", na versão nacional, e sorriem felizes de cada vez que encontram o próprio rosto (encontram sempre, é inevitável) iluminado por uma aura de gordura. Resumindo: os nossos ricos são uma fraude. São tão duvidosos, enquanto ricos, tão refutáveis e mal-amanhados, quanto eram enquanto comunistas. Precisamos, urgentemente, de novos novos ricos. Ou então resignamo-nos a que estes envelheçam Porém, como disse antes, receio que a maior parte morra antes de envelhecer decentemente.
 
*Origem de publicação não referida, recebido via email
 

Angola: EDUARDO DOS SANTOS "NOVO" PRESIDENTE, MPLA VENCEU AS ELEIÇÕES! - I

 


Líder da UNITA apela à votação apesar de processo "completamente viciado"
 
30 de Agosto de 2012, 22:36
 
Luanda, 30 ago (Lusa) - O líder da UNITA, Isaías Samakuva, apelou hoje em Luanda, numa curta declaração à imprensa, à votação de todos nas eleições gerais em Angola, apesar de considerar o processo eleitoral "completamente viciado".
 
No texto que leu na noite de hoje, o líder do partido do "Galo Negro" justificou o apelo ao voto com a promessa feita na véspera de se dirigir aos angolanos para os informar da decisão da UNITA acerca da sua participação no escrutínio.
 
"Apesar de o processo estar completamente viciado, hoje, numa reunião do Comité Permanente, decidimos que vamos todos ao voto. Com ordem, com serenidade e com tranquilidade. Vamos votar", afirmou. "Sempre defendemos a lei e é dentro deste quadro que faremos valer a nossa razão", acrescentou.
 
Composição do parlamento e futuro chefe de Estado decidem-se hoje nas urnas
 
31 de Agosto de 2012, 06:03
 
Luanda, 31 ago (Lusa) - Angola realiza hoje as terceiras eleições da sua história e as primeiras em que o Presidente da República é escolhido por via indireta, num dia que vai testar a credibilidade do processo eleitoral, após acusações de irregularidades dirigidas pela oposição.
 
A UNITA chegou a propor o adiamento das eleições gerais, numa carta dirigida a José Eduardo dos Santos, presidente do partido maioritário e da República, não se responsabilizando pelo que aconteceria se o diálogo fosse recusado, mas o MPLA disse na quinta-feira que não via motivos para mudar o dia da votação.
 
No mesmo dia, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) declarou estarem reunidas "todas as condições" para avançar com o processo e o comandante da Polícia Nacional avisou que 70 mil efetivos estão prontos para responder a pertubações da ordem pública e para "defender o Governo e muito especialmente o seu líder até às últimas consequências".
 
Apesar de considerar o processo "completamente viciado", o presidente da UNITA disse no final do dia de reflexão, e véspera das eleições, que o seu partido vai participar na votação e apelou à participação de todos.
 
Os 9.757.671 eleitores angolanos escolhem um novo parlamento, num escrutínio em que o MPLA, partido no poder desde a independencia, em 1975, parte favorito contra oito formações políticas, propondo-se como a única força credível para desenvolver Angola, com base na obra feita nos últimos anos.
 
Os principais partidos de oposição insistem nas acusações de perpetuação no poder de José Eduardo dos Santos, na distibuição de riqueza e na denúncia de uma rede clientelar do partido no poder, que dizem confundir-se com o aparelho de estado.
 
A principal novidade que vai surgir hoje nos boletins de voto é a Convergência Ampla de Salvação Nacional - Coligação Eleitoral (CASA-CE), de Abel Chivukuvuku, dissidente da UNITA e ex-delfim de Jonas Savimbi, apresentando-se como uma terceira via aos dois partidos históricos.
 
Dos 220 deputados eleitos diretamente, sairão por via indireta o Presidente e o Vice-Presidente da República, cargos que serão preenchidos com os dois primeiros nomes da lista vencedora pelo círculo nacional para um mandato de cinco anos.
 
A encabeçar a lista do MPLA está o Presidente José Eduardo dos Santos, que poderá obter hoje a legitimação nas urnas para um cargo que exerce há 32 anos, e Manuel Vicente, ex-administrador da Sonangol, estrela ascendente no partido, enquanto vários históricos foram relegados para segundo plano nas listas.
 
O dia será também um teste à CNE, cuja credibilidade foi posta em causa pela UNITA e outros partidos de oposição, devido à divulgação dos cadernos eleitorais, presença de delegados das listas nas mesas de voto, disponibilização de atas no fim da votação e transmissão de dados.
 
Na quinta-feira, um protesto de jovens ligados à CASA-CE foi reprimido e quinze pessoas ficaram detidas, quando tentavam manifestar-se junto à sede da CNE em Luanda contra a decisão de credenciar apenas metade dos delegados solicitados pelo partido.
 
Mais de dois mil observadores nacionais e internacionais foram acreditados para acompanhar a votação, mas várias organizações cívicas angolanas queixaram-se de ficar sem resposta aos seus pedidos de credenciamento.
 
A União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral são as principais organizações presentes, mas, ao contrário das legislativas de 2008, ganhas pelo MPLA com mais de 80 por cento dos votos, a União Europeia não terá observadores no terreno, alegando que Angola não deu atenção às suas recomendações feitas nesse ano.
 
HB
 
Assembleias de voto abertas para terceiro escrutínio desde a independência
 
31 de Agosto de 2012, 07:54
 
Luanda, 31 ago (Lusa) -- As assembleias de voto em Angola abriram hoje cerca das 07:00 para as terceiras eleições desde a independência, em 1975, em que o favorito é o partido de José Eduardo dos Santos, no poder há 33 anos.
 
Cerca de 9,7 milhões de eleitores são chamados a depositar o seu voto nas 10 mil assembleias abertas até às 18:00 para eleger os deputados.
 
