A informalidade
é uma porta aberta para o trabalho escravo, segundo informou o secretário de
Assalariados da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(Contag), Elias D’Ângelo Borges. No Brasil, há cerca de 200 mil trabalhadores
em situação de escravidão. Com base nessa informação, a Federação dos
Trabalhadores na Agricultura da Paraíba (Fetag-PB) lança a Campanha Nacional de
Enfrentamento ao Trabalho Escravo.
Na
Paraíba, há focos isolados, sem considerar epidemia, de trabalhadores em
situação degradante, mas a principal preocupação é o aliciamento de pessoas
para fora do Estado para o trabalho escravo. O objetivo da campanha, que será
realizada em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT), é
conscientizar os trabalhadores sobre seus direitos e denunciar as formas de
trabalho escravo.
“Hoje
se estima que tenhamos no Brasil em condição de escravidão, 200 mil
trabalhadores, isso é um dado alarmante e na verdade, vergonhoso. Então todas
as iniciativas são importantíssimas no trabalho escravo. Essa campanha é muito
importante porque mobiliza o movimento sindical, principalmente os sindicatos e
a Federação, na questão do trabalho escravo e é claro com o Ministério Público
que tem sido um grande parceiro na luta da preservação dos direitos dos
trabalhadores”, afirmou Elias D’Ângelo Borges.
De
acordo com Elias, a informalidade ainda é um grande problema para o Brasil,
pois cerca de 60% dos trabalhadores rurais vivem nessa situação. “Estão
invisíveis para o poder público e é muito grande. É preciso conscientizar o
trabalhador. Entendo que a informalidade é uma porta aberta para ao trabalho
escravo. É preciso conscientizar o trabalhador que ele não pode e não deve
trabalhar em qualquer condição. Ele precisa ter as condições mínimas, dignas
para trabalhar e não viver nessas condições precárias”, comentou.
A
campanha busca orientar os trabalhadores sobre seus direitos e evitar que se
aceite qualquer tipo de emprego. “A gente sabe que existe o trabalho escravo
porque existe o aliciamento. Na Paraíba, que tenhamos conhecimento, não tem
trabalho escravo. Mas o aliciamento sim. Temos regiões que saem caravana de 15,
20 ônibus para São Paulo e nossa preocupação é fazer com que esses
trabalhadores que saem da Paraíba, eles saiam com carteira assinada, sabendo em
qual empresa vão trabalhar, quais os direitos que eles têm. Nós temos, através
do sindicato lá, acompanhado todos os trabalhadores, antes de ir para São
Paulo, se reúnem no sindicato para ter a sua carteira assinada. Vem um
representante da empresa e ele vai sabendo disso e não vai ter nenhum problema”,
afirmou Liberalino Ferreira, presidente da Fetag, destacando que a preocupação
é a promessa de empresas que aliciam pessoas para fora do estado de origem.
O
procurador do Trabalho na Paraíba e idealizador da campanha, Eduardo Varandas,
explicou que existem duas formas de trabalho escravo. O trabalho escravo rural,
que é o mais tradicional, tem reminiscência do trabalho escravo histórico. “O
trabalho escravo rural é marcado por aquela pessoa que vai aliciar os
trabalhadores, que damos o nome de gato, e leva essas pessoas para fazendas na
região Norte e Centro-Oeste do País, principalmente. Lá os trabalhadores ficam
em locais isolados, submetidos a condições subumanas”, comentou. Já o urbano, é
marcado pela presença de estrangeiros e as pessoas também são submetidas a
situações degradantes.
“Detectamos
recentemente um grupo de cerca de 30 paraibanos sendo escravizado no Distrito
Federal. Temos um estado pobre, assolado pela seca e existe um êxodo muito
grande. Então, o trabalhador se torna extremamente vulnerável às propostas de
trabalho em outras unidades”, afirmou Varandas.
Foto:
Divulgação
Fonte:
Portal Vermelho, em Desacato
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