sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Brasil – Eleições: Dilma pode liquidar fatura enquanto Marina e Aécio disputam 2º lugar voto a voto



Correio do Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo

As 48 horas que antecedem as eleições presidenciais no Brasil foram previstas, na Constituição, para que o eleitor possa refletir sobre a decisão a ser tomada no domingo. Para dormir e acordar depois de um debate entre os candidatos, realizado pela Rede Globo, em uma das mais controvertidas edições deste expediente, que deveria servir para que o eleitor consolidasse sua opinião acerca de quem poderá governar o país nos próximos quatro anos. Na sétima escolha direta do presidente brasileiro, desde a redemocratização do país, em 1985, não há definição sobre um segundo turno que, se chegar a acontecer, segue indefinido quem poderá disputá-lo com a presidenta Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição e lidera as pesquisas de intenção de votos.

A pesquisa Datafolha divulgada na véspera, coloca Dilma na liderança, com 40% de intenções de voto, com Marina e Aécio empatados, numericamente, com 24% e 21%. Em uma outra pesquisa, do Instituto Ibope, também veiculada na noite anterior, as projeções de votos válidos colocavamDilma com 47%, contra 28% para a adversária do PSB/Rede Sustentabilidade e 22% para o candidato tucano. Segundo analista político ouvidos pelo Correio do Brasil, nesta sexta-feira, “não seria exagero considerar a vitória de Dilma já em primeiro turno, diante deste quadro”. Nas últimas pesquisas Ibope, a presidenta seguiu em uma escalada de 42%, 43%, 45% e, agora, 47% das intenções de votos válidos, quando são desconsiderados os brancos e nulos. Nesse ritmo, faltariam 3 pontos percentuais mais um voto para encerrar a disputa agora, no primeiro turno. O Datafolha também aponta 3 pontos percentuais na diferença entre Marina e Aécio. Ou seja, uma pequena variação na escolha dos eleitores poderá configurar mudanças definitivas no rumo das eleições.

A pesquisa Istoé/Sensus, divulgada nesta tarde, confirma a disputa voto a voto pela vaga em um previsto segundo turno. De acordo com a pesquisa, Marina Silva, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB, estão tecnicamente empatados. No entanto, a diferença entre os dois, que era de 4,3 pontos na semana passada, encolheu para apenas 1,9 ponto percentual. A pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre a terça-feira, 30 de setembro, e esta sexta-feira, indica que 14,4% dos eleitores admitem mudar de voto e que outros 9,4% ainda não definiram em quem votar para a sucessão presidencial. É esse universo de aproximadamente 35 milhões de eleitores que irá definir quem deverá enfrentar a presidenta Dilma Rousseff (PT) no segundo turno: Aécio Neves (PSDB) ou Marina Silva (PSB). A tendência percebida, segundo Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus, é a de que o tucano passe para a fase final da disputa.

– Os números mostram que Marina vem perdendo votos diariamente, em movimento contrário ao de Aécio, que em menos de um mês teve um crescimento de pontos percentuais no índice de intenção de voto. Soma-se a isso o fato de que a perda de votos da candidata do PSB vem acompanhada de um aumento no seu índice de rejeição, o que representa uma dificuldade maior da candidata para obter o voto indeciso ou o voto mais volátil – adiantou. O levantamento, realizado em 136 municípios de 24 Estados, mostra que o índice de eleitores que afirmam não votar em Marina de forma alguma saltou de 33% para 38,8% apenas nos últimos sete dias. No mesmo período, a rejeição ao tucano praticamente não variou.

Aécio e o aeroporto

Embora Dilma seja presença garantida no possível segundo turno, sua campanha trabalha para liquidar a fatura já no próximo domingo. De qualquer forma, terá seguido em frente nesta eleição que cruzou as manifestações de Junho do ano passado, uma Copa do Mundo, em Julho deste ano, e a comoção pela morte do presidenciável Eduardo Campos. A tranqulidade com que o eleitor brasileiro superou cada um desses obstáculos consolida a democracia brasileira, apesar de todas as tentativas de candidatos, de partidos inteiros – ainda que nanicos – de radicalizar o processo, como no debate desta madrugada.

Novamente, os melhores momentos couberam a Luciana Genro, na avaliação do jornalista Paulo Nogueira, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo:

“Foi brilhante sua reação a uma deselegância de Aécio quando ela o questionou sobre o aeroporto que ele mandou construir em terras da família com dinheiro público. Desnorteado, sem encontrar palavras que expliquem o aeroporto, ele esticou o dedo para Luciana Genro. Imediatamente ela ordenou que ele baixasse o dedo. E ele baixou, depois da bofetada moral que levou”, acrescenta.

Ainda segundo o diretor editorial, “logo no começo, ela aproveitou para falar o que pensava daGlobo em plena Globo. Não poderia perder a oportunidade, e não perdeu. Luciana Genro disse também certas verdades inconvenientes a Marina, e arrancou dela uma declaração vital. Num tributo involuntário a Luciana Genro, Marina disse que seu programa é parecido com o dela, Luciana, e não com o de Aécio. Marina completou ali o giro total que ela deu nas suas propostas. Premida pela queda nas intenções de voto, ela acabou indo para a esquerda, depois de começar com um discurso de centro direita, parecido com o de Aécio”.

Fidelix infeliz

“Flexibilizar as leis trabalhistas se transformou em estendê-las para empregados que não estão protegidos pela CLT. Até para o Bolsa Família ela anunciou uma novidade: um 13º. É presumível que seu guru econômico, o ortodoxo Eduardo Giannetti, tenha engasgado diante da nova Marina, tão identificada com Luciana Genro que chegou a usar o pronome ‘tu’ em certo momento. Giannetti dissera, antes da transformação, que os compromissos sociais só seriam cumpridos se e quando o orçamento permitisse. Marina está dizendo o oposto, e há aí uma dissonância cognitiva que deve redundar numa crise na equipe de Marina. Informalmente, é como se ela tivesse despedido Giannetti e companheiros de ortodoxia”.

Para Nogueira, “Luciana Genro foi aguda, também, ao perguntar a Dilma o que pensa da taxação das grandes fortunas. É uma pena que Dilma não tenha respondido. No encontro com blogueiros, diante de outro ponto vital para o avanço da sociedade, a regulação da mídia, ela respondeu com firmeza e clareza. Foi ainda Luciana Genro quem trouxe a criminalização da homofobia para o centro do debate nacional ao perguntar, no debate anterior, a Levy Fidelix o que pensava do assunto. Disse, em outro artigo, e repito aqui: Luciana Genro não vai ganhar, e nem passará para o segundo turno”.

“Mas, e isto ninguém lhe tira, ela dinamizou o debate político nestas semanas de campanha com sua verve, com sua inteligência, com sua coragem e com sua sinceridade. A expressão “nova política” acabou se tornando uma piada, no decorrer das últimas semanas. Mas, se alguém emergiu desta campanha com ideias que merecem ser chamadas de novas, é essa gaúcha ousada e intrépida que, cachos ao vento, capturou o Zeitgeist, o espírito do tempo – aquele sentimento que comandou as Jornadas de Junho, nas quais a voz rouca das ruas disse não à política que está aí”, afirmou.

Leia mais em Correio do Brasil

Portugal: SÓ O SALÁRIO É MÍNIMO



José Manuel Pureza – Diário de Notícias, opinião

Se os compromissos com os credores fossem mesmo para cumprir - como tanto sublinha quem nos governa - os trabalhadores portugueses já deviam receber 500 euros de salário mínimo desde 2011. Foi esse o compromisso assumido pelo governo português de então, mas a verdade é que, por estas e por aquelas, nem ele nem o seu sucessor alguma vez o honraram. Sócrates invocou como desculpa a crise que então estalava. E Passos Coelho radicalizou o argumento com fanatismo ideológico: em março de 2013 afirmava que "elevar, nesta altura, o salário mínimo nacional em Portugal seria criar um sobrecusto para as empresas e, portanto, criar mais uma barreira para o emprego", pelo que "a medida mais sensata que se pode tomar é exatamente a oposta".

