Afonso Camões |
Lisboa, 08 nov
(Lusa) – A Agência Lusa manifestou-se disponível, em carta enviada a Miguel
Relvas em setembro, para assegurar o serviço noticioso de televisão e rádio
públicas nos postos que “a RTP venha a extinguir” no país e no mundo.
O presidente do conselho
de administração da Agência Lusa, Afonso Camões, indicou esta tarde no
Parlamento que a Lusa tem condições para se substituir à RTP, “na medida em que
a RTP entender, no país e no mundo”, e que isso mesmo foi comunicado ao
ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
“O discurso das
sinergias é um discurso nosso, desde a primeira hora”, sublinhou o gestor, que
esta tarde foi ouvido em audição pela comissão parlamentar para a Ética, a
Cidadania e Comunicação. “A RTP é um cliente nosso e queremos que seja mais
cliente nosso”, acrescentou, especificando que a Lusa é hoje “um grande
produtor de conteúdos na área do audiovisual e áudio”.
“Muitos dos áudios
que nos habituámos a ouvir com a voz da senhora Merkel são recolhidos pelo
correspondente da Lusa em Berlim”, ilustrou aos deputados.
O gestor disse
ainda que fez saber da disponibilidade da Lusa para olhar para sinergias com a
RTP ao novo presidente da administração da estação pública, Alberto da Ponte,
logo que tomou posse, até porque uma e outra empresa têm “acionistas comuns e a
mesma missão de serviço público”.
Camões sublinhou,
porém, que a Lusa e a RTP partilham já instalações, por exemplo em Angola, e
que no domínio logístico há pouco mais ganhos a obter. “Não precisamos de mais
instalações; precisamos é de mais encomenda, que a RTP nos peça mais serviços”,
afirmou.
A anemia do mercado
foi um dos desafios que a “indústria” da comunicação social enfrenta e que
penaliza o desempenho da Lusa, acentuou o gestor. "A Lusa poderia fazer a
televisão corporativa da TAP, do Metro, das Câmaras. Não temos um problema de
falta de produto, temos produtos novos todos os anos. Mas o mercado não quer ou
não tem capacidade para investir neles", disse Afonso Camões.
A título de
exemplo, e refutando indicações deixadas pelos deputados segundo os quais
vários presidentes de câmara tornaram públicas as preocupações sobre o futuro
da Agência Lusa, Afonso Camões sublinhou que “só 13 câmaras [municipais das 308
existentes] querem ser nossos clientes” e concluiu: “Esta Assembleia [da
República] paga 2,500 euritos por todo o serviço da Lusa”.
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