segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Zelda la Grange – ASSISTENTE DE MANDELA FALA DO HOMEM QUE MUDOU A SUA VIDA

 


A assistente particular e neta por afinidade de Nelson Mandela falou hoje sobre o seu profundo amor pelo homem que mudou a sua vida para sempre ainda que com grande custo pessoal.
 
Zelda la Grange, oriunda da classe media afrikaner e que se tornou a mão direira do primeiro presidente negro da África do Sul, falou a uma emissora privada do seu amor pelo homem que chama de "Khulu", um diminutivo da palavra avô na língua materna de Mandela, isiXhosa.
 
"A pressão era implacável", disse a antiga assistente de Mandela que o acompanhou em todas as iniciativas protegendo-o, igualmente, das pessoas que pediam reuniões com o prémio Nobel da Paz.
 
"Amava-o profundamente", disse Zelda la Grange, 43 anos à 702 Talk Radio.
 
"Não creio que alguma vez estejamos suficientemente preparados", observou a antiga assistente sobre a morte de Mandela, aos 95 anos, acrescentando estar ainda "chocada e triste".
 
"Preparamo-nos emocionalmente mas, mesmo assim, não ultrapassamos o sentimento de perda e tristeza", frisou.
 
A sua devoção surpreendeu alguns por ser originária da comunidade afrikaner que prendeu Mandela por 27 anos devido à segregação racial, mas tem sido bastante saudada nos últimos dias devido à lealdade para com 'Madiba'.
 
"Zelda, onde quer que estejas, queremos agradecer-te", disse hoje o bispo emérito e prémio Nobel da Paz Desmond Tutu.
 
O bispo emérito, que falava num serviço de homenagem em Joanesburgo, acrescentou que Zelda la Grange "era a afrikaner mais Africana". Afrikaner é o termo que designa os colonos originais da África do Sul, os boer.
 
O ministro da Defesa da África do Sul, Nosiviwe Mapisa-Ngakula, disse, no domingo, que a África do Sul tem para com La Grange uma "dívida de gratidão".
 
"Ela sacrificou a juventude, o seu tempo. Não creio que tenha tido um namorado. É altura de lhe expressarmos apreço e gratidão", disse o ministro à Associação de Imprensa Sul-Africana.
 
Todavia, Zelda la Grange disse sentir-se desconfortável com a utilização do termo sacrifício, sublinhando: "Não podemos usar as palavras ´sacrifício`, ´Nelson Mandela` e ´Zelda la Grange` na mesma frase".
 
Zelda la Grange deixou de visitar Mandela há uns meses para não assistir à degradação física do ex-Presidente, preferindo recordá-lo como o conheceu.
 
"Foi uma altura difícil, mas creio que lhe disse tudo o que queria e isso dá-me algum conforto", referiu.
 
Sobre Mandela -- que a alcunhou de "Zeldina" -- disse ter sido um chefe "inspirador e paciente".
 
"Madiba era a pessoa mais fácil para se trabalhar, o melhor professor, um mentor", acrescentou, usando o nome de clã do prémio Nobel da Paz, ao mesmo tempo que pediu aos sul-africanos que lhe sigam o exemplo.
 
"Nós sentimo-nos muito emocionados agora porque o perdemos, mas este é também um momento para o lembrarmos e para nos lembrarmos do seu legado, dos seus valores e da sua moral e então podemos alcançar a África do Sul com que todos sonhamos", concluiu.
 
Lusa, em Notícias ao Minuto
 

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