Passaram três anos. E na mesma semana em que ficámos a saber que a família Espírito Santo recebeu cinco milhões de euros de comissões do negócio dos submarinos, o governo fez soar trombetas sobre a sua extrema generosidade e o seu apuradíssimo sentido social e aumentou o salário mínimo líquido em 17 euros. Com mais de três anos de atraso. Mas quando não há mais nada para mostrar em ano de eleições - o mito da retoma é cada vez mais isso mesmo, mero mito, e o incumprimento das metas anunciadas para o défice torna-o ainda mais penalizador -, renegar a demonização anterior é o menor dos males.

Ora, com esta subida do salário mínimo, o governo menorizou danos políticos próprios e danos económicos alheios. Do patronato, só podia. Associar a subida do salário mínimo à redução da parte dos patrões na taxa social única é, na verdade, um sinal político de grande importância: o governo mostra inflexibilidade no propósito de não reequilibrar minimamente o que desequilibrou maximamente - a distribuição de rendimento entre o trabalho e o capital. Esta redução dos encargos dos patrões como contrapartida de um aumento indigno de um salário mínimo indigno configura uma negociata política indigna. Foi negociata, sim. Para obter os seus dividendos políticos, o governo nem se importou de reduzir a concertação social a uma caricatura de si própria, com a cumplicidade da prestável UGT. Sempre lesto a revelar os segredos que o poder quer que sejam do domínio público, Marques Mendes confidenciou a centenas de milhares de portugueses que tudo se resumiu a um acordo trabalhado num "encontro privado, com muito sigilo" entre Passos e o presidente da UGT. Concertação coisa nenhuma - com este negócio à sorrelfa, as profissões de fé do PSD e do CDS nas virtudes do diálogo social mostraram o que realmente valem.

A única entidade verdadeiramente sincera e transparente em todo este processo foi a Comissão Europeia, justiça lhe seja. A ousadia de subir (mesmo sem calendário definido...) um dos salários mínimos nacionais mais baixos da União Europeia fez soar as campainhas de alarme em Bruxelas. Que não, que é perigoso, que só se não houver subida geral da massa salarial, que nem pensar em dar sinais errados ao povo porque a correção do défice é que é. Pois. Em nome do que não aconteceu nem vai acontecer, a Comissão põe o governo em sentido e ameaça-o com castigo se lhe ocorrer lembrar-se dos pobres. É por estas e por outras que ninguém quer ser amigo da troika e que mesmo os seus mais zelosos servidores, como Carlos Moedas, juram a pés juntos que sempre acharam que aquilo não era gente de fiar e que as discordâncias foram tantas, que nem se lembram de quantas foram ao certo.

Há, todavia, algo nisto tudo que não deixa de me causar perplexidade: tanto segredo, tanta engenharia financeira, tanto alarme só por 17 euros a mais no bolso de um pobre?

Portugal: Os donativos a ONG de Passos serviam para gastar com pessoal




Mais de 90% dos donativos que o Centro Português para a Cooperação (CPPC) recebeu, Organização Não Governamental fundada, entre outros, por Pedro Passos Coelho e ligada à Tecnoforma, destinou-se ao pagamento a colaboradores, adianta a edição desta sexta-feira do Diário de Notícias.

Primeiro, Pedro Passos Coelho esqueceu-se. Ao sétimo dia, Pedro Passos Coelho lembrou-se. Falamos das alegadas verbas que o primeiro-ministro terá recebido das mãos da Tecnoforma quando supostamente era deputado em regime de exclusividade.

Ora, depois de um lapso de memória, o chefe do Governo afirmou perante o Parlamento que o dinheiro que havia embolsado apenas dizia respeito a despesas de representação. Por que levou uma semana a recordar-se, ficou por esclarecer.

Mas o polémico caso promete ainda dar que falar. A edição de hoje do Diário de Notícias avança que a ONG adstrita à Tecnoforma, que teve em Passos Coelho um dos seus fundadores, aplicava mais de 90% dos donativos a pagar aos colaboradores.

De acordo com o Relatório e Contas relativo ao ano de 1998 do Centro Português para a Cooperação (CPPC), dos 15.600 contos (75,8 mil euros) encaixados, 14.542 contos (72 mil euros) serviram para remunerar colaboradores, indica a mesma publicação.

Isto, quando as despesas com pessoal se haviam fixado em zero e em 3.200 contos (16 mil euros) nos dois anos anteriores.

Saliente-se que o caso Tecnoforma ‘rebentou’ com uma denúncia assinada de forma lacónica por ‘Vasco’, que dava conta do pagamento de 150 mil euros a Pedro Passos Coelho, que nunca teriam sido declarados pelo então deputado da Assembleia da República. O líder do Executivo viria, então, a admitir ter recebido despesas de representação por parte daquela empresa, sem no entanto clarificar o valor em causa.

Notícias ao Minuto

Leia mais em Notícias ao Minuto

SEGREDOS DO RESGATE FINANCEIRO



Pedro Bacelar Vasconcelos – Jornal de Notícias, opinião

A TVI 24 exibiu esta semana no "Observatório do Mundo" um excelente documentário de Harald Schumann, editor do jornal diário berlinense, "Tagesspiegel". O filme está disponível na Internet e intitula-se "Os segredos do resgate financeiro" (PBS - Frontline). O autor confronta os responsáveis políticos com os resultados da aplicação dos programas de austeridade nos países resgatados, as dramáticas consequências económicas e sociais que provocaram, a incapacidade de travar o agravamento da dívida onerada por encargos financeiros galopantes, em casos tão diversos como o da Irlanda, Espanha e Chipre. No verão passado, Schumann veio a Portugal para avaliar os efeitos do resgate na sociedade portuguesa e tentou entrevistar a ministra das Finanças, o ministro da Solidariedade e o recém-nomeado comissário europeu para a Ciência e as Tecnologias que, por essa altura, desempenhava as funções de secretário de Estado encarregado da coordenação do "programa de ajustamento". Porém, curiosamente, nenhum dos membros do Governo que foram convidados - Maria Luís Albuquerque, Pedro Mota Soares e Carlos Moedas - se disponibilizou para lhe conceder a entrevista! Em conferência de Imprensa divulgada na edição do jornal "Público" de 4 de julho de 2014, o jornalista alemão queixou-se de que os ministros e o secretário de Estado portugueses sistematicamente adiavam ou pura e simplesmente deixavam sem resposta os seus pedidos sucessivos de audiência. "Oficialmente, disseram-nos que os governantes não queriam participar num documentário que só será exibido em janeiro próximo e que, até lá, muitas coisas poderiam acontecer, tornando os seus depoimentos desatualizados. Como o que queríamos deles era uma avaliação do que aconteceu ao longo do programa de ajustamento, creio que estas razões não são credíveis".

Este comportamento dos governantes portugueses torna-se ainda mais surpreendente quando confrontado com a atitude de outros governantes europeus que não se furtaram à "incomodidade" das perguntas que lhes fizeram. Com efeito, o documentário pode contar com os depoimentos de Brian Hayes, ministro-adjunto das Finanças da Irlanda, de Luis de Guindos, ministro das Finanças de Espanha, de Jorg Asmussen, membro do Conselho Executivo do Banco Central Europeu, e até inclui uma conversa bem esclarecedora com Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças da Alemanha!

O que fica claramente demonstrado, sem contestação - apesar de todos os entraves levantados à divulgação dos nomes dos "beneficiários" - é que foram os bancos alemães, franceses e ingleses os reais destinatários dos resgates das dívidas soberanas e que os investidores que provocaram a crise financeira internacional, motivados por intuitos especulativos com base numa deficiente avaliação dos riscos existentes, puderam apesar de tudo recuperar os seus créditos à custa dos contribuintes dos países endividados. O que o ministro das Finanças alemão não conseguiu refutar é que, ao contrário da ideia de que seriam os contribuintes alemães que estão a "ajudar" os países endividados, efetivamente, são os cidadãos destes países quem está a pagar as dívidas dos seus bancos, a pretexto da necessidade de evitar a qualquer custo aquilo que designam como um "risco sistémico" que ficou por demonstrar: que a insolvência de um banco fatalmente arrastaria, como as pedras do "dominó", a falência de todos os outros.

