Diário de Notícias,
editorial
No fundo o caso é
como vários que já conhecemos de empresas sediadas em Portugal que resolveram,
a certa altura, deslocalizar a sua produção para o Oriente, em busca de mão de
obra barata - e deixando para trás o habitual rasto de desemprego e miséria. É
isso, em suma, que se passa com a decisão dos EUA de reduzirem fortemente o seu
contingente na Base das Lajes (ilha Terceira, Açores).
Os interesses
geoestratégicos dos EUA estão a caminhar para o Pacífico porque é lá que reside
o perigo chinês. Para já, a China é um fortíssimo concorrente comercial, um dia
será um provável rival militar.
Ao mesmo tempo, a
crise impõe a Washington cortes globais na despesa militar na ordem dos 500 mil
milhões de dólares (390,5 mil milhões de euros). Na Europa, o
"downsizing" militar do EUA, por esta dupla razão (estratégica e
orçamental), não atinge somente Portugal. Também afeta, por exemplo, o
contingente americano estacionado na Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial.
Acontece que, na
Alemanha, há uma economia que consegue absorver as perdas; e nos Açores não. Os
desempregados portugueses nas Lajes serão, segundo se estima, cerca de 300
(num total de 800 empregados na base). E a ilha já esgotou a sua capacidade de
absorção. Soluções a curto-prazo não se vislumbram. No longo prazo importa
projetar uma economia que não dependa de Washington.
Sem comentários:
Enviar um comentário