terça-feira, 27 de janeiro de 2015

EUROPA DEVIA DAR HIPÓTESE A TSIPRAS, diz Paul Krugman




O Nobel da Economia Paul Krugman afirmou, esta segunda-feira, que o novo primeiro-ministro grego "é mais realista" do que a troika e defendeu que a Europa devia "dar-lhe uma hipótese para acabar o pesadelo que a Grécia vive".

Num artigo de opinião publicado no "New York Times", e intitulado "Acabar com o pesadelo grego", Paul Krugman disse que o programa de assistência aplicado pela troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) na Grécia não foi realista e que "foi pedido o impossível aos gregos".

O economista norte-americano considerou que o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, "está a ser muito mais realista do que os oficiais" que querem continuar com a austeridade e defendeu que "o resto da Europa devia dar-lhe uma hipótese para acabar com o pesadelo que o seu país vive".

O prémio Nobel recordou o plano de assistência financeira acordado entre a troika e a Grécia em 2010, descrevendo-o como "um documento notável, mas no pior sentido".

"A troika, enquanto pretendia passar por realista e determinada, estava a vender uma fantasia. E o povo grego tem estado a pagar o preço dessa ilusão elitista", criticou.

O resultado, de acordo com Paul Krugman, foi "um pesadelo", recordando que a recessão grega atingiu o pico no ano passado, com níveis de desemprego acima dos 28% (de 60% no desemprego jovem), e que os primeiros sinais de recuperação económica no país, que "mal se veem", não dão perspetivas de que num futuro próximo os níveis de vida regressem ao pré-crise.

O economista afirmou que as projeções da troika foram "demasiado otimistas" porque a Comissão Europeia e o BCE acreditaram na "fada da confiança", ou seja, que o otimismo no setor privado compensaria "a destruição de emprego causada pela redução da despesa pública".

Perante as falhas apontadas no programa de ajustamento, e com a vitória do Syriza, Paul Krugman defendeu que "os oficiais europeus deviam ser aconselhados a deixar de parte as lições de moral, pedindo-lhe [a Alexis Tsipras] que aja de forma responsável e que apoie o programa da troika. O facto é que eles não têm credibilidade: o programa que impuseram à Grécia nunca fez sentido. Não tinha qualquer hipótese de funcionar".

Admitindo ter dúvidas de que um alívio na austeridade e a reestruturação da dívida grega, como propõe o Syriza, "sejam suficientes para produzir uma recuperação económica forte" no país, o prémio Nobel considerou que os planos do novo Governo grego "podem não ser radicais o suficiente".

"Por outro lado, não é claro o que é que outro governo Grego pode fazer, a não ser que esteja preparado para abandonar o euro, e o povo grego não está pronto para isso", afirmou.

Alexis Tsipras já tomou posse como primeiro-ministro da Gréciaapós a vitória nas eleições legislativas de domingo do seu partido, o Syriza, que acordou uma aliança de governo com os nacionalistas Gregos Independentes.

O Syriza conquistou 36,34% dos votos nas eleições de domingo, ganhando 149 lugares no parlamento, menos dois do que o necessário para ter a maioria absoluta. Os gregos independentes obtiveram 4,75% dos votos, conquistando 13 deputados.

Jornal de Notícias

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