Em
entrevista ao Expresso, Vassilis Vassilikos, um dos mais conhecidos e
respeitados escritores gregos da atualidade, considera "inaceitáveis"
as pressões que vários líderes europeus têm feito para "condicionar"
as eleições de domingo no país.
Joana Pereira Bastos (texto) e António Pedro Ferreira (fotos), enviados à Grécia - Expresso
Na Grécia, Vassilis Vassilikos é visto por muitos como uma referência moral. Aos 77 anos, um dos mais respeitados escritores gregos da atualidade, traduzido em mais de 30 línguas, não se conforma com a situação a que chegou o país. O autor da obra Z, que deu origem ao filme homónimo distinguido com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1970, diz que chegou a altura de o povo grego se erguer e enfrentar a União Europeia.
Joana Pereira Bastos (texto) e António Pedro Ferreira (fotos), enviados à Grécia - Expresso
Na Grécia, Vassilis Vassilikos é visto por muitos como uma referência moral. Aos 77 anos, um dos mais respeitados escritores gregos da atualidade, traduzido em mais de 30 línguas, não se conforma com a situação a que chegou o país. O autor da obra Z, que deu origem ao filme homónimo distinguido com o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1970, diz que chegou a altura de o povo grego se erguer e enfrentar a União Europeia.
"Nos
últimos cinco anos a Grécia tem sido uma cobaia nas mãos da UE, numa
experiência que desgraçou o país. Economicamente, a situação tem piorado a cada
dia que passa. Agora chega. A Grécia vai levantar-se e dizer à Europa: Não
somos vossos escravos", diz o escritor, que combateu a ditadura militar
dos Coronéis, entre 1967 e 1974, e viveu exilado em Roma, Paris e Berlim.
Apesar
de concorrer por outro partido da esquerda - que teve 7% nas eleições de 2012
mas que agora deverá ficar abaixo do patamar mínimo de 3% para conseguir um
lugar no Parlamento -, o escritor espera que o Syriza vença as legislativas. E
acredita que isso "trará uma nova esperança para todo o Sul da
Europa".
Em
declarações ao Expresso, lamenta a forma como a Grécia e outros países do Sul
foram tratados pelo Norte da Europa, nomeadamente pela Alemanha, no início da
crise, "retratados como povos preguiçosos que querem viver bem sem
trabalhar" e referidos como P.I.G.S (sigla em inglês para Portugal,
Irlanda, Grécia e Espanha, que significa porcos). "Fomos tratados como
lixo. A Grécia é o berço da Europa. Foi aqui que foi criada a política, a
democracia, a filosofia ou o teatro. E não tiveram respeito por nós".
Apesar
do fantasma pairar sobre estas eleições, Vassilis não acredita que haja um
risco real de a Grécia sair do euro: "Os gregos não querem isso e a União
Europeia também não. Seria um mau precedente". E garante que o país vai
vencer a crise. "Sobrevivemos a 450 anos de ocupação turca, sobrevivemos à
II Guerra Mundial, a uma guerra civil e a uma ditadura. O povo grego sobrevive
há três mil anos e não vai sucumbir por uma simples crise económica".
Para
o escritor, os gregos, no entanto, não sairão iguais desta crise. "Sairão
melhores", garante. "Redescobrimos alguns valores que tínhamos
esquecido como a importância da solidariedade e da união da família. E agora
amamos a Grécia, mais do que nas últimas décadas".
Na
foto: Vassilis Vassilikos. Conceituado escritor grego é particularmente crítico
da situação atual e do comportamento da Europa em relação à Grécia
*AMANHÃ,
DOMINGO, PÁGINA GLOBAL VAI DISPENSAR ATENÇÃO ESPECIAL À GRÉCIA E ÀS ELEIÇÕES QUE OCORRERÃO NAQUELE PAÍS
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