O
Nobel da Economia Paul Krugman afirmou, esta segunda-feira, que o novo
primeiro-ministro grego "é mais realista" do que a troika e defendeu
que a Europa devia "dar-lhe uma hipótese para acabar o pesadelo que a
Grécia vive".
Num
artigo de opinião publicado no "New York Times", e intitulado
"Acabar com o pesadelo grego", Paul Krugman disse que o programa de
assistência aplicado pela troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão
Europeia e Banco Central Europeu) na Grécia não foi realista e que "foi
pedido o impossível aos gregos".
O
economista norte-americano considerou que o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, "está a ser muito mais realista do que
os oficiais" que querem continuar com a austeridade e defendeu que "o
resto da Europa devia dar-lhe uma hipótese para acabar com o pesadelo que o seu
país vive".
O
prémio Nobel recordou o plano de assistência financeira acordado entre a troika
e a Grécia em 2010, descrevendo-o como "um documento notável, mas no pior
sentido".
"A
troika, enquanto pretendia passar por realista e determinada, estava a vender
uma fantasia. E o povo grego tem estado a pagar o preço dessa ilusão
elitista", criticou.
O
resultado, de acordo com Paul Krugman, foi "um pesadelo", recordando
que a recessão grega atingiu o pico no ano passado, com níveis de desemprego
acima dos 28% (de 60% no desemprego jovem), e que os primeiros sinais de
recuperação económica no país, que "mal se veem", não dão perspetivas
de que num futuro próximo os níveis de vida regressem ao pré-crise.
O
economista afirmou que as projeções da troika foram "demasiado
otimistas" porque a Comissão Europeia e o BCE acreditaram na "fada da
confiança", ou seja, que o otimismo no setor privado compensaria "a
destruição de emprego causada pela redução da despesa pública".
Perante
as falhas apontadas no programa de ajustamento, e com a vitória do Syriza, Paul
Krugman defendeu que "os oficiais europeus deviam ser aconselhados a
deixar de parte as lições de moral, pedindo-lhe [a Alexis Tsipras] que aja de
forma responsável e que apoie o programa da troika. O facto é que eles não têm
credibilidade: o programa que impuseram à Grécia nunca fez sentido. Não tinha
qualquer hipótese de funcionar".
Admitindo
ter dúvidas de que um alívio na austeridade e a reestruturação da dívida grega,
como propõe o Syriza, "sejam suficientes para produzir uma recuperação
económica forte" no país, o prémio Nobel considerou que os planos do novo
Governo grego "podem não ser radicais o suficiente".
"Por
outro lado, não é claro o que é que outro governo Grego pode fazer, a não ser
que esteja preparado para abandonar o euro, e o povo grego não está pronto para
isso", afirmou.
Alexis
Tsipras já tomou posse como primeiro-ministro da Gréciaapós a vitória
nas eleições legislativas de domingo do seu partido, o Syriza, que acordou uma aliança de governo com os nacionalistas Gregos Independentes.
O
Syriza conquistou 36,34% dos votos nas eleições de domingo, ganhando 149
lugares no parlamento, menos dois do que o necessário para ter a maioria
absoluta. Os gregos independentes obtiveram 4,75% dos votos, conquistando 13
deputados.
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