Segundo a Constituição angolana, o líder do partido vencedor é eleito Presidente da República para os próximos cinco anos.
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
Leia quase tudo sobre Angola (símbolo na barra lateral)
 

25 ANOS DEPOIS! – I

 

Martinho Júnior
 
1 – Faz 25 anos que Angola viveu experiências impressivas para a sua trajectória de jovem país africano e para a vida em toda a África Austral; de entre essas experiências há duas sintomáticas da evolução que se seguiria ao longo da década final do século XX e primeira década do século XXI:
 
- As “South Africa Defence Forces” do regime do “apartheid”, tirando partido da panóplia de bases na Namíbia ocupada e da sua posição de força em toda a região desencadeava a “Operation Modular”, em socorro de seus “apêndices” em Mavinga, numa altura em que as FAPLA procuravam exercer a soberania angolana em todo o espaço nacional e muito em particular no imenso sudeste do país.
 
- O estado angolano iniciava as transformações a que se foi sujeitando a partir de 1985, levando a julgamento os oficiais da sua segurança que ousaram, no seguimento de orientações, dar combate ao tráfico ilícito de diamantes e à panóplia de interesses que agiam nesse âmbito e com essa cobertura, entre eles alguns interesses externos contra a orientação socialista de então.
 
2 – A tendência de muitos analistas, observadores e até historiadores é para estudar os fenómenos sem os correlacionar e sem correlacioná-los com a conjuntura global e sua evolução no espaço e no tempo; no entanto o que estava a acontecer em Angola e em toda a região, era já sintomático das transformações que ocorriam no mundo e em função disso chamo desde logo a atenção para o facto de que o que se passava a nível interno do estado angolano, tocando seus próprios instrumentos de poder, ser indissociável em relação aos acontecimentos que se desenrolavam na região ainda contaminada pelo regime do “apartheid” e seus “apêndices” (os “bantustões” e os “freedom fighters” afins), assim como era indissociável da evolução global, tendo em conta muito em particular os fenómenos que ocorriam nos países socialistas do leste da Europa e na própria URSS.
 
A “globalização” em função da hegemonia do império, explorando a lógica capitalista e o neo liberalismo, estava já em curso, depois dos ensaios na América Latina da “Escola de Chicago” tendo Milton Friedman como ideólogo e figura de destaque.
 
Karl Popper e a “Oppen Society” do “especulador-filantropo” George Soros viriam em tempo oportuno em seu socorro quando se acelerou o processo de implosão nos países socialistas, tudo sob a supervisão dos serviços de inteligência ao dispor da hegemonia e das multinacionais afectas ao domínio, tirando partido da multiplicidade de culturas indexadas à dominante cultura anglo-saxónica.
 
Se em Angola se iniciavam as transformações que iriam pôr de lado as pretensões socialistas, o regime do “apartheid” por seu turno entrava no seu período final e mais crítico, daí a intensidade dos combates que ocorreriam em Mavinga e Cuito Cuanavale, precisamente numa enorme área reclamada para prospecção por parte da De Beers!
 
Se os países do socialismo real estavam a ser intestinamente tocados, também o movimento de libertação em África se iria ressentir, pelo que as transformações se coadunavam com a lógica capitalista prevalecente: para ela sair em vantagem, a hegemonia podia tirar partido da luta entre contrários levados ao antagonismo e à guerra e, entre uma tese como a do movimento de libertação e uma antítese como a do “apartheid”, a síntese da “democracia representativa”, com as sociedades abertas aos interesses neo liberais, tornava-se de realização possível – seria por essa via que se conduziria a “globalização” ao sabor da aristocracia financeira mundial, das oligarquias e das elites formatadas, conforme às lições resultantes das experiências realizadas na América Latina, como conforme às lições que as culturas elitistas detinham em África, tendo como ponto de partida as experiências “incontornáveis” de Cecil John Rhodes… “do cabo ao Cairo”!...
 
3 – Desde então passou a ser indispensável a formação das novas elites africanas, aferidas ao padrão das “democracias representativas” e aptas para o continuado exercício de poder, se possível prevendo as suas alternâncias, pelo que o processo angolano, como de todos os componentes da SADC, deu passos imediatos nessa direcção a partir de 1985.
 
As doutrinas socialistas no quadro do movimento de libertação serviam ainda para fazer frente à besta do “apartheid”, mas mesmo sendo elas doutrinas que visavam a construção da paz, seguindo uma trilha de equilíbrio, de harmonia e de luta contra o subdesenvolvimento, ficaram à mercê da lógica capitalista que passou a iluminar os mentores do poder de estado vocacionado para o “mercado” das sociedades de consumo, até por que a reconstrução e a reconciliação nacionais iriam estabelecer o plasma para as integrações ao mesmo tempo que poderiam absorver os interesses provenientes do exterior.
 
Como sustentáculo da sua projecção em Angola, a “globalização” iria tirar partido do petróleo e da indústria mineira, sobretudo dos diamantes, binómio esse que seria alvo das disputas que levariam à “guerra dos diamantes de sangue”, que só teve fim com a morte de Savimbi em 2002.
 
Savimbi aproveitou o episódio das transformações dos instrumentos do poder de estado, sintomático na prisão dos oficiais que haviam levado a julgamento os traficantes do 105/83, para ocupar um espaço que só lhe foi possível graças ao “laxismo” e falta de prevenção do poder angolano, ele próprio também “aberto” em relação às possibilidades de “privatização” em relação à exploração e comércio dos diamantes: os recursos já não eram para benefício do povo por via do estado e desse modo, ocupar o espaço dos diamantes aluviais tornou-se-lhe apetecível ao ponto dos diamantes poderem financiar a tentativa de tomada do poder pela guerra!
 
Os dois contendores utilizaram os recursos (o petróleo dum lado, os diamantes do outro), como “barricadas”, até por que as explorações de uns e de outros eram em território distinto: o petróleo era junto ao litoral e os diamantes bem no “interior profundo”!...
 
O cartel dos diamantes tentou por via de Savimbi, encontrar soluções para chegar ao poder em Angola numa posição privilegiada e, não o conseguindo por via da guerra, haveria de o alcançar em condições satisfatórias por via da inteligência, no momento em que a “síntese” se tornou possível.
 
