A
esperança de uma viragem política ou o receio de novas experiências
confrontam-se hoje nas legislativas antecipadas na Grécia focalizadas em dois
homens, o líder de esquerda Alexis Tsipras e o primeiro-ministro conservador
Antonis Samaras.
A
eventual inversão de um ciclo de seis anos consecutivos de recessão e quatro de
duras medidas de austeridade, após os recentes sinais de retoma económica,
estão a ser aproveitados pelo primeiro-ministro conservador e líder da Nova
Democracia (ND) para sublinhar a ligação do país à Europa e agitar o fantasma
de uma saída do euro.
De
Bruxelas e das principais capitais europeias já veio um aviso: todos os
compromissos assumidos pelo país "devem ser cumpridos", numa
referência aos dois planos de resgate negociados com a 'troika' de credores
internacionais (Comissão Europeia, BCE e FMI) que ascendem a 240 mil milhões de
euros. E às respetivas medidas de austeridade e a um amplo plano de
privatizações.
Após
o falhanço do parlamento em eleger o novo presidente do país, que tornou
inevitáveis as legislativas antecipadas, Samaras insistiu que o principal
desafio das eleições residia na "manutenção do país na zona euro".
De
acordo com as sondagens, uma larga maioria dos gregos desejam permanecer na
zona euro e o Syriza nunca sugeriu a deserção da União Europeia, e em
particular da zona euro.
Mergulhada
na recessão desde 2008, a Grécia assistiu à explosão do desemprego (que ainda
ultrapassa os 25%), a reduções salariais entre os 30 e os 40%, ao envio de 20%
da população para o limiar da pobreza. Em 2014, indicam as estatísticas,
conheceu por fim dois trimestres consecutivos de PIB positivo e que serviram de
argumento ao poder para anunciar o "princípio do fim" dos
sacrifícios.
Os
argumentos do Syriza para desmontar o discurso oficial também deverão pesar nos
resultados que serão divulgados ao início da noite. Para além da capacidade de
o partido se apresentar coeso, e quando começam a surgir algumas vozes
dissonantes vindas da ala mais à esquerda, que defendem a suspensão do
reembolso dos empréstimos internacionais e quando Tsipras propõe a negociação.
As
urnas abriram às 07:00 de Atenas (05:00, em Lisboa), fechando 12 horas depois.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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