Proibidas de vender
nas ruas da capital angolana, as zungueiras rejeitam a hipótese proposta pelas
autoridades - vender nos mercados de Luanda. O argumento: não há espaços
suficientes.
Em Luanda, as
vendedeiras de rua, geralmente conhecidas por zungueiras, estão proibidas de
exercer a sua atividade nas artérias da capital. A Comissão Administrativa de
Luanda determinou que as zungueiras passem a vender nos muitos mercados da
capital, mas estas dizem que esses espaços não chegam para todas.
Depois de duas semanas de tréguas, como resultado de um encontro entre o
Governador de Luanda e as zungueiras, voltou a instabilidade a algumas zonas de
Luanda, como o São Paulo e Congolenses, onde se concentra uma boa parte da
zunga, o acto de vender na rua. Os fiscais e a Polícia Nacional abrandaram a
sua atitude condenada em público pelo governador. Mas, agora, é mesmo proibido
vender nas artérias.
Administração do
São Paulo nega falta de espaço
As vendedoras apresentam sempre o mesmo argumento. "Disseram que nos vão
dar um lugar no mercado. Fomos para lá e não há lugar. Há vendedoras com 4 e 5
lugares. E onde é que nós ficamos?", protesta Laurinda Matias.
Mas esta opinião é contrariada pela administradora do mercado do São Paulo,
Carla Lobato que diz que o mercado que dirige, numa das zonas mais tradicionais
da capital, tem lugares disponíveis. "Já cedemos 800 lugares",
afirma, acrescentando que as vendedoras têm apenas que chegar e sentar-se nos
locais, "que é coisa que elas não estão a fazer". "Não tenho
mais nada a dizer. É mesmo na rua que elas querem ficar", conclui.
Na praça dos
Congoleneses, noutro ponto de Luanda, até há lugares disponíveis, limpos,
organizados para a venda, mas as vendedoras teimam em manter-se na rua. Antónia
Maria é uma delas. "Queremos que nos dêem lugares para vender. Enquanto o
Governador não nos der o espaço, não vamos sair da rua", afirma.
Apreensão de
produtos em caso de infração
Para combater a venda ambulante em locais públicos, a Comissão Administrativa
de Luanda vai publicar um edital citando as ruas onde se vai poder zungar.
Doravante, os fiscais vão mesmo apreender os bens de quem continuar a exercer a
atividade fora das áreas mencionadas.
"A presença
policial servirá para sensibilizar e dizer que aqui não se vende", explica
José Tavares, Presidente da Comissão Administrativa de Luanda. E lança o aviso:
"depois da reunião da Comissão Administrativa, vamos determinar o dia em
que passaremos a recolher os produtos dos vendedores renitentes". Segundo
José Tavares, quem agredir fiscais vai ter de responder em tribunal.
A venda
problemática nas ruas de Luanda já vem de longa data. As autoridades têm
tentado organizar essa actividade informal, construindo vários mercados na
capital, mas essa medida não agradou às zungueiras, que argumentam que é
andando e fixando-se em alguns pontos de ruas que ganham mais para o sustento
da casa e da família. O Executivo reconhece que essas mulheres, homens e jovens
buscam nessa prática a sobrevivência. O senão é que Luanda mergulha num cenário
desastroso, com lixo em vários pontos da cidade.
Deutsche Welle - Autoria: António
Carlos Moura (Luanda) – Edição: Maria João Pinto / António Rocha
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