O “modelo” da “globalização” em Angola e em toda a África Austral, em função dos interesses e conveniências da aristocracia financeira mundial e da sua hegemonia, em função do império, iria apropriar-se da necessidade da paz que fazia parte da essência do socialismo e aproveitar esse fundamento para, depois do vazio criado pelo desalojar das correntes que se prontificavam a realizá-la, fazer coincidir isso com o final das grandes conflagrações militares: o socialismo serviria para ir até ao fim das guerras, mas já não serviria para protagonizar a paz enquanto doutrina dominante, ou mesmo de doutrina com reflexos no poder!
 
Gravura: Capa do livro “War in Angola – The final South African phase” de Helmoed-Romer Heitman: da instalação dos “Liaision Teams” em 1986, até à assinatura do “”Acordo de Nova York” a 22 de Dezembro de 1988.
 

Timor-Leste: DOCUMENTÁRIO SOBRE O LUSITÂNIA EXPRESSO

 

 
Está em produção um documentário sobre os 20 anos do Lusitânia Expresso, da responsabilidade do realizador português Francisco Manso que conta com o apoio da RTP e tem emissão prevista para Novembro. A equipa irá estar em Timor de 8 a 15 de Setembro.
 
Na sequência do massacre no cemitério de Santa Cruz, ocorrido a 12 de Maio de 1991, a redacção da revista portuguesa Fórum Estudante lançou a iniciativa "Missão Paz em Timor" que levou estudantes de várias nacionalidades numa viagem de ferry-boat até ao mar de Timor. O navio chamava-se "Lusitânia Expresso" e partiu de Lisboa com o objectivo de colocar uma coroa de flores no local do massacre, um acto simbólico para sensibilizar a opinião pública internacional para a causa de Timor.
 
Esta missão contou com o apoio de várias figuras públicas, entre elas, o ex-Presidente da República Portuguesa, General Ramalho Eanes, e de 120 estudantes, de 23 países.
 
A 9 de Março de 1992, após três meses de viagem, o navio Lusitânia Expresso saiu de Darwin e foi sobrevoado por aviões militares indonésios, sendo interceptado por quatro navios de guerra indonésios , no dia 11 de Março, à entrada nas águas de Timor. Após o lançamento da coroa de flores ao mar, em memória dos que perderam a vida no massacre no cemitério de Santa Cruz, o Lusitânia Expresso foi obrigado a regressar a Portugal.
 
Apesar de não ter atingido o seu objectivo de chegar a Dili, a viagem do Lusitânia conseguiu mobilizar a atenção dos media internacionais, contribuindo de alguma forma para a retirada da Indonésia e para independência de Timor Leste.
 

Timor-Leste: 13º ANIVERSÁRIO DO REFERENDO DA INDEPENDÊNCIA

 

Timor Digital
 
«Cooperação entre o Estado e os cidadãos é a chave» - PR
 
Díli – O Presidente da República Taur Matan Ruak disse que os timorenses continuam a exigir que o Governo melhore a vida dos cidadãos para a prosperidade.
 
Taur Matan Ruak acredita que a cooperação entre o Estado e os cidadãos é a chave para combater a pobreza no país.

«Peço ao Governo e a todas as pessoas que trabalhem em conjunto com um pano claro e espírito para reduzir a pobreza», referiu o Chefe de Estado, esta quinta-feira, 30 de Agosto, no seu discurso do 13º aniversário do referendo que tornou o país independente.

«A prosperidade pode acontecer se todos nós trabalharmos juntos», disse o Presidente.

O actual governo baseia-se no Plano Estratégico Nacional feito por Xanana Gusmão, que prevê que, em 30 anos, Timor-Leste será um país desenvolvido.

O Presidente do Parlamento Nacional, Vicente Guterres, disse que está na hora do desenvolvimento nacional e pediu aos jovens que se apliquem para darem o seu contributo.

Os recursos humanos são muito importantes para incrementar o desenvolvimento do país, disse Vicente Guterres.

A FRETILIN opõe-se ao plano de Xanana Gusmão, pois acredita que vai custar muito dinheiro. Segundo o plano estratégico, será preciso uma grande quantia e o plano concentra-se mais nas infra-estruturas, e não nos sectores de educação e saúde.

Em cinco anos do anterior Governo, liderado pelo actual Primeiro-ministro o Executivo gastou mais de 5 milhões de dólares, que deram pouco resultado ao povo. A maioria das pessoas ainda está na pobreza.

Estradas, pontes, abastecimento de água, saneamento, escolas em mau estado e instalações limitadas e preços altos nos mercados e pouco lucro, são os principais problemas enfrentados pelo povo, especialmente aqueles que estão nas áreas rurais. O desemprego, a corrupção e o favoritismo e também são outros grandes problemas.

Alguns membros do Governo anterior foram expostos à Comissão de Investigação Anti-Corrupção.

Apenas o caso de corrupção da ex-ministra da Justiça, Lúcia Lobato, foi decidido pelo tribunal, que decretou cinco anos de prisão. No entanto, o Tribunal de Recurso ainda não tomou a sua decisão sobre o caso.

O Vice-primeiro-ministro, Fernando Lasama de Araújo, disse que o Governo tem um forte compromisso em trazer o desenvolvimento para perto das pessoas e pediu ao Executivo para trabalhar mais para melhorar a vida das pessoas vida.
 
(c) PNN Portuguese News Network
 

Timor-Leste: Miguel Relvas assina acordos de cooperação no sector dos media

 

Timor Digital - foto em Sapo TL
 
Programa de Comunicação Social 2012-2013
 
Díli - O Ministro de Estado e da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, e o ministro-adjunto e dos assuntos Parlamentares de Portugal, Miguel Relvas, assinaram um Acordo de Cooperação para o sector de comunicação social, bem como quatro protocolos adicionais.
 
O principal objectivo deste acordo é a cooperação bilateral no sector dos media e contribuir para o fortalecimento da independência da comunicação social, no exercício responsável da liberdade de informação, de modo a cumprir um dos objectivos do V Programa Constitucional do Governo, que prevê que «o direito à informação, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são vitais para a consolidação da democracia em Timor-Leste».

O fluxo de informação aumenta a compreensão pública sobre os projectos e actividades do Governo, ajudando a criar unidade e coesão nacional.

