sábado, 24 de janeiro de 2015

PENA DE MORTE NA INDONÉSIA. NATURALIDADE DE UM REGIME PSICOPATA E CRIMINOSO


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Sabemos que para certos regimes a vida dos cidadãos naturais ou estrangeiros quase nada vale. Tal qual os psicopatas que assassinam friamente suas vítimas também existem regimes com tendências similares que reivindicam por diferença a “legalidade”. Pergunte-se-lhes desde quando a legalidade se coaduna com o assassinato de alguém que não está pondo a nossa vida em risco. Só em legitima defesa de nossa vida a legalidade deve reconhecer o direito de aniquilar alguém, mesmo assim procurando evitar tirar a vida mas simplesmente imobilizar o agressor.

Aquele tipo de “legalidade” que os países que incluem pena de morte nas suas leis reivindicam é um verdadeiro ato de assassínio, condenado pelos Direitos Humanos na Carta das Nações Unidas, e fruto de regimes psicopatas gravemente doentes e de valores deformados sobre o que julgam ser o seu direito a decretar a morte de alguém.

A nação que dizem ser referência global da democracia (pura ilusão e publicidade enganosa), os EUA, têm por “legalidade” em muitos dos Estados que a constituem o reconhecimento da pena de morte. Por notícias quase quotidianas sabemos que não faltam nos EUA doentes de psicopatia que assassinam de modo retumbante jovens em escolas ou outros quaisquer que na sua doença psíquica vejam como adversários ou por que “vozes do além” lhes ordenam os assassinatos. Mas não são só esses os criminosos à solta nos EUA, também governadores, senadores, congressistas e até presidentes da República estadunidense são enfermos de psicopatia. A história assim o confirma, a atualidade também.

O mau exemplo daquele “grande irmão” da falsa democracia, da liberdade e da justiça, os EUA, impele a que regimes o secundem e encontrem na “legalidade” estadunidense a ordem para matar nos países em que desempenham cargos de poder. A Indonésia é um desses maus exemplos. O ocidente sabe agora com maior pendor que assim acontece. E não pretendam ilibar os EUA e outros países de (falsa) referência civilizacional das tendências psicopatas sobre a “legalidade” da pena de morte.

A semana passada Marco Archer, um cidadão brasileiro, foi assassinado por fuzilamento por ter cometido o crime de narcotraficante. Quase generalizadamente é essa a punição para tal crime nos países asiáticos. Um outro brasileiro, Rodrigo Gularte, está em vias de ser assassinado pelo mesmo método criminoso. Outros dois cidadãos australianos, Myuran Sukumaran e Andrew Naan, também estão em vias de ser assassinados pelo regime indonésio, enfermo de psicopatia em alta escala. A vida dos cidadãos  indonésios pouco ou nada vale para os detentores dos poderes. A dos cidadãos estrangeiros ainda menos vale. O ocidente já devia ter aprendido isso. Na Indonésia a democracia é ainda mais palavra vã que nos países do ocidente. Temos por exemplo os crimes praticados no regime de Sukarno, depois no regime de Suharto, na própria Indonésia. Mais flagrante ainda foi a intolerável psicopatia generalizada do regime Suharto no genocídio timorense, com a cumplicidade dos EUA – representados pelo presidente Ford e o secretário de estado Henry Kissinger, autênticos criminosos de guerra que nos mostra a história. Os EUA, a Austrália e outros países europeus, assistiram ao genocídio psicopata do regime indonésio em Timor-Leste fornecendo-lhes armamento e apoio militar. Países europeus, incluindo a Inglaterra, não estão igualmente impunes de seu conluio naquela matança. O resultado da impunidade daquele genocídio está à vista. Nem a ONU mexeu uma efetiva palhinha de responsabilização e condenação-castigo daquele crime. Quase 300 mil timorenses foram assassinados pelo regime psicopata indonésio. Crime impune que até nos dirigentes timorenses encontrou aliados – saliente-se Xanana Gusmão - que se estiveram borrifando para que o mundo fizesse justiça e punisse adequadamente os criminosos.

Não é de admirar na atualidade que a Indonésia continue a manifestar as suas tendências de regime psicopata. Ainda mais, agora, com um novo presidente. Joko Widodo, um militar radical suhartista, anteriormente presidente da região de Surakarta e governador de Jakarta, para quem a democracia é uma palavra cujo significado só consta em dicionário próprio adulterado. O direito à vida e à morte é ele que o decide. Como chefe de um regime psicopata a condenação à morte de outros é uma purificação e por isso é-lhe indiferente que quem comete uma falta mereça outra punição que não seja a morte por fuzilamento. Balas santas de um fanático que pode enganar alguns mas não engana todos quando surge como o dito presidente de uma nação democrática. Nada mais falso. O mundo volta a saber que na Indonésia prevalece um regime psicopata chefiado por um psicopata.

Por isso não esperem perdão algum que venha a preservar a vida de condenados, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Nos manuais de psicologia, sobre os psicopatas, o sentido da palavra perdão não existe.

Ficamos todos a a saber o que está reservado aos condenados à pena de morte na Indonésia: o fuzilamento. E assim continuará a ser enquanto estados minimamente decentes mão pugnarem na ONU pelo respeito devido à vida e aos Direitos Humanos que ratificaram mas não cumprem com rigor. A solução seria isolar esses países, esses regimes. Infelizmente os cifrões falam mais alto. Que se lixem os Direitos Humanos. Isso mesmo foi o que aconteceu no genocídio em Timor-Leste. Isso mesmo é o que ainda na atualidade acontece. Os regimes psicopatas prevalecem. A Indonésia é disso exemplo. Logo ao lado, numa pequena ilha, Timor-Leste, algo se desenha semelhante e campeia a impunidade de um regime corrupto que guarda no seu cardápio assassinatos a gozar de impunidade. Curiosamente, em tempos anteriores, até com a cumplicidade de representantes da ONU - caso de Alfredo Reinado, de seu homem de confiança e guarda-costas e a tentativa de assassinato de José Ramos Horta.

Na imagem: Joko Widodo, atual presidente da Indonésia

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