Como pode a União Europeia mergulhar nesta espiral de miséria e desespero? Eduardo Paz Ferreira publicou agora um livro - "Da Europa de Schuman à "Não" Europa de Merkel" - onde nos oferece um importante contributo para a indispensável compreensão das raízes profundas da decadência europeia. É o testemunho lúcido de um europeísta que se atreve a exercer a sua autonomia crítica para identificar os erros cometidos e abrir caminho ao "resgate" urgente da própria Europa. Temos razões para acreditar que o novo líder do principal partido da oposição, António Costa, compreende a complexidade deste cenário e será capaz, em Portugal e na Europa, de congregar vontades para promover a solidariedade de que a Europa anda tão esquecida e promover novas políticas cuja necessidade começa a recolher um crescente consenso.

CATALÃES VÃO MANTER CONVOCATÓRIA DE REFERENDO




O presidente catalão Artur Mas e os partidos que apoiam a consulta independentista acordaram esta sexta-feira manter a convocatória para 9 de novembro e pedir ao Tribunal Constitucional que levante "com celeridade" a suspensão.

Francesc Homs, porta-voz do Governo regional, explicou que essa foi uma das principais decisões da reunião de cerca de três horas e meia entre o Governo e as forças pró-consulta, que continuará ainda esta sexta-feira à tarde.

Participam no encontro representantes da Convergência e União (CiU), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Iniciativa Catalunha Verdes (ICV) e Compromis (CUP).

Os participantes, que podem voltar a encontrar-se durante o fim-de-semana decidiram "manter a convocatória com a vontade de que a cidadania possa participar e exercer o direito a voto no dia 9 de novembro".

Recordou que foi já pedido ao Tribunal Constitucional para que levante "com celeridade" a suspensão da lei de consultas e o decreto.

Vão ainda realizar uma "análise exaustiva" para procurar que a consulta se realizar nas "melhores condições" democráticas.

Entretanto, em Madrid, a vice-presidente do Governo, Soraya Saénz de Santamaría, disse aos jornalistas que o Governo vai ao Tribunal Constitucional por considerar que o presidente catalão, Artur Mas, incumpriu a suspensão da consulta ao ter assinado o decreto de criação da junta eleitoral.

Depois da reunião do Conselho de Ministros Saénz de Santamaria explicou que o Governo quer assim paliar o recurso já apresentado ao TC para incluir este decreto, sem que seja necessário novo procedimento do Conselho de Ministros.

"Os cidadãos têm direito a saber que as resoluções dos tribunais se cumprem e se respeitam", afirmou a vice-presidente.

"Ninguém pode desenhar a democracia à sua medida porque está desenhada à medida dos direitos dos espanhóis", disse ainda.

Na foto: Os participantes decidiram "manter a convocatória - ALBERT GEA/REUTERS

Jornal de Notícias

Leia mais em Jornal de Notícias

CHINA ADVERTIU EUROPA PARA NÃO A JOGAR CONTRA A RÚSSIA



Nina Antakolskaya – Voz da Rússia

A China anunciou as visitas do primeiro-ministro Li Keqiang à Alemanha e à Itália, e ao mesmo tempo advertiu a Europa sobre a futilidade de novas tentativas de contrapor a China e a Rússia.

Pequim está disposto a usar qualquer oportunidade de negócio que se apresenta no mercado russo no contexto da deterioração das relações da Rússia com a União Europeia. Isto foi declarado pelo embaixador da China na Alemanha Shi Mingde uma semana antes do encontro de Li Keqiang com a chanceler alemã Angela Merkel.

A declaração do embaixador foi feita em 2 de outubro. No dia em que o Ministério das Relações Exteriores chinês anunciou que de 9 a 15 de outubro Li Keqiang vai fazer visitas à Alemanha, Rússia e Itália. Isso não é coincidência. É um evidente passo preventivo. É um apelo para parar de incentivar a Pequim a erguer uma “muralha da China” contra a Rússia.

“Nós queremos laços econômicos muito estreitos com a Rússia”, enfatizou o embaixador. “Queremos que as relações entre a Rússia e a União Europeia melhorem. Mas quando surgem oportunidades para aprofundar a cooperação com a Rússia, por que não aproveitá-las? Isso é óbvio. Nós não começamos esse conflito”, notou o embaixador irônica e abertamente. Tal maneira de falar, a propósito, não é inerente aos diplomatas chineses.

Assim, da Alemanha, a China sinalizou à Europa que vai ocupar os nichos dos europeus no mercado russo que se estão abrindo devido às sanções contra a Rússia. Isso não vai ser fácil, acredita o perito em Alemanha do Instituto da Europa, Vladislav Belov:

“Apesar de todas as dificuldades, por enquanto, as empresas alemãs continuam dispostas a fazer negócio. Elas são contra as sanções, criticam ativamente essa política, e os círculos empresariais confirmam a sua vontade de ser um parceiro de negócios da Rússia. E elas confirmam-no tal como a China. Isso está acontecendo ao nível de empresas e companhias específicas. Portanto, os parceiros chineses terão de fazer um esforço e, já em condições de competição aberta e justa, tentar ocupar os nichos nos quais as empresas alemãs operam. Eu suspeito que isso vai ser bastante difícil”.

A Europa continua a ser parceira da Rússia, declarou o presidente russo, Vladimir Putin, no fórum internacional de investimento Rossiya Zovet (A Rússia Chama) realizado em Moscou em 2 de outubro. Mas a China é a principal prioridade. Após o discurso do representante da China no fórum, o presidente notou que ela não se tornou uma prioridade por a Europa estar abandonando a cooperação com a Rússia:

“Tenho a certeza de que, quando o representante da China falou das capacidades dos fundos de investimento, todos ficaram impressionados. Logo que se começa a ouvir esses números – e eles são reais, não inventados, isso nos faz pensar como responder à pergunta de como usar o crescimento da China nas economias de outros países. E a Rússia também está pensando nisso. Foi para isso que foram criadas a Organização de Cooperação de Xangai e o BRICS. É nossa escolha consciente que foi feita já há muitos anos”.

Nos próximos anos, a Rússia pretende desenvolver as relações comerciais com parceiros dos BRICS, confirmou Vladimir Putin. Isso não é uma resposta condicionada, e muito menos forçada, ao Ocidente por suas sanções antirrussas. É uma estratégia que a Rússia elaborou juntamente com a China, Índia, Brasil e África do Sul no interesse do desenvolvimento comum.

Foto: RIA Novosti/Sergey Guneev

Leia mais em Voz da Rússia

EUROPA: EM BUSCA DA RAZÃO POPULISTA




Continente precisa desesperadamente de ruptura democrática, capaz de restabelecer direitos sociais e desfazer mito oligárquico que associa “povo” às baixas paixões

Nuno Ramos de Almeida – Outras Palavras

Há uma acusação que circula no combate político europeu: quando alguém quer desqualificar o adversário, apoda-o de “populista”. Aparentemente, o grande perigo que as nossas sociedade correm não é estarem em crise; não é a política ser monopólio dos poderosos; não é a economia estar fora da área de decisão dos cidadãos; não é a corrupção ser um mecanismo normal de funcionamento do sistema; não é a destruição do Estado social, que foi conquistado pela luta de gerações; não é as pessoas serem enviadas para a pobreza sem retorno; não é os jovens serem obrigados a emigrar e os velhos empurrados para a morte – o que é verdadeiramente grave para os habituais comentadores é a subida do “populismo” na Europa.

É importante esclarecer o seguinte: nós precisamos do populismo como de pão para a boca. Dito de outra forma, a nossa situação de crise social, política e econômica deriva da existência de um regime que serve unicamente uma pequena elite. A crise é o nome de uma máquina de guerra, de alguns, que transformou uma sociedade injusta numa ainda mais desigual, a pretexto dessa mesma crise.

A razão por que 99% da população está muito mais pobre e 1% mais rica, e desta 0,01% riquíssima, é que o poder na sociedade está nas mãos dessa ínfima minoria.

