Filipe Santos Costa - Expresso
Iniciativa do BE
para cortar 50% no financiamento do Estado às campanhas eleitorais foi chumbada
há duas semanas, com votos do PSD, PS e CDS. Dias depois, os centristas
propuseram o mesmo.
Foi uma das questões que dividiram os dois partidos da coligação enquanto estavam a concertar as propostas conjuntas de alteração ao Orçamento do Estado: o CDS queria cortar para metade o financiamento do Estado na campanha eleitoral das autárquicas, mas o PSD vetou essa ideia. A ser aprovada, essa medida significaria uma poupança de 24 milhões de euros na propaganda das eleições locais do próximo ano. Mas, há menos de duas semanas, o CDS juntou-se ao PSD e ao PS para chumbar uma medida parecida.
A proposta era do
Bloco de Esquerda e previa que "a subvenção das campanhas eleitorais, bem
como os limites das despesas de campanha eleitoral (...) são reduzidos em
50%". A ser aprovada, a iniciativa do BE - que só teve os votos a favor do
proponente e do PCP - significaria, no ano que vem, exatamente a mesma poupança
de 24 milhões de euros que o CDS defendeu, na semana passada, durante as
negociações com o PSD.
A iniciativa do BE
surgiu a propósito de uma proposta da coligação bastante mais modesta: corte de
20% na subvenção pública para as campanhas eleitorais, e apenas durante o prazo
de vigência do memorando da troika. Esta iniciativa da coligação, aprovada na
especialidade no dia 8 de novembro, foi a justificação para o PSD travar a
redução de 50% sugerida logo depois pelo CDS.
"Razões que a
razão desconhece", diz o BE
"Os factos
falam por si", diz ao Expresso Luís Fazenda, líder parlamentar do BE.
"Apresentámos uma proposta de corte de 50% do financiamento público e dos
gastos das campanhas eleitorais, sendo que o nosso corte seria permanente, e
não temporário. E o CDS, que aparentemente veio depois apresentar essa ideia ao
PSD, votou contra."
Fazenda lembra que,
no debate na generalidade, Telmo Correia, do CDS, até "mostrou
abertura" à iniciativa do BE, mas depois, "por razões que a razão
desconhece", juntou-se ao PSD e ao PS no voto contra.
A necessidade de
entendimento dentro da coligação foi uma das razões para a diferença de
atitude, responde o CDS. Outra foi o diferente alcance de uma alteração
permanente à lei (como queria o BE) e uma alteração que, no contexto do OE, se
aplicaria apenas no ano que vem (como avançaram os centristas).
Nuno Magalhães,
líder parlamentar do CDS, diz que na votação de 8 de novembro estava em causa
"uma alteração pontual a um projeto de lei acordado entre a maioria",
pelo que a posição dos partidos da coligação devia ser solidária. Mas garante
que "a discussão sobre uma alteração global e duradoura sobre a lei do
financiamento partidário pode e deve ser feita no contexto de um amplo
consenso".
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