Le
Soir, Bruxelas – Presseurop – imagem Peter
Schrank
O Presidente
recentemente reeleito e os seus homólogos europeus enfrentam o mesmo desafio,
considera o editorialista principal do jornal Le Soir: provar que uma sociedade
tolerante e solidária continua a ser possível.
Os norte-americanos
voltaram a escolher um Presidente que lhes propõe uma sociedade tolerante e
solidária. Essa sociedade tem sido, desde há décadas, o modelo dos europeus,
que reivindicam a sua paternidade. Hoje, por uma curiosa conjuntura histórica,
os dois campos têm de travar o mesmo combate e enfrentar o mesmo desafio:
provar que esse projeto de sociedade é realista e continua a ser realizável.
O Presidente
norte-americano deverá bater-se por impor essa solidariedade a uma grande parte
da sociedade norte-americana, que não quer um fio que seja de segurança
institucionalizada para todos e que prefere os prémios por mérito. Por seu
turno, os europeus devem lutar para conservar o seu sistema de segurança social
para todos, com modalidades adaptadas país por país.
Obama e os líderes
europeus têm todo o interesse em unir forças e reflexões para encontrar uma
maneira de preservar o seu projeto político: essa sociedade solidária, na qual,
como diz Obama, todos têm uma oportunidade, independentemente de serem ricos ou
pobres, negros ou brancos, doentes ou saudáveis, homossexuais ou
heterossexuais.
Os seus inimigos
são idênticos: défices orçamentais enormes, uma crise económica profunda e
estrutural, a "romneyzação" das nossas sociedades.
O individualismo,
alimentado pela crise económica, sente-se agora da mesma maneira dos dois lados
do Atlântico, conduzindo à triagem na atribuição das "vantagens"
sociais entre aqueles que as merecem (os trabalhadores) e os outros (os
"que recebem assistência").
Qual solidariedade?
Dispomos de meios para essa generosidade? Como articulá-la de modo diferente,
para a tornar pagável? Quem, dos Obama ou dos Romney europeus, vai ganhar a
partida? E poderemos acreditar, como proclamava Obama, que ainda é possível
estabelecer os compromissos necessários para que a sociedade siga em frente,
sem nos deixarmos cegar pelo otimismo? É este o muito difícil dilema do
momento. A boa notícia, desde terça-feira, é que os europeus já não são os
únicos a acreditar nisso e a ter de encontrar uma solução.
Traduzido do
francês por Fernanda Barão
Contraponto
Reeleição de Obama
reveste-se de pessimismo
Em contraponto à
maior parte dos seus homólogos europeus, o
România liberă considera que “a reeleição de Obama é uma má notícia” para
os EUA e para o mundo em
geral. O diário de Bucareste faz um balanço negativo do
primeiro mandato do Presidente norte-americano, em particular no que diz
respeito à política externa:
A administração
Obama descurou o papel de líder mundial sob o pretexto ideológico de que não
existe uma exemplaridade americana […] e de está na altura de incumbirem os
outros de porem ordem no mundo.
O România liberă
sublinha ainda que a imagem de “grande campeão de homem da rua e das pequenas
nações” está em flagrante contradição com a realpolitik praticada por Obama,
que assenta numa aliança com os dirigentes das grandes potências em detrimento
dos países mais pequenos:
Um desprezo mal
dissimulado mas plenamente demonstrado nestes últimos quatro anos por Obama em
relação aos tradicionais aliados dos EUA – Grã-Bretanha, Polónia, Japão – e a
quase total falta de interesse pelos novos aliados como nós, os da Europa de
Leste, […] desvendaram a abordagem cínica mas ingénua deste Presidente que
pensa que pode fazer tudo e mais alguma coisa com [o Presidente russo Vladimir]
Putin, como um político de Chicago faz quando lida com os chefes da máfia.
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