Mais que medidas pontuais, o que é necessário é reverter este processo: o poder numa sociedade não pode estar nas mão de uma minoria para satisfazer os interesses de uma casta política e econômica que vive dos lucros de negócios garantidos suportados pelos contribuintes. Para isso é necessária uma ruptura populista que inverta a lógica do poder. Necessitamos de uma democracia que seja exercida pela maioria da população e sirva os seus interesses, e não de um regime que tem como única preocupação a salvação dos credores e dos especuladores.

No seu livro A Razão Populista (2005), o pensador Ernesto Laclau disseca as premissas elitistas que estão por trás da associação, antidemocrática, que identifica o “povo” com as baixas paixões que podem ser convocadas pelos demagogos. Ele defende que a ameaça à democracia contemporânea não está neste sobressalto plebeu, mas no estreitamento oligárquico da democracia por minorias que escapam ao controlo popular.

Neste momento de crise há a possibilidade de convocar uma ruptura populista que não tenha nada que ver com os populismos xenófobos que identificam o inimigo com o imigrante do lado ou os elos mais fracos da sociedade, mas que articule identidades populares para se constituírem em oposição aos verdadeiros e poderosos inimigos desta democracia: um regime de casta que serve sempre os mesmos e se disfarça por uma mera alternância eleitoral.

Como defende Marco d’Eramo no seu artigo “O populismo e a nova oligarquia”, na New Left Review n.o 82, citado pelo politólogo Iñigo Errejón, a Europa atravessa um momento significativo em que a ofensiva oligárquica avança com a sua estratégia de empobrecimento e é preciso reivindicar uma verdadeira política que dê voz à maioria da sociedade para a construção do bem comum.

Na foto: Lisboa, 03/2013: centenas de milhares de portugueses saem às ruas, em dezenas de cidades, contra políticas de favorecimento à oligarquia financeira. Foram mantidas, como se “povo” fosse um ator político desprezível

Leia mais em Outras Palavras
O retorno de George Orwell - Por JOHN PILGER - Como despolitização, mídia submissa ao Estado e cinismo dos intelectuais estão produzindo, nas antigas democracias ocidentais, um ambiente “1984 high-tech”

EGIPTO PROCURA RUMO



Roger Godwin – Jornal de Angola, opinião

À medida que se acentua a aceitação popular do novo presidente, o ex-general  Abdel Sisi, mais confusão faz a incapacidade da justiça em resolver os problemas que ainda impedem o Egipto de reencontrar, de vez, o rumo para um futuro que seja capaz de reerguer as potencialidades do passado, naquilo que poderia ser um amplo programa de reconciliação nacional.

Passados que foram, com distinção, os primeiros cem dias de presidência o general Sisi tem falhado no esforço que se lhe pedia fosse feito para reconciliar a imensa família egípcia, promovendo acções que abrissem caminho ao fim de uma certa marginalização em que actualmente se encontra cerca de 50 por cento da população, uma parte que apoia a numerosa Irmandade Muçulmana e uma outra, ainda que menor, que se revê na politica que foi protagonizada por Hosni Mubarak.

Do ponto de vista dos esforços conducentes a recuperação económica, o Egipto já está a dar passos bastante significativos com a aplicação de projectos capazes de relançar as esperanças deste importante país do norte de África.

Um financiamento de 4 mil milhões de dólares para duplicar as capacidades do canal do Suez, que no prazo de cinco anos representará uma arrecadação de receitas cobradas pela passagem de navios provenientes do Golfo Árabe de 5 para 12 mil milhões de dólares anuais, é suficientemente forte para deixar perceber que não tardará muito para que o Egipto recupere as suas potencialidades financeiras para dar corpo a um necessário amplo plano de socialização das zonas mais carenciadas.

Só que para isso, o Egipto precisa de uma paz social onde o esforço que a população gasta em sucessivas manifestações possa ser canalizado para acções mais positivas e de interesse nacional, como seja o relançamento da capacidades produtiva de uma indústria que, neste momento, está paralisada.

Isso, como dizem vários políticos locais, só será possível com uma paz social resultante da resolução política de casos que os tribunais ainda mantêm pendentes por alegadas “dificuldades processuais”, mas que muito julgam não passar de um aforismo para designar as “pressões políticas” que, inegavelmente, ainda se fazem sentir sobre o próprio presidente Sisi, um antigo militar ainda pouco habituado às regras do jogo democrático que, no caso concerto do Egipto, continua marcado por intrigas bem urdidas.

Ainda na semana passada, foi com alguma surpresa que a população recebeu a notícia do terceiro adiamento do julgamento do recurso apresentado por Hosni Mubarak como uma decisão, em primeira instância, de um tribunal que o havia condenado em 2012 a prisão perpétua pelos crimes de corrupção e de autoria moral das mortes de centenas de manifestantes que em 2011 exigiram a sua demissão do cargo de Presidente da República. 
Emaranhados na apreciação de um processo com cerca de 160 mil páginas, os juízes que estão a julgar este recurso têm dificuldade em esconder as pressões políticas de que estão a ser alvo enquanto esperam por uma decisão política, que tarda a ser tomada, e que encontre uma solução para que um homem que actualmente tem 86 nos de idade possa morrer com alguma dignidade depois de ter servido fielmente o país durante mais de 30 anos, com processos eleitorais regulares e respeitadores das normas constitucionais que na altura estavam em vigor no país.

Um outro problema para o qual a justiça tarda em encontrar uma solução, enquanto aguarda pela tal definição política de uma estratégia de reconciliação, envolve o anterior presidente, Mohamed Mursi, que se encontra detido há dois anos, sem culpa formalmente apresentada e que se confunda com vagas acusações de traição por cumplicidade com alegados “inimigos do Egipto”.

A resolução destes dois casos, que envolvem os dois ainda vivos antigos presidentes do país, é uma condição fundamental para que o actual poder possa ser exercido e entendido de inclusivo em relação a todas as forças políticas internas, independente dos julgamentos individuais que possam ser feitos pelos factos ocorridos durante as anteriores administrações políticas.

Os primeiros 100 dias de governação do presidente Sisi deixam perceber a existência de uma forte determinação em recolocar o Egipto na senda do sucesso e de desenvolvimento social e económico, mas ainda carece de uma atitude mais forte em relação a aceitação daquilo que são as diferenças políticas existentes no seio deste importante país com uma população de cerca de 80 milhões de pessoas.

A importância do Egipto, no contexto regional e internacional, é de tal forma grande que não podem ser marginalizadas as suas potencialidades internas, cabendo ao governo a capacidade de as mobilizar para o esforço comum de afirmação positiva.

Contando com o esforço das grandes potências ocidentais para servir de ponto de concentração dos esforços de mediação dos conflitos que ocorrem na região onde está inserido, o Egipto tem que saber reconciliar-se para que as suas potencialidades se afirmem ainda mais claramente.

O presidente Sisi, nestes seus primeiros 100 dias de governação já mostrou ser capaz de estar a altura de vencer os desafios que o esperam, apenas lhe faltando encontrar a forma de ajudar o poder judicial  a resolver os dois grandes problemas que tem em mãos e que impedem que transmita uma imagem de total integração naquilo que se espera seja um Egipto moderno com a esperança, de no futuro, reencontrar a glória do passado.

Na foto: Abdel Sisi

ZIMBABWE, HIPERINFLAÇÃO E MODELOS SIMILARES CAMUFLADOS (1)



Rui Peralta, Luanda

I - São muitos - em África e no resto do mundo - os que pensam que nos seus países (ou nos países onde residem) nunca acontecerá nada que se aproxime, sequer, do pesadelo ocorrido no Zimbabwe  (não, Mugabe não é o pesadelo, mas apenas um dos seus grotescos personagens e não, não estou a referir-me á expulsão dos zimbabwenos brancos, ex-rodesianos, que esses fazem parte da tragédia). O pesadelo a que me refiro é o seguinte: em 1997, o Zimbabwe registava uma taxa de inflação de 20%, em 1997, para uma surrealista (ao nível de um quadro de Dali, ou uma das joias literárias de André Breton) taxa de  89,700,000,000,000,000,000,000% (é provável que faltem três zeros) em 2008.

