João
Luís
Alvíssaras,
alvíssaras, nasceu o novo rei.
Assim
poderia começar esta crónica caso vivêssemos num regime monárquico, tal a
euforia dos média em torno do depressivo espectáculo das primárias do Partido
Socialista. O povo e o país ganham com isto? Não, não ganham.
Costa
venceu Seguro, sem nenhuma proposta, sem nenhum projecto, sem por em causa
nenhum dos tratados da União Europeia que têm arrastado, e vão continuar a
arrastar, este país para o abismo. Um cheque em branco oferecido pelos
militantes e simpatizantes “socialistas” que se prestaram alegremente em dar
mais uma facadinha na nossa ainda jovem democracia.
E
o mesmo se diga de Seguro, obviamente. Três anos de “oposição” ao desgoverno da
direita mas que no fundo, não passaram de ligeiras cócegas.
A
verdade é que após a maior derrota eleitoral no pós-25 de Abril que a direita
toda junta sofreu, eis que o PS, mais uma vez, vem em auxílio daqueles que diz
combater. Ou seja, estando reunidas condições para intensificar a luta pela
demissão do governo e a exigência de eleições antecipadas, o PS “inventa” uma
crise política, fazendo esquecer a hecatombe eleitoral dos partidos da direita.
O PSD passaria a ser o partido do mini-bus e o CDS o partido da bicicleta.
Para
não buscar outros exemplos, basta recordar o recente escândalo de Passos
Coelho-Tecnoforma- Centro Português para a Cooperação-exclusividade e outras
cont(h)abilidades(1), e como este caso não teve da parte do PS a devida atenção
porque os meninos andavam a brincar à apanhada.
E
assim lá vão, PSD e CDS gerindo a seu bel-prazer os destinos da nação. Verdade
seja dita, apesar dos órgãos de comunicação omitirem descaradamente o facto,
vale ao povo o olhar atento, a crítica severa e a luta contra os desmandos do
governo por parte do PCP e do BE, mais o primeiro, diga-se em abono da verdade,
que o segundo, mas ainda assim, a real, e não virtuais, oposição.
Depois
das primárias que até meteram chutos e pontapés, seguem-se as secundárias.
Seguro deixou o cargo de secretário-geral; Alberto Martins demitiu-se de líder
da bancada parlamentar do PS; segue-se a marcação de congresso e lá para o
Natal teremos (?) a casa “socialista” arrumada. E o povo, pá? O povo aguenta,
ai aguenta, aguenta.
Que
dizer da vergonha do aumento do salário mínimo nacional e a posição do PS?
No
Largo do Rato acendem-se velinhas pedindo a todos os santos que o governo não
caia. Agora não dava jeito nenhum aos democratas moderados.
O
povo de Lisboa votou António Costa para presidir aos destinos da cidade. E agora,
como é? Costa deixa a Câmara? Deixa para alguém que ninguém conhece? Haverá
eleições intercalares?
Conclusão.
O povo e o país “vão de carrinho”(2) em direcção ao barranco; a miséria e o
desespero das famílias aumentam e o que fazem os responsáveis por 30 e tal anos
de desgovernação, dos submarinos, dos contratos a prazo, do Freeport, do
agravamento das condições de vida, do descalabro na justiça e educação, do 25
de Novembro, do FMI, do desemprego, da perda de direitos, dos PEC’S e outra vez
do FMI? Brincam à “democracia”.
E
o povo, pá?
Notas:
(1)autoria
de Sérgio Ribeiro;
(2)autoria de Zeca Afonso.
(2)autoria de Zeca Afonso.
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