Este acordo segue o Programa de Comunicação Social 2012-2013, financiado pela União Europeia sob um acordo de parceria em Portugal, e o Memorando correspondente de Entendimento, assinado entre o Instituto Português para o Suporte ao Desenvolvimento (IPAD), os Meios de Comunicação Social (GMCS) e a secretaria de Estado do Conselho de Ministros (SECM), em 6 de Junho de 2012.

Com a necessidade de incorporar os diversos programas, projectos e actividades de cooperação bilateral neste campo, Timor-Leste e Portugal decidiram criar este documento, cobrindo as seguintes áreas: regulação e auto-regulação do sector, elaboração de legislação em conformidade com as melhores práticas internacionais, educação, formação e investigação relevante, criação e desenvolvimento de agências de notícias e estações públicas ou comunitárias de rádio e televisão, incluindo assistência técnica para suas operações diversas.

Os quatro protocolos concentram-se igualmente no sector de media. Um dos quais, que envolve a Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) e da Universidade Católica de Portugal (UCP), além de ambos os Governos, prevê um intercâmbio académico e a criação de uma biblioteca especializada para media, na UNTL.

No que diz respeito ao intercâmbio académico, o protocolo define que os graduados da UNTL, do Bacharelato em Ciências Sociais e Comunicação, vão participar durante um semestre no curso correspondente da UCP.

Os seis primeiros formandos do curso de media da UNTL, já abrangidos por este protocolo, participaram numa visita às instalações da Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL), conduzida pelo ministro Miguel Relvas.

O escritório do Ministério de Presidencial do Conselho de Ministros disse que outro protocolo, que envolve os dois Governos e o Centro de Formação Profissional para Jornalistas, centra-se na formação especializada de trabalhadores das instituições de media em Timor-Leste.

O terceiro protocolo foi celebrado entre os dois Governos e a Lusa - Agência de Notícias de Portugal, e prevê a criação de uma dependência em Timor-Leste, que é um dos objectivos do V Programa Constitucional do Governo, aprovado em reunião extraordinária do Conselho de Ministros a 25 e 26 de Agosto.

O quarto e último protocolo que, para além dos dois Governos também envolve a RTTL e a Rádio e Televisão de Portugal (RTP), diz respeito à exploração e protecção dos arquivos da RTTL, que estão em risco de deterioração.

Digitalizar e proteger este arquivo é fundamental para a preservação da memória colectiva nacional e do histórico de parceria que existe entre a RTTL e a RTP.

Agio Pereira enfatizou que «a comunicação é considerada um dos pilares da democracia moderna e um factor importante para a área social, a estabilidade e o desenvolvimento sustentável para os países.

É fundamental que Timor-Leste desenvolva este sector.

«A assinatura deste acordo é um passo importante rumo a um futuro estável e próspero, não só com pessoas esclarecidas e desenvolvidas, mas também felizes», concluiu.

(c) PNN Portuguese News Network
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

EURO: SEM LIÇÕES DO PASSADO, NÃO HÁ FUTURO QUE AGUENTE

 


Uma das lições do final do século XX foi a crise das dívidas dos países latino-americanos. O remédio então posto em prática foi apenas um balão de ensaio, perto do que está sendo feito agora com a crise européia. Até porque o alcance do desastre latino-americano foi menor, em comparação com o sismo mundial que a Europa em recessão está provocando.
 
Flávio Aguiar – Carta Maior, em Debate Aberto
 
As lições do passado são muitas e enormes. Mas a capacidade – voluntária ou involuntária – de esquecimento é maior ainda. Assim parece rolar a crise do euro: de esquecimento em esquecimento. Em nome do combate à inflação, devido à fantasmagoria cara ao senso comum de que foi o descontrole monetário da República de Weimar que levou à formação e crescimento dos nazistas, joga-se para debaixo do tapete a lembrança de que a ascensão meteórica de Hitler se deu em meio a embates ideológicos gigantescos, em que o establishment alemão preferiu estender a mão à direita para amputar a esquerda. E que foram as políticas de “austeridade” e cortes de direitos de Heinrich Brünning e Franz von Pappen que ajudaram a empurrar a classe média ameaçada, o que restava do proletariado reprimido e o exército de desempregados deprimidos para os braços da aventura nazista de “reerguimento” da Alemanha.

São lições do passado distante. Mas as há mais recentes. Igualmente votadas ao esquecimento.

Uma das grandes lições do final do século XX foi a crise das dívidas dos países latino-americanos, a começar pela do México, há exatos trinta anos.


O remédio então posto em prática foi apenas um balão de ensaio, perto do que está sendo feito agora com a crise européia. Até porque o alcance do desastre latino-americano de então foi menor, em comparação com o sismo mundial que a Europa em recessão está provocando.

Se o remédio foi um balão de ensaio do ora presente, conceitualmente ele foi o mesmo. Partiu, diante da falência dos estados, da necessidade de salvar o sistema financeiro e de impor condições duríssimas aos países endividados. O argumento foi o mesmo: “dar uma lição” aos endividados, “mostrar-lhes o caminho” da austeridade bem-aventurada, encolher os estados, os “gastos públicos”, etc.

Emprestou-se dinheiro aos estados para que estes pudessem pagar os bancos. O que entrava por uma porta saía pela outra. Tolheu-se a economia, em nome de tolher-se a inflação. Resultado: dez anos depois, a economia latino-americana encolhera em 8%. A dívida mexicana, como o país foi à falência e à inanição, quintuplicara ao invés de diminuir. Houve moratórias, como no caso brasileiro.

Em compensação, os bancos nadavam de braçada. Ao invés de apertar as condições de operação, estas foram cada vez mais liberadas de peias e controles, a começar pela política de Clinton, nos Estados Unidos. A praga financeira se espalhou pelo mundo, arrastou o sul da África e o sudeste da Ásia. As receitas ortodoxas do FMI, correndo atrás dos prejuízos, só os faziam aumentar, quebrando países e comprometendo possibilidades de recuperação.

