quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Investigação - Kangamba, o general 'sobrinho' do Presidente que a PJ persegue




Bento dos Santos ou ‘Kangamba’, o general angolano que estará na mira da Policia Judiciária por suspeita de branqueamento de capitais, tem um passado incerto. Desde o tráfico de carne/frango do exército, que o levou à prisão por dois anos, passando por um escândalo no Mónaco, ao qual só escapou por ter visto diplomático, mas também a um processo no Brasil, onde era acusado de manter uma rede de prostituição, o currículo deste general angolano está longe de ser irrepreensível.

Bento dos Santos nasceu a 6 de junho de 1965. Aos 49 anos, depois do envolvimento em várias polémicas, apelida-se de empresário, e do mundo dos negócios destaca-se a propriedade de um clube de futebol, o Kabuscorp, que disputa o campeonato de futebol angolano. Ainda no universo desportivo, em Portugal, já foi o principal patrocinador do Vitória de Guimarães.

No regime angolano já ocupou lugares de destaque, tendo inclusivamente sido inscrito nas listas do Presidente. Mas a sua influência vem do seu casamento. É que Bento dos Santos é casado com a filha de Avelino dos Santos, irmão do Presidente do seu país.

As suas ligações e negócios são longas, densas, opacas ou pouco claras. Ainda durante o ano passado, o sobrinho por afinidade de José Eduardo dos Santos, era notícia em Portugal, no Jornal de Notícias, por um alegado envolvimento num esquema de prostituição no Brasil. 

"O Estado [de São Paulo] apurou que, na "Operação Garina", deflagrada nessa quinta-feira, 24 [de outubro de 2013], a Polícia Federal pediu e a Justiça concedeu a prisão do general Bento dos Santos "Kangamba", caso ele desembarque no Brasil, e incluiu seu nome e o de um comparsa na lista de procurados da Interpol", escrevia o jornal Estadão a 25 de outubro de 2013.

O empresário faria parte de uma rede que seduziria mulheres para venderem o corpo em Angola, Portugal, África do Sul e Áustria, a troco de 10 mil dólares (aproximadamente 7.300 euros). Os investigadores brasileiros estimavam que a rede de Kangamba teria movimentado cerca de 45 milhões de dólares no total, durante os anos em que operou. Em julho deste ano, o general foi ilibado pela justiça brasileira, por falta de provas. 

Na Wikipedia, o nome deste general de três estrelas surge também com um destaque particular. Alegadamente, Bento dos Santos está numa lista vermelha da Interpol, a polícia europeia.

Mas há mais factos no currículo do empresário. A meados de junho do ano passado, segundo o Diário Económico, o nome de Kangamba surgia novamente na imprensa europeia.

O jornal La Provence dava conta de que a polícia alfandegária francesa tinha apreendido 3 milhões de euros no porta-bagagens de dois Mercedes com matrícula portuguesa. Dessa apreensão, resultaram cinco detidos, de nacionalidades portuguesa, angolana e cabo-verdiana, acusados de branqueamento de capitais e crime organizado.

E entre os homens detidos em França encontravam-se, supostamente, Carlos Silva, funcionário de Bento Kangamba em Portugal, e José Francisco 'Chico Kamanguista', seu amigo.

No seguimento deste episódio, vários sites dão conta de que José Eduardo dos Santos, de visita a Barcelona, Espanha, terá convocado o sobrinho de emergência. Na altura, Kangamba estava no Mónaco e envolvido no processo acima descrito, estando as autoridades francesas no seu encalço. É que os três milhões de euros teriam um destinatário: o general.

Já em tempos idos, o nome de Kangamba foi associado a uma polémica envolvendo a venda de carne/frango do exército, processo que lhe valeu uma pena de prisão de dois anos, depois de duas vendedoras terem feito queixa de Bento, alegando que lhe tinham pago a mercadoria mas que não tinham recebido qualquer produto.

Esta quarta-feira, segundo os relatos da imprensa nacional este homem volta estar na mira das autoridades, nomeadamente das portuguesas, com a Polícia Judiciária a fazer diversas buscas por suspeitas de envolvimento num esquema de branqueamento de capitais.

Noutros casos menos mediáticos, de referenciar que, em 2002, o Supremo Tribunal angolano condenou Bento à pena de quatro anos de prisão por crime de burla, ficando este ainda encarregue de pagar 75 mil dólares às empresas Nutritiva e Lokali.

Ainda a 7 de maio de 2012, um tribunal de Sintra, ordenou a penhora de bens detidos por Bento dos Santos para a execução de uma dívida de mais de um milhão de euros, que tinha para com Manuel Lapas.

Entre os bens apreendidos constavam um apartamento, em Oeiras, dois Mercedes de luxo e seis contas bancárias em entidades portuguesas.

Notícias ao Minuto

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