sexta-feira, 11 de julho de 2014

Angola: REGIME PÕE LUNDA TCHOKWE NUM APERTADO CONTROLO MILITAR



Folha 8, 05 julho 2014

O Presidente da Repúbli­ca prepara­-se para rumar aos EUA onde vai parti­cipar, em Agosto, na con­ferência Afro-americana. Mas, antes, continua a permitir a multiplicação de repressão na Lunda Tchokwe, onde generais das FAA e membros su­periores do MPLA fazem uma grande campanha de propaganda contra o Mo­vimento do Protectorado, tentando ofuscar as suas acções e iniciativas políti­cas e sociais, que crescem face ao galopante e vergo­nhoso estado de miséria, pobreza e má gestão da coisa pública, por parte dos governadores nomea­dos, “partidocratamente”.

De acordo com o movi­mento, a acção musculada do regime acontece “no momento em que aumen­ta substancialmente os aderentes, incluindo os de altas patentes dos servi­ços da ordem, das forças armadas, de funcionários públicos e mesmo de mi­litantes do próprio partido da situação que já com­preenderam a essência le­gítima da reivindicação de autodeterminação”.

Nos dias 29 e 30 de Junho, o Administrador Municipal do Cuango; Luís Figueire­do Muambongue, o Chefe da Repartição Municipal José Fernando Muateno e o Secretario Municipal do MPLA, Alexandre Abel, estiveram em campanha de propaganda contra as legitimas reivindicações das populações face ao de­semprego, aos assassina­tos cometidos pelas forças de segurança privada dos generais e a pobreza nas localidades dos bairros: Xamupafu, Alberto Muho­ji, Fernando, Sucari, Mu­quiji e Samuhanga.

Dizem estes operacionais do regime que este clima de contestação, bem como a política do Movimento do Protectorado quer di­vidir Angola, e ameaçam a juventude conotada com a organização com a perda de emprego ou expulsão das escolas, para além de difundirem a tese de que os serviços do SINSE/SINFO estão a trabalhar na localização e cadastro dos possíveis jovens apoiantes com o objectivo de serem eliminados fisicamente.

Por outro lado, terão tam­bém ameaçado autori­dades tradicionais com cortes dos subsídios de 15.000,00 Kz por mês que recebem do governo, se muitos deles continuarem a apoiar o movimento de descontentamento social. Para os que se mantiverem fiéis ao regime prometem a construção de casas e entrega de viaturas, moto­rizadas, bicicletas e outros benefícios a regedores e Sobas.

Nos seus discursos usam todos os artifícios, dizen­do que com o regime do MPLA a Nação Lunda Tchokwe vai brilhar mais do que diamantes, que um ambicioso programa do Presidente José Eduardo dos Santos vai catapultar o território para níveis de desenvolvimento superio­res aos da África do Sul.

Os dirigentes do regime aproveitam o obscurantis­mo em que colocaram o povo ao longo dos últimos 39 anos da independência de Angola, com saques in­discriminados de riqueza e de genocídio de substitui­ção permanente na Lunda Tchokwe e também não se inibem de violar os direitos humanos.

Nesta luta para silenciar opositores, o Presidente José Eduardo dos Santos, na sua qualidade de Co­mandante em Chefe, au­torizou mais de 40 altas patentes das FAA, Policia Nacional e Policia de In­tervenção Rápida a fixa­rem-se temporariamente em toda a extensão da Nação Lunda Tchokwe, reforçando as brigadas, batalhões e comandos já existentes, tendo como objectivo impedir possí­veis manifestações popu­lares a favor de mudanças.

As forças militares e poli­ciais têm o seu comando operacional no município do Cuango, considerado baluarte das contestações depois do projecto Ca­toca, ter colocado na rua mais de três dezenas de trabalhadores, por recla­marem melhores condi­ções e ali devem perma­necer até ao regresso de Eduardo dos Santos dos EUA, altura em que será feito um balanço oficial das suas acções.

Do ponto de vista oficial, o reforço militar na re­gião justifica-se por su­postamente ali existir um grupo de guerrilheiros ou rebeldes que querem co­meçar com a guerra.

Entretanto, com o objec­tivo de conter os ânimos dos mais cépticos, a Endia­ma viu-se obrigada a fazer o pagamento de subsídios e indemnizações a mais de 3000 trabalhadores com quem mantinha o braço­-de-ferro. Fizeram-no com receio de que esses traba­lhadores poderiam junta­rem-se às manifestações.

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