O sistema bancário-financeiro que emergiu dessas crises tornou-se mais concentrado, mais poderoso, e seus agentes mais arrogantes do que eram. Executivos dessas áreas enriqueceram da noite para o dia, formando uma nova casta de privilegiados que passaram a se olhar nos próprios espelhos para admirar a “beleza” de sua “independência” em relação à política e políticos. A democracia, na verdade, passou a ser vista como um entrave à “qualidade técnica das decisões”.

Os efeitos das políticas preconizadas por esses novos madarins das economias, dos bancos centrais e das demais agências do setor foram potenciados. Se no passado as economias latino-americanas tinham levado dez anos para encolherem 8%, agora conseguiu-se o “milagre” de comprimir a grega a ser 20% menor do que era em apenas três anos, um feito digno de Golias perto dos meros Davis de trinta anos atrás.

Os escândalos se sucedem e se multiplicam, desde os da manipulação da Libor aos dos ganhos indecentes dos executivos que provocam e depois administram as crises – ganhos progressivos, como na Espanha, enquanto os governos diminuem salários e pensões dos trabalhadores a cacetadas e bombas de gás lacrimogênio nas ruas. Contra-exemplos, como os da América Latina de hoje, são olhados com suspeita, com o rabo dos olhos e uma torcida generalizada para que “não dêem certo”.

A mídia, em grande parte, se mostra impotente, por leniência ou falta de imaginação. Uma grande parte dos artigos defende, or exemplo, a queda nos salários, porque isso tornaria as economias dos países que assim procedem “mais competitivas” no mercado internacional. Idem, a compressão orçamentária que oprime a educação, a saúde, as aposentadorias e as pensões, porque isso torna as letras desses países “mais atraentes” para os investidores o que, por sua vez, baixaria automaticamente os juros e yields que devem ser pagos nas suas negociações.

Nada disso funciona, na realidade. A compressão salarial e a queda nos investimentos públicos só vem reduzindo o tamanho das economias e diminuindo as arrecadações de impostos – também porque os mais ricos fogem cada vez mais em direção a paraísos fiscais – não mais no distante e supeito Caribe,ou nos enigmáticos bancos suíços, mas nos próximos e respeitáveis Reino Unido e Luxemburgo, por exemplo.

Não importa. Essa música toda não vai mudar, enquanto o pensamento hegemônico sobre economia continuar sendo o que vê o mundo através de modelos habilmente construídos em laboratórios – as faculdades de economia e administração com suas pós-graduações. Nesses laboratórios, na verdade, se aprende que o ideal para a “autonomia das decisões técnicas” é fazer uma assepsia de tudo o que pode atrapalhá-la: o povo, a democracia e as lições da história.
 
* Flávio Aguiar é correspondente internacional da Carta Maior em Berlim
 

Comandante assume que, afinal, a Polícia Nacional não é de Angola mas sim do MPLA

 


Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
 
Se dúvidas existissem sobre a democracia que não existe em Angola, ou sobre o Estado de Direito que Angola não é, basta ver o que diz o comandante da suposta Polícia Nacional de Angola.
 
O comandante da Polícia Nacional de Angola criticou hoje o “pronunciamento leviano” do líder UNITA a pedir o adiamento das eleições gerais e disse que a sua força está pronta para responder a essa “ameaça” e garantir a votação.
 
Ou seja, aquilo a que se chama erradamente Polícia Nacional de Angola é, de facto, a Polícia Nacional do MPLA. Mas, como é óbvio, nada disso incomoda a CNE, muito menos os observadores eleitorais e ainda menos a comunidade internacional.
 
Em conferência de imprensa em Luanda, Ambrósio de Lemos afirmou que a Polícia Nacional “não vai permitir que haja perturbações em função dessa ameaça” às eleições gerais na sexta-feira, garantindo a defesa até às “últimas consequências” do Governo e do seu líder.
 
Dúvidas? O comandante da dita Polícia Nacional de Angola garante, sem papas na língua e perante a passividade da comunidade internacional, que vai defender até às “últimas consequências” o Governo e o seu líder, José Eduardo dos Santos, candidato do MPLA.
 
“Somos uma instituição do Governo e a polícia vai defender este Governo até às últimas consequências e muito especialmente o seu líder, porque é um Presidente que está aqui, e não podemos permitir que qualquer pessoa de forma leviana desafie e insulte a mais alta entidade deste país”, declarou o comandante nacional da Polícia.
 
Ora tomem! A Polícia Nacional de Angola não é uma instituição do país mas, isso sim, “uma instituição do Governo”.
 
Bem que a CPLP, tal como os países que a integram e ainda a União Europeia, na pessoa do sipaio Durão Barroso, poderiam limpar a cara à merda que tanto lhes agrada no regime angolano.
 
Isaías Samakuva, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), anunciou o desejo de um encontro com o presidente do partido no poder, José Eduardo dos Santos, para discutir o adiamento das eleições, em resultado de alegadas irregularidades, não se responsabilizado pelas consequências caso o diálogo seja recusado.
 
Para Ambrósio de Lemos, assumido funcionário do MPLA nas funções de comandante da Polícia, o pronunciamento do líder do maior partido de oposição foi “leviano” e levou-o a questionar o motivo pelo qual a UNITA aceitou anteriormente a data da realização das eleições e a participação na campanha eleitoral.
 
“Porque fizeram a campanha eleitoral? É uma pergunta que se pode fazer. A campanha eleitoral teve lugar em todo o país e esse senhor terminou-a com esse pronunciamento”, disse o comandante da Polícia Nacional (do MPLA), acrescentando que, “naturalmente, quem de direito irá dar resposta a isso”.
 
A Polícia Nacional, garantiu, “está pronta e prestará serviços específicos nesta quadra para dar resposta a todos os desafios que atentem contra a estabilidade e a materialização das eleições” e apela “a todas as formações políticas para que os seus militantes e simpatizantes observem as leis, normas e regulamentos estabelecidos”.
 
“Os pronunciamentos de incitamento à desordem devem ser banidos de qualquer um dos políticos envolvidos neste processo eleitoral”, disse Ambrósio de Lemos, insistindo que, em caso da perturbação da ordem, a sua força não irá esperar para dar “uma resposta para o imediato restabelecimento da segurança pública”.
 
