domingo, 2 de setembro de 2012

BIN LADEN ESTAVA DESARMADO

 

Eliakim Araújo* – Direto da Redação
 
Osama bin Laden estava desarmado quando foi morto pelos comandos da marinha que invadiram a casa onde ele vivia, em Abottabad, no Paquistão.
 
A afirmação está no livro “No Easy Day” (Um dia nada fácil) , escrito por um dos homens que participaram da operação, Matt Bissonnette, que usa o pseudônimo de Mark Owen, e o que ele narra entra em choque com a versão do governo, segundo a qual bin Laden teria reagido (ou, pelo menos, ameaçado) e por isso foi fuzilado.

Bissonnette conta que estava a menos de cinco degraus do topo da escada que levava ao terceiro piso da casa quando ouviu os primeiros tiros desferidos por seus companheiros que iam na frente. Ao entrar ao quarto, encontrou bin Laden caído numa poça de sangue com um buraco visível no lado direito da cabeça e duas mulheres chorando sobre seu corpo.

Bissonnette revela que um dos homens afastou as duas mulheres enquanto os outros comandos, ele inclusive, dispararam várias vezes no corpo de bin Laden que ainda se contorcia. Os tiros só pararam quando o corpo ficou completamente imóvel.

Em seguida, o corpo foi fotografado, tarefa do autor do livro, e levado em um dos helicópteros que voltaram à base de Bagram, no Afeganistão.
 
Por mais que o autor tente desmentir, o livro tem objetivo nitidamente político e visa enfraquecer Obama. Ás vésperas da eleição presidencial, os conservadores americanos estão apostando todas as fichas na dupla Romney-Ryan. E todo o esforço para defenestrar Obama da Casa Branca é válido.
 
Bissonnette, que não pertence mais às forças armadas, revela em certo ponto do livro que nenhum dos comandos era fã do presidente Barack Obama e sabiam que ele iria tirar proveito da morte do homem mais procurado do mundo. Ele conta que chegou a pensar: “pronto, Obama está reeleito”.
 
O lançamento de “No easy day”, programado inicialmente para o 11 de setembro, foi antecipado para 4 de setembro, mais um indício de que ele pode dar uma mãozinha para derrubar Obama, aproveitando o clima quentíssimo da campanha eleitoral, quando faltam 68 dias para a votação.
 
O drama dos muçulmanos discriminados
 
Mas o 11 de setembro está na berlinda também com o lançamento do filme “The reluctant fundamentalist”, exibido nesta quarta-feira na abertura do Festival de Cannes.
 
Baseado no romance do mesmo nome, o filme aborda a problemática do relacionamento dos muçulmanos que vivem nos EUA que passaram a ser olhados com desconfiança pelo povo estadunidense, após os atentados de 2001. Em princípio, todos passaram a ser vistos como terroristas. Até os sihks, por causa da cor morena, da barba grande e dos turbantes entraram no rol dos terroristas. Mesmo agora, tantos anos passados dos atentados, um templo sihk no Wisconsin foi alvejado por um atirador fanático, ligado a organizações facistas que pregam o fim das minorias imigrantes.
 
É dentro desse contexto que se desenrola a trama de “O fundamentalista relutante”, a história de um jovem paquistanês, plenamente realizado no mundo capitalista de Wall Street que passa a ser visto como suspeito pela Inteligência norte-americana.

O filme foi dirigido por Mira Nair (foto), cineasta indiana que vive em Nova York, onde “as atitudes em relação a ela e outros asiáticos mudaram após os ataques de 11 de setembro”.

É ela quem fala: "De repente, NY tornou-se um lugar onde as pessoas que se pareciam conosco passaram a ser “o outro” e isso de certa forma me deu inspiração para fazer este filme".

A cineasta disse que se sentiu bem em retratar a história de Changez, um jovem paquistanês interpretado pelo ator britânico Riz Ahmed, cuja vida muda inteiramente depois dos atentados de 11 de setembro.
 
Marginalizado, ela volta ao Paquistão para dar aulas numa universidade local e lá é abordado por uma célula islâmica radical.
 
O resto a gente não conta se não você não vai ver o filme.
 
* Ancorou o primeiro canal de notícias em língua portuguesa, a CBS Brasil. Foi âncora dos jornais da Globo, Manchete e do SBT e na Rádio JB foi Coordenador e titular de "O Jornal do Brasil Informa". Mora em Pembroke Pines, perto de Miami. Em parceria com Leila Cordeiro, possui uma produtora de vídeos jornalísticos e institucionais.
 
*Ler também em Direto da Redação texto de Mair Pena Neto no título Livro relata execução de Bin Laden
 

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