A
posição que M H Vieira Dias “Kopelipa” ocupa na relação interna de forças no
regime, incluindo seus laços em
o Presidente , José Eduardo dos Santos (JES), é objecto de
avaliações de sentido diverso no “caracterização” que memorandos de
Intelligence fazem acerca dos principais centros de poder.
A
saber:
-
O seu poder e influências aumentaram; acumulou responsabilidades e competências
de que JES, por fadiga, tem vindo a prescindir por não fazerem parte de
matérias/domínios a que agora se dedica predominantemente, em especial finanças
e política externa; é, na prática, a segunda figura do regime, conforme deixa
transparecer o funcionamento do processo de decisão política nas ausências de
JES; tem-se rodeado de peritos e especialistas em assuntos que não domina,
assim como cultiva redes de apoios internos.
-
A nomeação de João Lourenço como ministro da Defesa ofuscou a sua importância
política, privando-o de condições de controlo do sector militar, que sempre
teve ao seu alcance; p ex, tinha nítida ascendência sobre o anterior ministro,
Cândido Van-Dúnem, figura politicamente apagada e pouco aplicada no exercício
da função; ao contrário, João Lourenço tem prestígio político e é respeitado em
meios-chave (partido, oligarquia e sociedade em geral); esta evidência e o mau
relacionamento político pessoal que de há muito mantém com “Kopelipa”,
limitaram antigas capacidades deste para controlar as FA e ter influências no
respectivo meio.
Um
dos primeiros actos de João Lourenço como ministro da Defesa foi providenciar
no sentido de contrariar tendências de interferência no funcionamento das FA e
meio militar provindas do Gen José Maria – referenciando como próximo de
“Kopelipa”, que ficou a dever-lhe o seu ingresso na Casa Militar/GEPA.
2.
Meios competentes consideram mais abalizada a apreciação segundo a qual
“Kopelipa” continua a ser uma figura chave do regime; é a ele que JES confia os
assuntos mais sensíveis/secretos do regime, assim como é o “keep guard” do
sistema de segurança nacional e do dispositivo de segurança e protecção do
Presidente.
É
considerada “procedente” a avaliação de que perdeu capacidades de controlo das
FA por via da saída do anterior ministro, que também era seu parente, e da
entrada de João Lourenço, mas a evidência não é interpretada como representando
o seu declínio político – na actual conjuntura considerado difícil de
acontecer.
A
respectiva linha argumentativa é a de que JES “precisou” de recuperar João
Lourenço, no quadro das suas políticas de reagrupamento interno. Tendo em conta
o seu especial estatuto (considerado equivalente ao de Pitra Neto, este também
com grande aceitação no partido), era necessário oferecer-lhe cargo compatível.
No
quadro criado com a nomeação de João Lourenço, a este ficam cometidas
responsabilidades no plano militar, enquanto a “Kopelipa” ficou reservada a
área da segurança interna. JES revela desde a muito tempo inclinação para
“engenharias de repartição de poder”entre rivais, se possível exercendo em
sobreposição.
3.
“Kopelipa”foi um dos responsáveis políticos que mais dinheiro terá perdido com
o colapso do GES/BES. Em meios com bom conhecimento do assunto circula que
tinha grandes consideráveis aplicações na holding do grupo, ESFG, além de que
teria depósitos volumosos no ES Bank, Dubai; era também accionista do BESA.
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