O comandante nacional da Polícia do MPLA informou que o pronunciamento da UNITA não alterou o plano de segurança previsto para sexta-feira, que envolve um total de 70 mil efectivos em todo o país, e confia que “o povo está maduro, consciente, quer paz” e não vê necessidade de se entrar “numa violência ou numa contenda”.
 
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
 
Título anterior do autor, compilado em Página Global: VIVAM AS ELEIÇÕES, DIZ O POVO FAMINTO!
 

Angola: PARA A CNE ESTÁ TUDO BEM – IÔ, INVERSÃO DE MARCHA, 15 FORAM DETIDOS

 

"Estão reunidas todas as condições" para a votação -- CNE
 
30 de Agosto de 2012, 18:45
 
Luanda, 30 ago (Lusa) - O presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana, André Silva Neto, disse hoje em Luanda que "estão reunidas todas as condições" para a realização das eleições gerais na sexta-feira em Angola.
 
"A CNE declara ao povo angolano e à comunidade internacional que estão reunidas as condições materiais, logísticas, técnicas e humanas para a realização deste grandioso ato em toda a extensão do território nacional sem quaisquer constrangimentos", afirmou André Silva Neto, num pronunciamento à comunicação social, sem direito a perguntas.
 
O texto lido pelo presidente da CNE é omisso em relação às queixas dos partidos de oposição sobre as alegadas irregularidades do processo eleitoral, que levaram a UNITA, maior partido de oposição, a pedir o adiamento da votação.
 
UNITA desiste de adiamento do escrutínio e vai a votos
 
30 de Agosto de 2012, 20:40
 
Luanda, 30 ago (Lusa) - A UNITA, maior partido da oposição em Angola, desistiu do pedido de adiamento das eleições gerais e vai apresentar-se na sexta-feira à votação, disse à Lusa fonte partidária.
 
Esta decisão vai ser confirmada hoje à noite numa declaração do presidente da UNITA, Isaías Samakuva, apelando aos militantes do partido a participarem no escrutínio, informou a mesma fonte.
 
Na quinta-feira, Samakuva defendeu o adiamento das eleições e disse que ia enviar na manhã de hoje uma carta ao líder do MPLA e Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a solicitar um encontro, não se responsabilizando pelo que aconteceria caso não haja diálogo.
 
Quinze detidos em manifestação hoje em Luanda - Polícia
 
30 de Agosto de 2012, 21:49
 
Luanda, 30 ago (Lusa) - Quinze pessoas foram hoje detidas numa manifestação em Luanda de protesto contra atuação da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), informou um responsável da Polícia Nacional angolana.
 
O comandante da unidade da polícia da Ingombota, no centro de Luanda, disse à Televisão Pública de Angola (TPA) que as forças de segurança foram obrigadas a intervir devido a desacatos e perturbação da ordem pública por membros da Convergência Ampla de Salvação Nacional - Coligação Eleitoral (CASA-CE), liderada pelo dissidente da UNITA Abel Chivukuvuku.
 
O responsável da unidade da Ingombota afirmou à TPA que a polícia evitou duas tentativas de manifestação junto da CNE e que as 15 pessoas presas na intervenção policial continuam detidas.
 
A agência Lusa testemunhou no local à repressão de um grupo de cerca de 30 manifestantes da Juventude Patriótica Angolana, ligada à CASA-CE, quando tentava manifestar-se junto à sede da CNE em Luanda, apresentando-se com as mãos amarradas com fitas amarelas, cor da bandeira do partido e sem perturbação da ordem pública visível.
 
Efetivos da Polícia Nacional e da Polícia de Intervenção Rápida intervieram logo no início do protesto e procederam a várias detenções, incluindo Rafael Aguiar, líder da JPA e candidato a deputado pelo círculo nacional da lista da CASA-CE.
 
Lembrou ainda que hoje é dia de reflexão para as eleições gerais de sexta-feira e que os atos políticos são proibidos
 
Pouco antes da ação policial, Agostinho António, um responsável provincial da JPA, disse à Lusa que o protesto era dirigido à CNE, depois de o órgão eleitoral ter acreditado apenas metade dos delegados de lista solicitados pelo partido.
 
Angola realiza na sexta-feira as terceiras eleições da sua história, que vão definir a composição do parlamento e os nomes do Presidente e do vice-Presidente da República, escolhidos a partir do número um e número dois da lista do partido mais votado.
 
HB
 
*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG
 
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Brasil: INDÍGENAS GUARANI KAIOWÁ ESTÃO APAVORADOS COM ATAQUES DE PISTOLEIROS

 

Pragmatismo Político
 
Durante o ataque, os indígenas estavam reunidos com o antropólogo do MPF, Marcos Homero, representantes da Funai e agentes da Força Nacional. Comunidade já havia sido atacada no dia 10 de agosto, e ameaçada no dia 23.
 
Pistoleiros atiraram na tarde dessa terça-feira (28) contra o tekoha Arroio Korá, do povo Guarani Kaiowá, localizado no município de Paranhos, fronteira do estado do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Por enquanto, não há notícias de feridos, mas a violência imposta pelos jagunços dessa vez não respeitou ao menos órgãos federais.
 
Durante o ataque dos atiradores, a comunidade indígena estava reunida com o antropólogo do Ministério Público Federal (MPF) do estado, Marcos Homero. Com ele estavam representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e agentes da Força Nacional. Em Arroio Korá vivem cerca de 400 Guarani Kaiowá.
 
Os tiros foram desferidos contra o grupo reunido, que se dispersou. “Ficamos assustados. Acontece sempre de atirarem contra nós, por cima do acampamento. Hoje estava o Ministério Público, a Funai. Eles viram como acontece”, declarou a liderança de Arroio Korá, Dionísio Guarani Kaiowá.
 
Ameaçado de morte, o indígena não pode se locomover livremente pela Terra Indígena de sete mil hectares homologada em 21 de dezembro de 2009, mas que nunca teve os não-índios retirados pela Funai. Conforme decisão do Aty Guasu, grande reunião Guarani Kaiowá, a situação não poderia mais se manter.
 
