Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
Segundo
dados do INE, em 2012, as micro, pequenas e médias empresas (99,9% do total de
empresas) foram responsáveis por 60,9% do volume de negócios empregando mais de
3 em cada quatro trabalhadores. As grandes empresas (as restantes 0,1%) são
responsáveis por 39,4% do volume de negócios empregando pouco mais de 2 em cada
10 trabalhadores.
Mantendo-nos
na análise do ano de 2012, últimos dados disponíveis, os resultados líquidos de
todas as empresas não financeiras foi de 3.338,5 milhões de euros. No entanto,
os resultados líquidos das grandes empresas (1015 de 1062782) foram de 3.861,8
milhões de euros, ou seja, as restantes 99,9% das empresas apresentaram, em
conjunto, um saldo líquido negativo de 523,3 milhões de euros. Estes dados
permitem-nos concluir que a nova redução do IRC para 21% (em 2013 era de 25%) é
um benefício exclusivo para os accionistas das grandes empresas, dado que as
outras 99,9% não têm apresentado lucros, que nem poderá ser justificável pelo
emprego que criam.
Eugénio
Rosa fez as contas para o caso da EDP. Considerando os lucros líquidos do
primeiro semestre deste ano, 502 milhões de euros, com uma taxa de IRC de 25%
(2013) pagaria 125,5 milhões euros com uma taxa de 21% (2015) pagará apenas
105,4 milhões euros. Mantendo-se os resultados da empresa no segundo semestre e
apenas com a redução da taxa de IRC, o Estado perderá 40,2 milhões de euros por
ano que irão directamente para os accionistas da empresa.
Passos
Coelho diz-nos que o Orçamento do Estado para 2015 "é o que pode
ser". E "o que pode ser" é uma redução do IRC em quatro pontos
percentuais com uma perda de receita fiscal estimada em 892 milhões de euros/ano
e a manutenção da sobretaxa extraordinária nos rendimentos da família estimada
em 700 milhões de euros/ano. A manutenção da sobretaxa do IRS é o que pode ser dado
aos accionistas das grandes empresas.
Escreve ao sábado
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