Cartas do Flávio Leandro
Flávio
Leandro - Afropress
Meus
amigos e minhas amigas.
Uma
pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela-nos
a cruel e hedionda realidade que acerca o cidadão negro brasileiro diante dos
rigores da justiça criminal. A pesquisa, publicada nesse 27 de novembro
passado, aponta que numa comparação racial, o cidadão branco recebe mais
direitos às penas alternativas, enquanto o cidadão negro vai é para a cadeia
mesmo. Parece que o cidadão negro brasileiro está fadado a ser punido pela cor
da sua epiderme.
A
pesquisa do IPEA traz à luz uma verdade há séculos registrada nos
anais jurídicos do país: a Justiça brasileira não é cega, é caolha. Com o olho
cego privilegiam os crimes cometidos pelos cidadãos brancos, principalmente e,
sobretudo, os de boa situação econômica. Com olho que vê manda para os
cubículos e celas superlotadas dos presídios os cidadãos negros.
É
revoltante ver assinalado na pesquisa que, enquanto 41,9% dos acusados em Varas Criminais
eram brancos, 57,6% eram negros. Já nos Juizados Especiais – que analisam casos
de menor potencial ofensivo –, a ordem é inversa, com 52,6% dos réus eram
brancos e 46,2%, negros.
Essa
situação patenteia a forma preconceituosa e parcial com que os magistrados
julgam as causas que lhe são atribuídas. O martelo bate mais forte contra os
cidadãos negros.
Segundo
os responsáveis pela pesquisa seria imperativo que os governantes brasileiros
atentassem para "os processos de construção de desigualdades e de
reprodução de opressões nas instituições brasileiras, que conferem a cor negra
aos nossos cárceres".
A
justificativa fajuta de juízes e promotores de Justiça é que existem maiores
números de criminosos da cor negra, por isso o percentual de apenados é maior.
Não
é o que mostra a crônica policial e jurídica do Brasil. Na roubalheira
generalizada que assola as estatais e os cofres públicos no país, cem por cento
dos ladrões são brancos e ricos; no escândalo do mensalão também. Suzane
Richthofen e os irmãos Cravinhos; o pai, a madrasta e amiga assassinos do
menino Bernardo; o padrasto e a mãe assassinos do menino Joaquim... São todos
criminosos cruéis e não são negros.
Uma
pergunta que não quer calar: e a SEPPIR, Secretaria de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial? Sabia dessa estatística? Se era sabido por que nunca se
manifestou? Não é uma Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial?
Talvez
a SEPPIR esteja mais interessada em continuar representando o papel no qual tem
demonstrado ser de grande eficiência: a de latrina política do Governo do PT.
Abraços
a todos.
Flávio
Leandro
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