No último dia 10 de agosto, a comunidade decidiu iniciar a retomada da área, e desde então Dionísio está marcado para morrer, além de seguir exigindo das autoridades providências quanto ao desaparecimento de Eduardo Pires Guarani Kaiowá, levado pelos pistoleiros durante ataque no dia do movimento de retomada.
 
“Aqui estamos vivendo assim, porque os invasores de nossas terras estão todos aqui dentro e não aceitam que estamos retomando o que é nosso. Estamos aqui e não vamos sair”, decretou Dionísio. Na última semana, o indígena entrou para o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos da Presidência da República.
 
Violência é recorrente
 
O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso do Sul solicitou a instauração, pela Polícia Federal de Ponta Porã, de inquérito policial para averiguar a violência sofrida pelos Guarani Kaiowá e Ñhandeva durante reocupação da Terra Indígena Arroio Korá.
 
Uma criança morreu durante o ataque dos pistoleiros, ocorrido logo após o movimento de retomada. Um indígena chamado Eduardo Pires ainda está desaparecido e conforme testemunhas ele teria sido levado pelos pistoleiros. Segundo o MPF, o objetivo da investigação, além de apurar a ocorrência de crimes, é também o de preservar o local dos fatos para futuros exames periciais.
 
Relatório de Identificação da Terra Indígena, realizado pelo antropólogo Levi Marques Pereira e publicado pela Funai, atesta, em fontes documentais e bibliográficas, a presença dos guarani na região desde o século XVIII.
 
Em 1767, com a instalação do Forte de Iguatemi, os índios começaram a ter contato com os “brancos”, que aos poucos passaram a habitar a região com o objetivo de mantê-la sob a guarda da corte portuguesa. A partir de 1940, fazendeiros ocuparam a área e passaram a pressionar os indígenas para que deixassem suas terras tradicionais.
 
Os primeiros proprietários adquiriram as terras junto ao Governo do, então, Estado de Mato Grosso e, aos poucos, expulsaram os índios, prática comum naquela época. Contudo, os indígenas de Arroio Korá permaneceram no solo de seus ancestrais, trabalhando como peões em fazendas.
 
Homologação contestada
 
No dia 21 de dezembro de 2009, o presidente Luís Inácio Lula da Silva homologou os sete mil hectares da Terra Indígena Arroio Korá. Desrespeitando o recesso do STF, o ministro Gilmar Mendes, oito dias depois do ato de homologação, embargou 184 hectares da área a pedido dos fazendeiros.
 
“O que perguntamos é: por que o processo ainda está parado e qual a razão da Funai não retirar os invasores de todo o resto da terra que não foi embargada? A guerra que nos declaramos é contra essa morosidade. Não vamos aceitar mais tanta demora em devolver nossas terras”, disse Eliseu Guarani Kaiowá.
 
Ameaças de morte ocorreram em 23 de agosto de 2012. Por que nenhuma providência foi tomada?
 
Informativo/carta da comunidade Guarani-Kaiowá de tekoha Arroio Kora-Paranhos-MS
 
Nós comunidades de Tekoha Arroio Kora, vimos através deste, informar que no dia 23 de agosto de 2012, recebemos uma nova ameaça de morte, ocorreu uma barraca destruída e um novo ataque dos pistoleiros da fazenda conhecida de fazenda Porto Domingos e o atual proprietário é o Sr. Luiz Bezerra. Um coordenador/articulador dos pistoleiros desta fazenda Porto Domingos é conhecido como Francisco Paraguai.
 
No dia 23/08/2012, este mesmo Francisco Paraguai veio juntamente com os pistoleiros destruíram uma barraca e ameaçou gritando, “ficam sabendo que vocês índios vão morrer tudo, vão morrer!! “Vim avisar vocês que vão ser atacados e todos serão mortos.” Eles estão todos armados, vieram de carro por meio de uma estrada de chão do fundo da fazenda do Luiz Bezerra.
 
Além disso, do outro lado, já na área antiga Arroio Kora reocupada, os 04 homens não-índios de duas motocicletas sem placa, vieram procurar os principais líderes de tekoha Arroio Kora, perguntaram e procuram por Dionizio Gonçalves dentre outros. Falaram queriam conversar com urgência com as lideranças de Arroio Kora e do conselho da Aty Guasu, perguntaram, onde se encontram essas lideranças indígenas. Disse: “ estão aqui? avisam eles (lideranças) que nós queremos conversar com eles”.
 
Assim, fizeram a ameaça e avisaram nos e retornaram à cidade de Paranhos. Diante da nova comunicação e ameaça de morte dos pistoleiros, mais uma vez, retornamos a repassar os avisos dos pistoleiros, para que sejam investigados, com urgência, principalmente o Francisco Paraguai da fazenda Luiz Bezerra e outros. Queremos que essa estrada de fundo da fazenda Domingos por onde chegam e atacam os pistoleiros seja bloqueada imediatamente.
 
Os pistoleiros não estão vindo pela estrada pública (asfalta), eles criam e utilizam várias estradas clandestinas pela faixa de fronteiras para enganar as policiais brasileiras. Assim, continuam agindo e nos atacando nos, de modo muito tranquilo e poderoso. Eles tentam enganar e escapar da equipe da policia do Brasil. Importa destacar que enquanto as Polícias do Brasil investigam e observam os pistoleiros, parecem que os pistoleiros também fazem mesma coisa, observam e vigiam a equipe da polícia. Por isso mesmo, quando a polícia sai da região , e os pistoleiros chegam e atacam nos.
 
Por isso, os fatos ocorridos no dia 24/08/2012, por meio deste informativo/carta, relatamos e encaminhamos aos conhecimentos de todos (as).
 
Atenciosamente,
 
Tekoha Arroio Kora, 24 de agosto de 2012. Com Renato Santana, Cimi
 
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Brasil: Ianomâmis acusam garimpeiros brasileiros de massacre na Venezuela

 

Deutsche Welle
 
De acordo com representantes dos indígenas, garimpeiros atiraram contra a comunidade e atearam fogo às cabanas de uma vila localizada na fronteira com o Brasil. Confrontos na região são frequentes.
 
