terça-feira, 13 de janeiro de 2015

TÓTÓS & PALITO



João Luís

Com um camandro. Aquilo é que é um país civilizado.

Estou a falar da França, obviamente. Vocês não viram? Dois bacanos param o carro na Rue Nicolas-Appert, às 11horas e 20 minutos, no meio da faixa de rodagem, saem, dirigem-se ao número 10 da citada rua, matam uma pessoa à entrada das instalações do «Charlie Hebdo», sobem ao 2.º andar matam jornalistas e colaboradores da referida publicação. De regresso à viatura ainda atingem um polícia, mas como não estavam satisfeitos com o resultado caminham em direcção ao agente disparando mais uma vez e regressam calmamente ao carro tendo um deles apanhado um sapato ténis que entretanto havia perdido. E tudo isto sem que tivessem ouvido uma única buzinadela ou protestos de outros automobilistas por estarem a empatar o trânsito. Não é chic Paris? Nem se viu circular nenhuma outra viatura, nem uma motoreta de entrega de pizzas. Se fosse por cá, bastaria que num nano segundo após abrir o sinal verde alguém não pusesse o carrito em marcha e estava logo a levar com uma sinfonia de cláxones e havia de ouvir das boas acerca da sua mãezinha.

Numa googlagem rápida fiquei a saber que naquela artéria parisiense o preço mais baixo por m2 de um apartamento custa a módica quantia de 8.132€. Paris c'est toujours Paris.

Agora, há uma coisa que me faz espécie, catano. No dia do atentado passaram pelas televisões nacionais os comentadores do costume e dos costumes e mais uns especialistas de não sei bem o quê, figurando entre eles ex-militares e o Nuno Rogeiro. E todos ou quase todos afirmaram que aquilo não foi um acto terrorista ordinário, daqueles em que o assassino acaba com as próprias miudezas espalhadas pelo asfalto, não senhor, aquilo foi uma operação militar muito bem organizada, bem estruturada como se vê nos filmes americanos tipo Chuck Norris. E aqui é que a porca torce o rabo. Em dois dias descobriram a identidade dos terroristas, foram para cima deles e limparam-lhes o sarampo que foi uma alegria. Em dois dias, repito. Então estes maganos agiram tipo comando e não têm a fuga para fora do país preparada? Fugiram para Dammartin-en-Goële que é mais ou menos o mesmo que dizer que fugiram de Lisboa para Vila Franca de Xira, valha-me Deus?

Neste aspecto, os nossos bandidos são melhores. O Manuel Baltazar, também conhecido por “Palito”, matou a sogra, a tia da mulher e a esposa salvou-se por um triz e no entanto andou fugido à polícia durante um mês. Ele era agentes a pé, a cavalo de helicóptero e está bem está. Foi como procurar um palito no palheiro, ou lá o que é. E praticamente nem saiu de casa. Gastou-se uma pipa de massa e estava-se a ver que íamos ver palito por um canudo.

Não fossem assuntos sérios estes episódios mais pareciam terem saído dos filmes de suposta comédia do Enzo Barboni.

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