A causa desta "surrealidade" é inteiramente politica e tentar descortinar nesta aberração qualquer tipo de fenómeno económico, financeiro ou social é apenas uma tentativa de transformar um "cadáver exquis" num conto tradicional africano. O governo zimbabweno viveu num limbo que aos poucos tornou-se num purgatório e terminou num inferno (Dante teria demonstrado o maior interesse pelo "modelo zimbabweno de proletarização"). Desperdício diverso, gastos militares excessivos, pseudorreforma agrária, populismo, racismo, etnicismo, misturados com discursos ideológicos formados por uma estranha poção mágica feita de marxismo-leninismo tardio, com nacionalismo, tudo revestido com uma camada envernizada que aparentava uma democracia-liberal (para anglo-saxónico dormir) e uns esgares progressistas (que excluiu os grupos homossexuais da sociedade - á velha maneira de Ian Smith e da Frente Rodesiana - campanha que levou á demissão do presidente Banana). Esta mistura explosiva gerou o inevitável desastre. E tudo isto num período em que as dinâmicas externas não constituíam um factor desfavorável para o país, que até gozava de alguma complacência por parte do U. K. (ex-colonizador e eterno candidato a neocolonizador) e beneficiava de fortes aliados na Commonwealth. Não sofreu, também neste período, com as reformas estruturais. Ou seja o problema tem origem na elite politica e administrativa, nas suas guerras internas e nos seus suspeitos e cinzentos objectivos.

Quando a derrapagem já não podia ser camuflada o governo de Mugabe imprime moeda e ao fazê-lo alimentou a inflação, iniciando um vertiginoso processo de empobrecimento e uma via rápida para a ruina económica. Milhões de cidadãos zimbabwenos, das áreas urbanas (que sentiram o maior impacto) e das áreas rurais foram empurrados para a pobreza, o desemprego, a inércia e uma vida sem perspectivas. Num período de 11 anos a economia entrou num processo descontrolado de empobrecimento, causado pela galopante escalada inflacionária, que por sua vez foi gerada pelas políticas irrealistas da clique no poder, mais preocupada com os grupos concorrentes e com o incremento do seu domínio sobre a sociedade do que com o "crescimento do bolo".  O resultado desta idiotice conduziu a que 1/3 dos zimbabwenos emigraram (muitos foram forçados a um misto de emigração económica e exilio politico), enviando remessas para os seus familiares, mensalmente.

A resposta do governo foi a habitual e ineficaz tabela de preços, controlo que era prontamente  ignorado. Neste ambiente hiperinflacionário as lojas fechavam as portas, os assaltos e os saques aos estabelecimentos comerciais eram uma constante e os motins nas ruas eram frequentes e rapidamente reprimidos (se a camarilha fascistoide de Mugabe fosse tão competente a lidar com a derrapagem económica como era a lidar com o bastão...). O mercado alternativo, em contrapartida, floresceu e implantou-se á escala nacional em todos os níveis da actividade comercial: alimentos e bebidas, medicamentos, moeda, etc..

Uma visita a Harare, nesses tempos distorcidos (não que actualmente a realidade zimbabwena não seja distorcida, mas é mais aparentada a cenário neorrealista do que surrealista) pela hiperinflacção, tornava óbvio ao visitante (a população vivia no óbvio), que alguns segmentos da sociedade viviam de forma abertamente opulenta, não se preocupando a esconder essa opulência, passeando-a de forma arrogante pela cidade. A elite da ZANU-PF geria o mercado informal, fornecendo, distribuindo e vendendo divisas, combustível, farinha, açúcar, manteiga, leite e outros bens de primeira necessidade.

O comércio paralisou. As filas diárias para o pão, as lojas sem produtos e as que tinham algo para vender estavam sem clientes, os preços a serem alterados duas, três, quatro vezes por hora, tornaram-se rotinas que passaram a caracterizar a vida dos zimbabwenos. As pessoas deixaram de pensar nas percentagens da  inflação, limitaram-se a senti-la para sobreviverem. Os valores reais monetários, os preços, os salários, a circulação monetária passaram a ser realidades disformes e dois mais dois podiam ser quatro, como 40 ou 400, que dava no mesmo. Nada é mais alienante do que a hiperinflação e é relativamente fácil cair nessa situação, mesmo nas economias como a norte-americana, a europeia, a japonesa ou qualquer outra, até dos BRICS. Basta as máquinas de impressão e cunhagem começarem a funcionar. Este não é um fenómeno africano ou sul-americano (se atendermos ao passado recente do Brasil e da Argentina). A sua origem é politica e não económica, ou seja, é um erro (ou um conjunto de pressupostos errados) de gestão, cujas consequências se refletem com grande impacto negativo na economia e nas finanças.

Vejamos, a título de exemplo, o débito orçamental dos USA. Este débito atingiu a magnifica quantia de $6,5 triliões de USD, iniciando a sua louca cavalgada em 2008. Isto representa uma expansão em cerca de 70%  da circulação monetária, nos últimos 5 anos, ou seja, as impressoras estão a funcionar em pleno e os norte-americanos não se encontram muito longe da situação vivida pelos zimbabwenos (país que a maioria dos norte-americanos desconhece, ou já ouviu falar, apenas).

O mau exemplo zimbaweno (é mais correcto dizer-se "os maus exemplos", pois a hiperinflação é um dos muitos problemas do "modelo zimbabweno de regressão". Por todo o lado assiste-se á explosão das mais diversas formas de racismo, xenofobia e discriminação de todo o tipo, um regresso ao fascismo - ou melhor, a regeneração do fascismo através do fascismo do seculo XXI - situação perante a qual Mugabe e a sua camarilha aparecem como aprendizes de feiticeiro). Cada vez são mais os governos que, desesperados com a ineficácia das respostas e com o avolumar de situações potencialmente geradoras de conflitos de vária ordem e de grande intensidade e amplitude, que cruzam os braços perante a falência das suas politicas económicas, lutando de forma infrutífera contra os enormes débitos acumulados e não sabendo como resistir á tentação de aumentar taxas e impostos. Em Março  de 2013 os cidadãos cipriotas que tinham nas suas contas bancárias mais de  €100,000 viram o seu dinheiro ser confiscado, para conter a derrapagem da banca do Chipre. A U.E. tem uma directiva que obriga os Estados membros a seguirem o modelo cipriota de salvação da banca. Banqueiros Europeus descansai! O modelo cipriota resolve tudo! Os cidadãos mais abastados pagarão os vossos desaires e os mais pobres serão cada vez mais, sempre dispostos a lavar as fachadas dos vossos templos, por cada vez menos dinheiro!

O modelo cipriota não resolve o problema dos Bancos Europeus ou norte-americanos (USA e Canadá adoptaram directivas similares). Estes países têm agora as baterias apontadas para os fundos de pensões privados (que podiam ser públicos se fossem mutualizados ou cooperativizados), para "irrigar" os fundos públicos (que não são públicos, mas sim, estatais) e que estão "secos", completamente estagnados. Ora esta situação em nada difere do que aconteceu no Zimbabwe, mas com terra, não com as contas bancárias ou os fundos privados. 

A reforma agrária é um factor de desenvolvimento essencial. É o primeiro passo para o desenvolvimento (a seguir ás alterações nas elites politicas), para a modernização e foi também uma revindicação dos camponeses e das comunidades rurais, para além de ser uma promessa (geralmente adiada para a eternidade). Mas no Zimbabwe, com o aprofundar da derrapagem económica provocada pela acumulação de erros de gestão, uma pseudorreforma agraria foi lançada na estrutura económica, levando o país á penúria (algo de muito semelhante, mas muito mais sangrento, aconteceu no Camboja, no regime de Pol Pot), empobrecendo os camponeses (que, descapitalizados, não tinham meios para trabalhar), adulterando a estrutura agrária tradicional (que recebeu um rude golpe e foi forçada a emigrar para Harare, ou mesmo para a Africa do Sul), descapitalizou a burguesia agrária (perdendo a oportunidade de definir áreas de capitalização da agricultura, fundamentais para a exportação, desperdiçando capital e conhecimento) e destruindo o mercado interno, essencial ao camponês e à estrutura da agricultura familiar africana (no mercado interno estes deverão ser os principais intervenientes e deverão ser projectados para os segmentos da distribuição dos produtos - através de estruturas colectivas - evitando o parasitismo do Estado e dos intermediários privados).

