O
ajustamento externo feito em países como Portugal e Espanha foi feito à custa
de fatores internos, sobretudo das elevadas taxas de desemprego, concluíram os
autores de um estudo hoje publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
"O
progresso do reequilíbrio externo foi feito à custa do equilíbrio interno,
nomeadamente pelas taxas de desemprego muito altas", lê-se no relatório,
que sublinha que "a procura relativamente fraca dos outros países do euro
(...) está a abrandar o ajustamento", lê-se no documento que analisa os
processos de ajustamento de Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia.
Esta
é uma das conclusões que constam do relatório 'Ajustamento em países da área do
euro com défices: progressos, desafios e políticas', publicado hoje pelo FMI,
mas cujas conclusões não vinculam a organização.
Os
autores do documento sublinham que "os grandes défices das contas
correntes na Grécia, na Irlanda, em Portugal e em Espanha diminuíram
drasticamente ou tornaram-se excedentários sobretudo por causa das
importações" e que as contas externas ajustaram sobretudo pelos fatores
internos.
Quanto
à evolução salarial, os autores consideram que, "em Portugal e em Espanha,
os salários não caíram" e que "as reduções dos custos unitários do
trabalho (5-10%) advieram em primeiro lugar da quebra do trabalho".
"As
reformas para remover a rigidez descendente dos salários nos países com défices
[como Portugal] podem aumentar a velocidade do ajustamento e conter os seus
custos em termos de desemprego (à medida que os salários se tornam mais
sensíveis às mudanças no emprego)", segundo o documento.
No
entanto, os autores alertam que este tipo de reformas pode "ter um impacto
adverso na procura e, por isso, desacelerar o regresso ao equilíbrio
interno", considerando ainda que reduzir a carga fiscal, "baixando os
impostos sobre o trabalho e aumentando os impostos sobre o consumo", pode
ajudar neste processo.
No
médio prazo, os economistas que assinam este estudo defendem que "são
necessárias reformas estruturais adicionais no mercado de produto e no mercado
de trabalho para aumentar a produtividade e o potencial de crescimento",
uma recomendação que o Fundo já vinha fazendo a Portugal ao longo do Programa
de Assistência Económica e Financeira, entretanto concluído.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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