sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Birmânia discute emenda à Constituição que impede candidatura de Aung San Suu Kyi



01 de Novembro de 2014, 00:48

O parlamento da Birmânia vai discutir uma emenda à Constituição do país que impede a líder da oposição, Aung San Suu Kyi, de ser presidente, anunciou, nesta sexta-feira, o porta-voz da presidência, citado pela agência AFP.

"No que se refere à alteração da Constituição, [as partes reunidas esta sexta-feira] concordaram em discutir no parlamento, tal como exige a legislação", disse o porta-voz, Ye Htut, no final de uma cimeira sem precedentes, realizada na sexta-feira em Naypyidaw, entre o Presidente Thein Sein e os seus rivais, incluindo Aung San Suu Kyi, prémio Nobel da Paz e líder histórica da oposição birmanesa.

De acordo com a AFP, está prevista a discussão e votação de várias mudanças constitucionais, incluindo a norma que proíbe a candidatura à presidência de qualquer pessoa que tenha contraído matrimónio com um cidadão estrangeiro ou com descendentes de outras nacionalidades.

A norma é vista como especificamente desenhada para boicotar a atividade política de Aung San Suu Kyi, que é viúva de um cidadão britânico e tem dois filhos da mesma nacionalidade.

Thein Sein convocou para esta sexta-feira uma reunião com as mais altas patentes do exército e com Aung San Suu Kyi - as primeiras conversações deste tipo no país, poucos dias depois de as autoridades da Birmânia, que adotou o nome oficial de Myanmar, anunciarem que as próximas eleições se vão realizar na última semana de outubro ou na primeira de novembro de 2015.

A situação está a ser seguida de perto pelos Estados Unidos, com o Presidente, Barack Obama, a sublinhar "a necessidade de um processo inclusivo e credível na realização das eleições de 2015", enfatizando o "firme compromisso" de Washington no apoio aos birmaneses "para que possam ter uma nação mais livre, aberta e próspera".

País independente desde 1948, a Birmânia foi um Estado democrático até um golpe de Estado em 1962 ter colocado no poder uma junta militar que instaurou uma ditadura repressiva, que suprimiu toda a oposição politica e manteve Aung San Suu Kyi, filha do herói da independência Aung San, em prisão domiciliária durante 15 anos.

A junta militar abandonou o poder em 2011 e a Birmânia iniciou um lento processo de democratização.

Lusa, em Sapo TL – foto: EPA@ Nyein Chan Naing

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