É evidente que isto implicava a existência de uma direcção politica e não de um bando armado. O resultado está a vista de todos (excepto aqueles a quem a miopia politica, racial e cultural impede de ver, ou que padecem de um deficit de inteligência e honestidade): com um só golpe a camarilha de Mugabe camuflou os assaltos efectuados pelo seu bando de delinquentes aos cofres do Estado, levou os camponeses á miséria, no meio dos aplausos das massas famintas de promessas, livrou-se dos sindicatos (Mugabe, como todos os fascistas convictos, vive aterrorizado com a existência de organizações de trabalhadores) dos seus adversários políticos e com os seus concorrentes, os fazendeiros brancos (que o racista Mugabe e a sua clique cleptomaníaca consideram uns párias, não-africanos, por terem a pele branca). Hoje, por cima dos escombros da regressão, da fome e da miséria, as multinacionais do agro-negócio apoderam-se das terras que Mugabe assaltou para os camponeses, com o intuito de os desapossar para oferecer as mesmas aos seus sócios maioritários brancos estrangeiros. Chama-se a isto: "política da terra queimada".

Os ares poluídos do colapso financeiro global pairam nos pulmões do sistema financeiro internacional. Quanto tempo irá durar a tosse, ninguém sabe (talvez os profetas da desgraça ou os conjuradores das catástrofes iminentes) mas que vai ser necessário mudar de xarope, todos sabemos. O Zimbabwe demorou 11 anos a  atingir o colapso apos ter iniciado a  agressiva impressão de dinheiro. A Alemanha nazi demorou 9 anos a atingir este patamar de frenesim hiper-produtivo de moeda e o mesmo período de incubação ocorreu na Republica de Weimar. 

Largos milhares de zimbabwenos (alguns dados de ONG's do pais e sul-africanas referem acima de um milhão) fugiram deste ambiente hiperinflacionário, atravessando o Limpopo para a Africa do Sul. Aí muitos viram as suas vidas melhorarem e outros foram vítimas dos preconceitos territorialistas das hordas de primatas da extrema-direita sul-africana (das duas facções: a bóer, na fronteira - através dos grupos armados que a patrulham - e nas cidades pelos grupos extremistas bantos). 

As medidas a tomar para a resolução do quebra-cabeças hiperinflacionários (uma das muitas obras-primas dos primos dos mestre-de-obras produzidos pelas politicas keynesianas e neokeynesianas, estes últimos a tentarem corrigir os efeitos predatórios dos neoliberais com as falinhas mansas do velho e caduco conciliador) implicam uma profunda transformação - metamorfose seria o conceito mais correcto -  que implicaria varias fases a longo-prazo e que passariam por diversos níveis de políticas (mas nunca de paliativos) como, a nível fiscal, ausentar de taxação o capital aplicado nos sectores produtivos, novas tecnologias, inserção destas no processo produtivo (adeus ao pleno emprego, ao emprego como promessa eleitoral e ao culto do trabalho) e de investigação cientifico-tecnológica; isentar os rendimentos de trabalho impostos aos trabalhadores; taxar a propriedade e os investimentos não-produtivos, principalmente o sector imobiliário, actividade bancária e seguradora não relacionada com investimentos produtivos e criadores de riqueza; globalização da segurança social; eliminação dos bancos centrais e da emissão de moeda pelo Estado, tendo os bancos a obrigatoriedade de emitir moeda; regresso ao padrão ouro (no sistema mundial, podendo coexistirem padrões continentais ou regionais, como m padrão prata na América do Sul); regresso dos mercados ao tecido social.

È o fim do mundo que conhecemos? Não... É o início do final do pesadelo em que vivemos... 

Continua

Moçambique: Tráfico de animais movimenta 20 mil milhões de dólares por ano




Marcha pelo elefante em Maputo

O comércio ilegal de animais selvagens movimenta cerca de 20 mil milhões de dólares todos os anos. Os animais mais abatidos no continente africano, particularmente em Moçambique, são o rinoceronte (cuja extinção no território, seja branco ou preto, foi oficialmente reconhecida em 2013) e o elefante.

Os especialistas indicam que são mortos por hora, em África, quatro elefantes; e a cada 9 horas é abatido um rinoceronte. No que tange ao elefante moçambicano, a Reserva do Niassa viu a sua população decrescer de 20374 em 2009 para menos de 13 mil em 2013 e, no Parque Nacional das Quirimbas, de cerca de 2000 em 2009 para 517 volvidos apenas dois anos. O rinoceronte e o elefante, bem como outras espécies bravias, estão a ser exterminados em África e no país para alimentar um negócio ilegal que transforma as presas de marfim e o corno do rinoceronte em peças de decoração, bijuteria e alimenta crenças, de cariz medicinal, completamente erradas, como refere o comunicado do movimento global para preservação do elefante, do rinoceronte e outras espécies selvagens.

Para travar o fenómeno, milhares vão marchar amanhã em mais de 120 países, incluindo na capital moçambicana, Maputo. A marcha global visa consciencializar as pessoas e levar os Governos a punirem duramente caçadores e traficantes. A marcha começa na Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane e termina na Avenida 10 de Novembro, na baixa da cidade.

O País (mz)

Moçambique: SOMOS PERMISSIVOS



Verdade (mz) - Editorial

Há sensivelmente duas semanas, dois caçadores ilegais de elefantes foram detidos no distrito de Marrupa, na província do Niassa, próximo à Reserva Nacional do Niassa, na posse de cinco armas de fogo. Poucos dias antes, outras seis pessoas tinham sido presas no mesmo local e acusadas do mesmo tipo de crime. Estas, com certeza, não são as primeiras nem as últimas situações.

As detenções têm sido recorrentes. A prontidão combativa das autoridades está à prova e é reflexo claro da nossa incapacidade na protecção do meio ambiente, da fauna e flora. A fragilidade de vigilância por pate das comunidades é clara e elas parecem ser parte do problema; por isso, está a ser difícil combater o mal. Um Estado não pode admitir que práticas violentas, intoleráveis e completamente supérfluas sejam perpetradas contra animais protegidos por lei.

Falamos demasiadamente da biodiversidade e necessidade de promovermos a gestão sustentável dos recursos faunísticos, mas as nossas práticas denunciam a falta de compromisso em relação a estes assuntos. Nós não nos podemos resignar perante aqueles que delapidam a nossa economia! Será que percebemos a dimensão dos danos sobre a fauna sempre que um elefante ou rinoceronte é abatido, ou falamos disso para inglês ver e não sermos considerados uma Nação menos comprometida com a causa ambiental?

Os caçadores não podem ser mais fortes do que nós a ponto de protagonizarem chacinas destes animais nos mesmos lugares e de forma sistemática. Todos temos o dever de promover o respeito pela vida e integridade física dos elefantes, rinocerontes e outros animais preservados. Pata tal é preciso não nos mantermos calados e urge fazermos pressão para mudar o curso da história destes animais.

Dados das organizações que actuam na defesa do meio ambiente indicam que “em África são mortos quatro elefantes, por hora, e um rinoceronte em cada nove horas.” Em Moçambique, particularmente, a situação é dramática. A notícia de que já não temos registos de rinoceronte, nas suas subespécies de branco e preto, devia causar-nos calafrios e estimular-nos com vista a tomarmos medidas drásticas contra os caçadores furtivos.

A Reserva Nacional do Niassa, duas vezes o tamanho do admirável Kruger Park, viu a sua população de elefantes decrescer de 20.374, em 2009, para menos de 13.000, em 2013. No Parque Nacional das Quirimbas, o seu abate desenfreado causou a redução de cerca de 2000, em 2009, para 517, em 2011.

Cenas chocantes tais como o facto de os caçadores furtivos torturam elefantes e rinocerontes, cortando-lhes ou serrando-lhes as presas ou os chifres quando estes estão ainda vivos, deviam sensibilizar todos nós de modo a unirmos esforços e lutarmos para travar a extinção destas espécies, cujo futuro está nas mossas mãos.

