segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Moçambique - Renamo: A MANIA DA PERSEGUIÇÃO POLÍTICA



Roger Godwin – Jornal de Angola, opinião

No rescaldo das eleições moçambicanas e de forma pouco surpreendente, infelizmente, o principal partido da oposição, a Renamo, deu mais um mau exemplo daquilo que é o estratégico preconceito da “perseguição política” ao não aceitar, com o devido sentimento democrático, aquilo que foi a esmagadora vontade que o povo expressou nas urnas em relação a configuração do novo poder.


Independentemente daquilo que foi mais um exemplo de mau perder e de pouca conformidade com a realidade política do próprio país, o que na verdade se pode dizer é que a posição assumida pela Renamo já era mais ou menos esperada.

Infelizmente, desde a proclamação da independência do país que o principal partido da oposição vem dando suficientes e repetidas provas de não estar verdadeiramente interessado em participar no esforço nacional de construir uma democracia participativa que possa proporcionar ao povo moçambicano a possibilidade de poder optar entre dois projectos considerados como de verdadeiro interesse nacional.

Ao optar por se colocar à margem do diálogo político, a Renamo remeteu-se por vontade própria a uma posição de inimiga da democracia que busca na luta das armas a forma de atingir o poder, ao mesmo tempo que reafirma a recusa num relacionamento fraterno e construtivo com uma população que, repetidamente, tem dado exemplos de uma enorme maturidade política e democrática mas, também, de uma sábia paciência.

Um dos grandes problemas da Renamo, assim como dos outros partidos que pelo continente africano fora nos habituaram de forma perversa a não confiar na vontade do povo, é que nunca teve um verdadeiro projecto de governo, acomodando-se no papel de uma oposição belicista, ameaçadora e totalmente desfasada daquilo que é a essência da verdadeira democracia, onde cada grupo desempenha o papel que lhe foi confiado nas urnas.

Em Moçambique, como noutros países, quem ocupa o poder e assim governa com absoluta legitimidade, infelizmente, não tem podido contar com a contribuição de uma oposição empenhada na defesa do bem comum, esgrimindo os seus argumentos políticos no local próprio e sem necessidade de recorrer a manobras de diversão para esconder a sua incapacidade em ser aceite pelo próprio povo que diz defender.

Habitualmente, o recurso às armas tem sido o denominador comum desses partidos que assim empurram os seus países para guerras fratricidas, de onde ninguém sai a ganhar e nas quais o povo é o grande e sistemático perdedor. A história já nos ensinou que esses partidos, desesperados por se verem votados ao ostracismo pela esmagadora maioria dos respectivos povos, fazem da ameaça, da arruaça e da calúnia o seu principal argumento para explicar os desaires eleitorais, raramente tendo a humildade de reconhecerem os seus fracassos.

Quem ganha, por mais que se esforce em tentar integrar os perdedores, raramente tem destes a colaboração esperada sucedendo, numerosas vezes, que se sentem abandonados e depois atacados por aqueles a quem, democraticamente, estendem a mão.

O que se desenha para Moçambique com a posição assumida pela Renamo em relação a esmagadora vitória da Frelimo é a forte possibilidade de mais um infeliz regresso às armas, com o consequente derramamento de sangue de gente inocente e que se vê empurrada, por circunstâncias várias, para situações de conflito que não ajudou a criar e das quais guarda amargas recordações.

O líder do principal partido da oposição, Afonso Dlakama, que há um ano anunciou o regresso ás matas para o reinício da luta armada, aceitou participar nestas eleições  e comprometeu-se em respeitar o veredicto popular, tendo mesmo garantido que nunca mais regressaria a rebelião nem facilitaria qualquer tipo de contestação belicista.

Porém, mal as urnas tinham fechado e quando já se desenhava de forma clara e convincente a certeza de que a esmagadora maioria do povo escolheu ser dirigido pela Frelimo, inverteu a sua posição e anunciou que não reconhecia o resultado das eleições, repetindo a já gasta tecla das “irregularidades” e das “fraudes” com que os perdedores tentam sempre mascarar a sua incompetência política.

Nos tempos que se avizinham as autoridades de Moçambique necessitam contar com o apoio daqueles que acreditam que o povo é soberano na escolha dos seus líderes de forma a evitar que volte a jorrar o sangue de uma juventude ávida de um futuro que alguns lhe teimam em negar.

Numa altura em que em Moçambique começam a despontar algumas potencialidades económicas resultantes de um inexplorado e, por via disso, ainda pouco valorizado filão petrolífero e de gás, aquilo de que o país mais necessita é de paz e de tranquilidade para que possam ser criados e geridos projectos que possibilitem a criação de infra-estruturas básicas para a população.

O povo moçambicano não merece que os seus sonhos de uma vida melhor sejam novamente adiados pelo desejo daqueles que teimam em não aceitar a expressão eleitoral da sua vontade.

1 comentário:

Anónimo disse...

amigo investigue mais. as eleicoes moçambicanas estao constantemente fraudadas e nem de longe reflectem a vontade popular.
abraços

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