Folha
8, 05 julho 2014
O Presidente
da República prepara-se para rumar aos EUA onde vai participar, em Agosto,
na conferência Afro-americana. Mas, antes, continua a permitir a multiplicação
de repressão na Lunda Tchokwe, onde generais das FAA e membros superiores do
MPLA fazem uma grande campanha de propaganda contra o Movimento do
Protectorado, tentando ofuscar as suas acções e iniciativas políticas e
sociais, que crescem face ao galopante e vergonhoso estado de miséria, pobreza
e má gestão da coisa pública, por parte dos governadores nomeados, “partidocratamente”.
De
acordo com o movimento, a acção musculada do regime acontece “no momento em
que aumenta substancialmente os aderentes, incluindo os de altas patentes dos
serviços da ordem, das forças armadas, de funcionários públicos e mesmo de militantes
do próprio partido da situação que já compreenderam a essência legítima da
reivindicação de autodeterminação”.
Nos
dias 29 e 30 de Junho, o Administrador Municipal do Cuango; Luís Figueiredo
Muambongue, o Chefe da Repartição Municipal José Fernando Muateno e o
Secretario Municipal do MPLA, Alexandre Abel, estiveram em campanha de
propaganda contra as legitimas reivindicações das populações face ao desemprego,
aos assassinatos cometidos pelas forças de segurança privada dos generais e a
pobreza nas localidades dos bairros: Xamupafu, Alberto Muhoji, Fernando,
Sucari, Muquiji e Samuhanga.
Dizem
estes operacionais do regime que este clima de contestação, bem como a política
do Movimento do Protectorado quer dividir Angola, e ameaçam a juventude
conotada com a organização com a perda de emprego ou expulsão das escolas, para
além de difundirem a tese de que os serviços do SINSE/SINFO estão a trabalhar
na localização e cadastro dos possíveis jovens apoiantes com o objectivo de
serem eliminados fisicamente.
Por
outro lado, terão também ameaçado autoridades tradicionais com cortes dos
subsídios de 15.000,00 Kz por mês que recebem do governo, se muitos deles
continuarem a apoiar o movimento de descontentamento social. Para os que se
mantiverem fiéis ao regime prometem a construção de casas e entrega de
viaturas, motorizadas, bicicletas e outros benefícios a regedores e Sobas.
Nos
seus discursos usam todos os artifícios, dizendo que com o regime do MPLA a
Nação Lunda Tchokwe vai brilhar mais do que diamantes, que um ambicioso
programa do Presidente José Eduardo dos Santos vai catapultar o território para
níveis de desenvolvimento superiores aos da África do Sul.
Os
dirigentes do regime aproveitam o obscurantismo em que colocaram o povo ao
longo dos últimos 39 anos da independência de Angola, com saques indiscriminados
de riqueza e de genocídio de substituição permanente na Lunda Tchokwe e também
não se inibem de violar os direitos humanos.
Nesta
luta para silenciar opositores, o Presidente José Eduardo dos Santos, na sua
qualidade de Comandante em Chefe, autorizou mais de 40 altas patentes das
FAA, Policia Nacional e Policia de Intervenção Rápida a fixarem-se
temporariamente em toda a extensão da Nação Lunda Tchokwe, reforçando as brigadas,
batalhões e comandos já existentes, tendo como objectivo impedir possíveis
manifestações populares a favor de mudanças.
As
forças militares e policiais têm o seu comando operacional no município do
Cuango, considerado baluarte das contestações depois do projecto Catoca, ter
colocado na rua mais de três dezenas de trabalhadores, por reclamarem melhores
condições e ali devem permanecer até ao regresso de Eduardo dos Santos dos
EUA, altura em que será feito um balanço oficial das suas acções.
Do
ponto de vista oficial, o reforço militar na região justifica-se por supostamente
ali existir um grupo de guerrilheiros ou rebeldes que querem começar com a
guerra.
Entretanto,
com o objectivo de conter os ânimos dos mais cépticos, a Endiama viu-se obrigada
a fazer o pagamento de subsídios e indemnizações a mais de 3000 trabalhadores
com quem mantinha o braço-de-ferro. Fizeram-no com receio de que esses trabalhadores
poderiam juntarem-se às manifestações.
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