Não podemos resignar-nos perante a barbaridade daqueles que multiplicam esforços para despovoar os nossos parques e as nossas reservas. Não podemos consentir que sejamos um Estado cuja fauna esteja desprovida desses animais. Ainda resta tempo para salvarmos os poucos animais que povoam as nossas áreas de conservação.

Timor-Leste: PR diz que violência impede o desenvolvimento do país



03 de Outubro de 2014, 11:56

O presidente da república Taur Matan Ruak disse que a violência que continua a existir no país cria uma separação entre os timorenses e impede o desenvolvimento de Timor-Leste, na visita ao suco de Luilubu e Watulari, sub-distrito de Vemasse, Baucau, segundo o Suara Timor Lorosae.

Para que o país desenvolva e tenha uma boa vida é preciso estar unido e ter a contribuição de todos disse o presidente da repuública.

“Temos que esquecer os problemas e a violência do passado"..."Para alcançar esse objetivo precisamo da vossa contribuição e do vosso esforço como fizémos para alcançar a nossa independência”, disse chefe Estado

TMR disse que a violência que aconteceu no passado foi uma lição para todos os cidadãos trabalharem juntos, pensarem no futuro, no sentido de identificarem o que precisam para contribuirem para o desenvolvimento.

O mesmo explicou que a sua visita teve como objectivo levar paz e amor para todo povo para que não haja uma separação entre o povo e observar diretamente as condições em que vive.

Na sua visita pediu ao povo para reforçar a paz, amizade e estabilidade, com o objetivo de se conseguir lutar contra a pobreza e todos alcançarem e construirem uma vida digna.

O presidente da república prometeu que irá visitar os 442 sucos, antes de terminar o seu mandato em 2017.

Durante a sua visita, TMR passou pelos sítios onde esteve escondido no período da ocupação indonésia e disse que em alguns deles, que são históricos irá construir um monumento.

SAPO TL com STL

TIMOR-LESTE E BIELORÚSSIA ESTABELECERAM RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS



03 de Outubro de 2014, 11:49

Timor Leste e Bielorússia assinaram um acordo de relações diplomáticas, em Nova Iorque, na Missão Permanente da Bielorússia na ONU (Organização das Nações Unidas), na passada quarta-feira, segundo o Belarusian News.

O documento foi assinado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, José Luís Guterres e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia Vladimir Makei.

Os ministros discutiram as perspectivas de cooperação no âmbito das organizações internacionais, as relações económicas e humanitárias bilaterais e a necessidade de se desenvolver um contrato bilateral e jurídico.

SAPO TL com Belarusian News 

Pelo menos 47 mortos e 16 desaparecidos devido a vulcão em erupção no Japão



03 de Outubro de 2014, 11:43

As autoridades japonesas informaram hoje que 16 pessoas continuam desaparecidas junto ao cume do monte Ontake, cujo vulcão entrou em erupção no passado sábado, numa altura em que o número de vítimas mortais ascende a 47.

As autoridades de Nagano, onde se localiza o monte Ontake, confirmaram as informações anteriormente divulgadas pelos ‘media’.

O monte Ontake, o segundo mais alto vulcão do Japão a seguir ao do Monte Fuji, com 3.067 metros, situado no centro do país, começou a expelir fumo, rochas incandescentes e cinzas na madrugada de sábado, de acordo com a Agência Meteorológica.

Lusa 

CHINA ACENA COM DIÁLOGO EM HONG KONG VATICINANDO FRACASSO DOS PROTESTOS




Registados confrontos entre partidários e oponentes dos protestos

03 de Outubro de 2014, 17:23

Hong Kong, China, 03 out (Lusa) -- Manifestantes pró-democracia na China e grupos que se opõem aos protestos envolveram-se hoje em confrontos em duas zonas comerciais movimentadas de Hong Kong.

Escaramuças foram registadas em Causeway Bay e em Mong Kok depois de grupos que se opõem às manifestações terem tentado desmontar barricadas, contestando os massivos protestos que têm paralisado, nos últimos dias, várias zonas da antiga colónia britânica.

DM // ARA

Chefe do executivo aceita dialogar com líderes estudantis

03 de Outubro de 2014, 01:47

Hong Kong, 02 out (Lusa) -- O chefe do executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, afirmou hoje que aceita dialogar com os dirigentes estudantis que lideram as manifestações pró-democracia, rejeitando, no entanto, renunciar ao cargo.

"Não vou renunciar porque tenho de continuar com o trabalho para as eleições", afirmou Leung Chun-ying, numa conferência de imprensa.

"Vou nomear a secretária-chefe [Carrie Lam, o 'número dois' na hierarquia do Executivo regional] em representação do governo de Hong Kong para se reunir com os representantes da Federação de Estudantes de Hong Kong e discutir o desenvolvimento de assuntos constitucionais", referiu.

"O governo de Hong Kong está sempre disponível para discutir reformas [políticas]", acrescentou.

A intervenção de Leung Chun-ying, qualificado pelos manifestantes como um defensor dos interesses de Pequim, ocorreu momentos antes do fim do ultimato dos ativistas pró-democracia às autoridades da Região Administrativa Especial chinesa.

Os dirigentes estudantis que lideram as manifestações pró-democracia, que ocupam áreas do centro de Hong kong desde o fim-de-semana, exigiram a renúncia de Leung Chun-ying até à meia-noite de hoje (17:00 horas em Lisboa), ameaçando intensificar as ações de protesto e invadir edifícios governamentais caso isso não aconteça.

O governo e a polícia têm advertido os manifestantes contra qualquer escalada dos acontecimentos.

Durante o dia de hoje, a polícia reforçou as provisões de gás lacrimogéneo e de balas de borracha, o que fez aumentar os temores de uma conclusão violenta para a mais grave crise política nesta antiga colónia britânica desde que regressou à soberania chinesa em julho de 1997.

Os manifestantes pró-democracia contestam uma decisão de Pequim que limita o sufrágio universal naquele território.

A China prometeu a Hong Kong que o chefe do Executivo local a eleger em 2017 poderia ser escolhido livremente pela população.

No entanto, a 31 de agosto, Pequim determinou que os candidatos ao cargo têm de reunir mais de metade dos votos de um comité de nomeação.

Uma coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento 'Occupy Central' -- considerou o plano de Pequim uma "falsa democracia" e avançou com uma série de ações de protesto.

SCA // JMR

Estudantes contestatários aceitam discutir reivindicações com governo

03 de Outubro de 2014, 05:51

Hong Kong, China, 02 out (Lusa) -- Os líderes dos estudantes contestatários, representantes da maioria dos manifestantes em Hong Kong, anunciaram hoje que aceitam discutir as suas reivindicações com o governo do território, mas mantêm a exigência de demissão do chefe do executivo local.

"A Federação dos Estudantes de Hong Kong vai ter um encontro público com a secretária-chefe da Administração, Carrie Lam", declarou o grupo, em comunicado.

Este texto foi divulgado depois da oferta de diálogo feita na quinta-feira pelo chefe do executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, sobre o qual a federação estudantil estima que "a demissão é apenas uma questão de tempo".

RN // JPS

Estudantes dormem mais uma noite nas ruas em defesa do sufrágio universal

03 de Outubro de 2014, 05:53

Hong Kong, China, 02 out (Lusa) - Estudantes de Hong Kong vão passar mais uma noite na rua, numa nova jornada de luta pelo sufrágio universal e democracia plena e na expectativa de terem uma reunião com a número dois do governo "o mais breve possível".

Os dirigentes estudantis que lideram as manifestações pró-democracia, que ocupam áreas do centro de Hong kong desde o fim de semana, exigiram a renúncia de Leung Chun-ying até à meia-noite de hoje (17:00 horas em Lisboa), ameaçando intensificar as ações de protesto e invadir edifícios governamentais caso isso não acontecesse.