O Ministério Público da Venezuela designou nesta quarta-feira (29/08) uma comissão para investigar denúncias de representantes das comunidades ianomâmis. Elas acusam garimpeiros brasileiros que atuam ilegalmente na Amazônia venezuelana pela morte de 80 indígenas, no mês passado.
 
Os nativos afirmam que os mineiros teriam comandado um ataque ao território ocupado por ianomâmis, com armas de fogo e explosivos. Apenas três deles teriam sobrevivido.
 
De acordo com Luis Ahiwe, da Horonami Organização Ianomâmi (HOY), no dia 5 de julho passado os garimpeiros teriam atirado contra a comunidade e ateado fogo às cabanas da pequena vila. Os corpos carbonizados das vítimas teriam ficado irreconhecíveis.
 
Os três sobreviventes haviam saído para caçar, por isso não se encontravam na vila no momento do ataque. Mas ouviram o ruído de um helicóptero, seguido de tiros. Eles encontraram os corpos e relataram o massacre às autoridades.
 
Para Ahiwe, o ataque tem relação com um episódio ocorrido dias antes, quando uma mulher ianomâmi fora sequestrada por garimpeiros e só libertada dias depois, pelos indígenas.
 
Impunidade
 
A HOY quer agora que os governos da Venezuela e do Brasil montem uma comissão binacional de investigação. A organização Survival International, com sede em Londres, quer que as autoridades venezuelanas encontrem imediatamente os culpados e os levem a juízo. Com isso, as autoridades dariam uma mostra de que assassinatos de indígenas na Amazônia não ficarão mais impunes.
 
A região onde ocorreu o ataque fica no sul da Venezuela, perto da fronteira com o Brasil. O local frequentemente é palco de violentos confrontos entre indígenas, garimpeiros e extrativistas ilegais. A denúncia só teria se tornado pública agora, quase dois meses depois do episódio, devido á dificuldade de acesso à vila. Puerto Ayacucho, capital do estado venezuelano Amazonas, fica a cinco horas de voo de helicóptero e cinco dias de caminhada do local do atentado.
 
Grupos não-governamentais de defesa dos indígenas denunciam desde 2009 conflitos causados pela atuação dos garimpeiros brasileiros ilegais na região ocupada pelos ianomâmis, assim como a contaminação da água por mercúrio.
 
MSB/rtr/afp - Revisão: Augusto Valente
 

VIVAM AS ELEIÇÕES, DIZ O POVO FAMINTO!

 


Orlando Castro*, jornalista – Alto Hama*
 
5.660 antigos combatentes e veteranos da Pátria (Angola) estão a receber, no Huambo, as respectivas pensões em atraso, referentes aos meses de Dezembro de 2009 e 2010, incluindo o 13º mês.
 
A informação foi dada pelo director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, Moreira Janeiro Mário Lopes, segundo o qual o montante a ser pago está avaliado em – cito ipsis verbis a Angop - “180 milhões, 492 mil, 554 kwanzas e 87 cêntimos.”
 
Moreira Janeiro Mário Lopes esclarece que os pensionistas que não têm contas bancárias estão a receber o seu dinheiro nas administrações dos municípios onde vivem, ao passo que os utentes de contas bancárias recebem directamente nas suas contas.
 
O director provincial dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria deu a conhecer, entretanto, que pelo facto de o número de pensionista ter diminuído ligeiramente, por razões desconhecidas, houve necessidade de aumentar dez por cento ao salário de cada beneficiário.
 
Em Dezembro de 2009 eram 6.437 e um ano depois este número baixou para 6.121.
 
Recorde-se que tudo isto se deve, pois claro!, aos inefáveis esforços do ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Kundi Paihama.
 
Sim. É esse mesmo que, no início deste mês, disse no Estádio Nacional de Ombaka (Benguela)que os que lutarem contra o MPLA e contra José Eduardo dos Santos “vão ser varridos”.
 
E se Kundi Paihama o diz é porque vai mesmo fazer isso. Só falta esperar por amanhã para medir a amplitude da varredura.
 
Ao que parece, e ao contrário do que aconteceu em 2008, o regime tinha indicações fidedignas de que, desta vez, para além dos mortos também os veteranos se recusavam a votar no MPLA. Embora isso não fosse impeditivo de uma solução alternativa, testada com êxito nas anteriores eleições, em que em alguns círculos eleitorais apareceram mais votos do que votantes, poderá acontecer que com uns tantos kwanzas os votos apareçam de forma voluntária.
 
Se se estivesse a falar de um Estado de Direito e de uma comunidade internacional honesta, seria criticável que o partido que governa Angola desde 11 de Novembro de 1975, que tem como seu líder carismático e presidente da República alguém que está no poder há 33 anos, sem ter sido eleito, sentisse necessidade de usar a intimidação violenta para ganhar eleições.
 
Mas como nada disso se passa, tudo vai continuar a ser feito por medida e à medida do MPLA. É para isso que o petróleo existe, é para isso que serve aquela escrita internacional que dá pelo nomes de dólares.
 
E porque o regime só reconhece a existências de um único deus, Eduardo dos Santos, não admite que existam dúvidas, não aceita que a sua liberdade termine onde começa a do Povo. Vai daí, intimida, ameaça, espanca, rapta e mata quem tiver a veleidade de contrariar o “querido líder”.
 
Sempre que no horizonte se vislumbra, mesmo que seja uma hipótese remota, a possibilidade de alguma mudança, o regime dá logo sinais preocupantes quanto ao medo de perder as eleições.
 
Para além do domínio quase total dos meios mediáticos, tanto nacionais como estrangeiros (em Portugal nem se fala), o MPLA apostou forte numa estratégia que tem dado bons resultados. Isto é, no clima de terror e de intimidação.
 
Tal como mandam os manuais, o MPLA subiu o dramatismo para, paralelamente às enxurradas de propaganda, prevenindo os angolanos de que ou ganha ou será o fim do mundo.
 
* Orlando Castro, jornalista angolano-português - O poder das ideias acima das ideias de poder, porque não se é Jornalista (digo eu) seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia, mesmo estando (des)empregado.
 
 

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