William
Tonet - Folha 8 Digital (ao)
O
país está a viver uma situação de alto risco. Dramática, não só derivada da
crise internacional, face à queda brusca do preço do petróleo, como também da
desastrosa política e gestão económica, cujas raízes são bem antigas.
De
facto, vem de longe a incapacidade de prever as oscilações do tempo e encontrar
as melhores opções. O paliativo tem sido a varinha mágica alavancada pelo
gabinete do TPE (Titular do Poder Executivo), sempre. Em algumas vezes a sorte
e os ventos da história pendem a favor do regime e este embala no descaso.
Hoje
o momento é delicado, excessivamente delicado e intricado. As últimas medidas
económicas, políticas e sociais têm sido tomadas contra os mais
desfavorecidos, os empreendedores e a emergente classe média. Demolições e
espoliações de habitações e terras dos indígenas, para as entregar aos poucos
ricos do regime, leis discriminatórias contra os empreendedores angolanos,
para beneficiar os sócios estrangeiros, entre outras.
A
pólvora está nos trilhos, a revolta caminha silenciosa no coração de milhões
e, cada vez mais, se acredita num fósforo qualquer.
É
descabida, maldosa e sem sentido de gestão económica a lei que põe fim aà
importação de viaturas e peças, com mais de três anos, melhor é um claro acto
de antipatriotismo colonial.
Os
principais lesados foram os professores, enfermeiros e funcionários públicos
que sonhavam com a possibilidade de ter um carro, face às suas precárias
posses, para enfrentar o desafio da compra de um carro novo, com os salários
praticados. Para além disso, mais de 1000 vendedores/importadores directos, que
garantiam 5000 postos de trabalho indirecto, com essa política anti-angolana,
viram-se no desemprego. Insensível o regime, com os olhos em Talatona, não faz
contas, pois se olharmos para a nossa realidade, que um chefe de família, no
mínimo controla, cerca de 10 pessoas, temos 6000x10 =60.000, angolanos afectados
profissional e academicamente.
Mas
quando se pensava poder o regime refrear nesta sanha, eis que retomam as
espoliações de populações inteiras da Ilha de Luanda, Chicala, Talatona, Cacuaco,
Viana, tudo para satisfazer a devoradora febre imobiliária dos familiares e
amigos. Os espoliados e descamisados, como gado, são compulsivamente,
transportados em camiões sujos de carga, piores que no tempo colonial, e despejados
num campo de concentração habitacional destinado à “pretalhada”, o Zango é hoje
muito semelhante ao campo nazista de Auschwitz, construído por Hitler, na
Polónia, onde em câmaras de gás muitos foram copiosamente assassinados.
E
sempre na senda de “distribuir melhor a pobreza, para reinar melhor”, o TPE,
através da ministra do Comércio decretou o desemprego de mais de 4500
comerciantes dos frescos, cuja empresa estivesse caboucada em câmaras frigoríficas
contentorizadas. Um contentor frigorifico pode custar entre USD 6000,00 à
12.000,00 e garante a possibilidade de emprego directo entre 3-4 pessoas e
outros tantos indirectos. Administrativamente retirar o pão a mais estas
pessoas é irracional e atenta contra a dignidade e emprego dos angolanos.
A
ministra com mais esta decisão anti-angolana, “matou”, deliberadamente, o sonho
de mais estes milhares de empreendedores angolanos para, mais uma vez,
favorecer os sócios-estrangeiros, que com o dinheiro roubado nos cofres
públicos, podem controlar e monopolizar tudo, logo afastando os autóctones
contentorizados, para darem entrada aos ricos com câmaras frigoríficas.
O
MPLA, ou alguém no seu interior, terá de se envergonhar e agigantar para
alertar o líder sobre os riscos desta macabra política, que está a semear o
ódio nos corações dos povos, que se sentem colonizados pelo regime, ou na pior
das hipóteses abolirem a palavra “povo” do vocabulário, partidocrata por,
neste capítulo, estarem a fazer pior que o colono branco português.
Um
governo que ostensivamente maltrata e rouba aos pobres para satisfazer meia
dúzia de ricos, não merece continuar no poder, por mais armas e poder
judicial que tenha sob seu controlo.
Um
regime que prende e assassina os cidadãos, coarctando-lhe as liberdades, com
leis protectoras aos ricos, filhos e familiares que levam dois bancos
importantes à falência: BESA e CAP, não pode continuar, impunemente, a
beneficiar da condescendência colectiva.
Afastemos
o medo do exército privado da UGP, de parte da Polícia Nacional e das Forças
Armadas Angolanas.
Por
tudo isso aqui vai o meu desafio: unamo-nos e combatamos, com todos os meios
legais, estas medidas ilegais e discriminatórias.
O
momento exige que os intelectuais, os verdadeiros nacionalistas, se unam, para
uma séria e ponderada reflexão. Temos de reanimar as tertúlias, para discutir
Angola e o seu rumo, deixando de lado os orgulhos, os egoísmos e
individualismos, para não sermos cúmplices amanhã, não só do avançar dos incompetentemente
maldosos, como do país para o abismo.
A
nossa mãe está doente, façamos alguma coisa.
Esta
é a hora de, em nome de Deus e também da materialidade, reflector sobre o
amanhã, porque a oposição quer ser politicamente correcta, que significa politicamente
domesticada.
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