Hoje, em conferência de imprensa realizada antes do fim do ultimato, Leung Chun-ying, também conhecido por CY Leung, recusou-se a renunciar ao cargo e afirmou que vai "nomear a secretária-chefe [Carrie Lam, o 'número dois' na hierarquia do Executivo regional] para se reunir com os líderes dos estudantes.

CY Leung não especificou, porém, a data, local ou condições da realização da reunião, o que criou momentos de tensão, sobretudo num dos acessos viários ao edifício do gabinete do chefe do executivo que continua aberto ao trânsito.

Entre a meia noite e as 01:30 (17:00 e as 18:30) grupos de estudantes fizeram várias intervenções para bloquear e ocupar a estrada, mas foram prontamente dissuadidos por outros pares, que instaram os mais exaltados a manterem a calma.

Enquanto isso, agentes faziam a guarda do edifício, indiferentes ao trânsito, que era orientado pelos estudantes, até que foi formado um cordão humano para impedir novos bloqueios à circulação automóvel.

Durante o dia de hoje, a polícia reforçou as provisões de gás lacrimogéneo e de balas de borracha, o que fez aumentar os temores de uma conclusão violenta para a mais grave crise política nesta antiga colónia britânica desde que regressou à soberania chinesa em julho de 1997.

Os manifestantes, que reclamam o sufrágio universal e a democracia plena, ocupam há cinco dias as zonas entre Admiralty e Central, bloqueando estradas e cruzamentos.

Dirigentes do governo têm pedido a desmobilização do movimento promovido pelos jovens (Federação dos Estudantes e movimento Scholarism) e dirigentes do movimento 'Occupy Central'.

"Durante todo este tempo, o governo e a polícia fizeram prova da maior tolerância ao deixarem (os manifestantes) reunirem-se para expressar as suas reivindicações e preocupações", disse CY Leung.

"Em qualquer parte do mundo, se os manifestantes ocupassem os edifícios governamentais, o problema e o resultado seriam bem mais dramáticos", acrescentou.

No domingo, agentes antimotim recorreram ao gás lacrimogéneo e gás pimenta numa ação para dispersar os estudantes, e as imagens dos jovens em fuga chocaram a opinião pública de Hong Kong e da comunidade internacional.

O governo e a polícia têm advertido os manifestantes contra qualquer escalada das ações.

Esta noite, pouco antes da meia-noite, os vice-reitores da Universidade Chinesa e da Universidade de Hong Kong, Joseph Sung e Peter Mathieson, acolheram bem a proposta do governo para um diálogo com os manifestantes estudantis, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

Os dois manifestantes visitaram os estudantes na entrada bloqueada no exterior do Gabinete do chefe do executivo e apelaram à calma. Após o anúncio da reunião entre o governo e os alunos, Mathieson disse que não há evidências de um progresso real em ambas as partes.

O boicote às aulas iniciado pelos estudantes a 22 de setembro tinha a duração prevista de uma semana, mas quase 15 dias mais tarde parece instalado um impasse.

A China frustrou, no mês passado, as esperanças de que um democracia plena na antiga colónia britânica ao ter anunciado que o futuro chefe do Executivo de Hong Kong será eleito por sufrágio universal a partir de 2017, mas apenas depois da seleção de dois ou três candidatos para se apresentarem ao escrutínio.

FV (DM/SCA) // JPS

Jornal do PC chinês diz que protestos estão "condenados ao fracasso"

03 de Outubro de 2014, 13:18

Pequim, 03 out (Lusa) -- Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) adverte hoje que as autoridades não vão fazer concessões aos manifestantes pró-democracia em Hong Kong, insistindo que a sua causa está "condenada ao fracasso".

Os estudantes, cujos protestos pacíficos têm paralisado várias zonas da antiga colónia britânica, concordaram sentar-se à mesa com o Governo enquanto prometem continuar a 'ocupar' a cidade, cujo líder, CY Leung, sob fogo, recusa demitir-se.

As reivindicações dos manifestantes por eleições sem restrições ou condições "não são nem legais nem razoáveis", lê-se em mais um editorial sobre Hong Kong publicado na primeira página do Diário do Povo, jornal do órgão central do PCC.

"Fazer cumprir a decisão do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular é uma decisão necessária e a única decisão possível", escreve o jornal, sustentando que os protestos estão "contra princípios legais e condenados ao fracasso".

Milhares de manifestantes, na sua maioria jovens estudantes, 'fecharam' áreas centrais da Região Administrativa Especial chinesa com massivos 'sit-ins' que duram há vários dias e fizeram um ultimato a Leung Chun-ying (mais conhecido por CY Leung), advertindo-o que caso não renunciasse ao cargo de chefe do Executivo até quinta-feira iriam ocupar edifícios governamentais.

Pouco antes do prazo acabar, ou seja, antes da meia-noite, com o seu gabinete cercado por milhares de manifestantes sob um clima de tensão, CY Leung apareceu para dizer que não se irá demitir, mas, ao contrário do que fez há dias, manifestou-se disponível para dialogar com um dos líderes estudantis na tentativa de acabar com o impasse que se vive na antiga colónia britânica.

O chefe do Executivo indicou que irá designar a 'número dois' do Governo, a secretária-chefe, Carrie Lam, para liderar as conversações com a Federação de Estudantes, um dos vários grupos por detrás das manifestações que tomaram o centro financeiro asiático.

Em comunicado divulgado hoje, a Federação de Estudantes indica que vai reunir-se com Carrie Lam, mas renovou os apelos para a demissão de CY Leung, prometendo dar continuidade às suas atividades de ocupação enquanto as suas reivindicações não forem atendidas.

DM/FV // DM

UE apela à contenção e a trabalho conjunto para "solução construtiva"

03 de Outubro de 2014, 18:31

Hong Kong, China, 03 out (Lusa) -- A União Europeia divulgou hoje um comunicado apelando à contenção de ambas as partes e instando a que trabalhem juntas para uma "solução construtiva".

"Estamos preocupados com os acontecimentos em Hong Kong e a acompanhar de perto os desenvolvimentos. À luz das manifestações em curso, nós apreciamos a contenção demonstrada por ambas as partes", refere o porta-voz da Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Catherine Ashton, numa nota enviada hoje pela delegação do bloco em Hong Kong e Macau.

"Instamos todas as partes a continuarem a exercitar esta contenção", diz o comunicado, em que se acrescenta: "Nós encorajamos todas as partes a trabalharem num espírito de compromisso por uma solução construtiva no quadro da Lei Básica [miniconstituição] e do princípio 'Um País, dois sistemas' rumo a um sistema eleitoral justo que permita um elevado grau de participação política às pessoas de Hong Kong".

A declaração surge numa altura em que os estudantes, cujos pacíficos protestos têm tomado conta da Região Administrativa Especial chinesa, concordaram sentar-se à mesa do diálogo com o Governo, enquanto prometem continuar com a sua ação.

Os milhares de manifestantes, na sua maioria jovens estudantes, exigem o recuo do governo de Pequim que limitou a votação do futuro chefe de Governo, em 2017, aos nomes escolhidos por uma comissão eleitoral, contrariando as promessas anteriormente feitas de sufrágio universal.

DM/FV // PJA

PM chinês realiza visita à Europa na próxima semana

03 de Outubro de 2014, 17:44

Pequim, 03 out (Lusa) -- O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, inicia na próxima quinta-feira, dia 09 de outubro, uma visita à Europa, que contempla Alemanha, Rússia e Itália, foi hoje anunciado.

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, revelou hoje que Li Keqiang também vai participar na cimeira da ASEM, o principal fórum informal de contacto entre a Ásia e a Europa, em Milão, a 16 e 17, a convite do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e do presidente da Comissão Europeia ainda em funções, José Manuel Durão Barroso.

A Alemanha vai tornar-se assim o único país que Li Keqiang visita pela segunda vez desde que assumiu a chefia do Governo chinês em março de 2013.

Na véspera do Dia Mundial da Fome, dia 15, o primeiro-ministro chinês desloca-se à sede da FAO, em Roma, a convite do diretor-geral da Organização para a Agricultura e Alimentação, José Graziano da Silva.

DM // ARA

*Título PG

Leia mais sobre Hong Kong e Macau no Página Global em ÁSIA

Mais lidas da semana