Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
Primeiro
foi guerrilheiro, depois prisioneiro, a seguir transformado num deus menor. Libertado, foi presidente, mentor e ativista de um golpe de Estado, até chegar a
primeiro-ministro e enredar-se na corrupção, no nepotismo, no conluio. Todo o mundo o
aponta como alguém que deve ser apresentado à justiça a fim de se apurar da sua
culpabilidade no enriquecimento dantesco de seus familiares e amigos, e o seu
próprio. Investigado, teve a ousadia de expulsar juízes estrangeiros e
aniquilar os processos que envolviam ministros do seu governo e ele próprio. Passou
a foragido da justiça mas continuou a chefiar o governo sob a bandeira da
corrupção e da arquitetura do modo de manter o seu estatuto de impunidade. Negociou
com uma pseudo oposição - sedenta de poder a qualquer preço - o carnaval bizarro de
formar um governo não eleito pelos timorenses mas que lhe garantisse o controle
de tudo e de todos.
O
Carnaval de Díli, este ano, antecipou a terça-feira de seu dia secular por todo
o mundo. Em Timor-Leste, as máscaras saíram dos baús mais cedo e assentaram nas
faces dos políticos que tomaram posse num pseudo novo governo supostamente chefiado
por um impoluto Rui Araújo que serve de capa à operação. Na posse, os salamaleques de veneração ao foragido da justiça
e controleiro do novo governo desembocaram em elogios espúrios que sabemos
serem familiares da conversa de treta nas cerimónias recheadas de falsidades
para com as populações e para com muitos dos presentes. Foi também vez das promessas. Promessas.
Esperançados
na crença de que quando é carnaval ninguém leva a mal as elites que se impõem
em Timor-Leste e ocupam funções governativas sem serem eleitos vão nessa onda. O
mundo faz que fecha os olhos mas sabe bem que todo este cortejo de ilegalidades
e impunidades vai ter de ser expurgado um dia. Não é para sempre que um
foragido pode colher as atuais benesses. Mesmo que seja de nome Xanana Gusmão.
O
carnaval em Timor-Leste vai continuar, mesmo fora da época. Até um dia. As notícias que se seguem deixam antever essa perspetiva.
Membros
do VI Governo de Timor-Leste tomaram posse
Díli,
16 fev (Lusa) - Os 38 membros do VI governo constitucional de Timor-Leste
tomaram hoje posse com um juramento perante o Presidente da República, Taur
Matan Ruak, numa cerimónia no palácio de Lahane, nos arredores de Díli.
O
novo primeiro-ministro, Rui Araújo, e cada um dos seus colegas juraram em
português antes de assinarem o termo de posse e serem saudados pelo chefe de
Estado.
Os
únicos momentos de aplausos ocorreram quando foi a vez do juramento do último
ministro, Xana Gusmão, que ocupa agora a pasta do Planeamento e Investimento
Estratégico, já no final da cerimónia.
Num
longo discurso, Rui Araújo destacou "a honra e sentido de
responsabilidade" que representa liderar o novo governo, considerando o
dia de hoje "marcadamente histórico na vida política de Timor-Leste".
Rui
Araújo recordou "as circunstâncias excecionais" que levaram à
formação deste governo, somado à lógica "mais pragmática de servir o
interesse nacional acima de qualquer outro".
Neste
contexto, "a conjugação de vontade, experiências, talentos e qualificações
suplantam a tradicional adversidade política, democrática, para dar solução aos
desafios que o país enfrenta", afirmou.
O
novo chefe e de governo disse que hoje é o dia em que os mais velhos passam a
responsabilidade de governação à nova geração numa transição "gradual, sem
ruturas" e num processo marcado por "coragem, integridade e sábia
liderança".
Rui
Araújo recordou alguns dos heróis mortos e vivos da libertação de Timor-Leste,
considerando que cabe a cada membro do seu governo honrar o legado, destacando
os progressos conseguidos nos últimos anos e o momento de estabilidade e
segurança que se vive.
O
líder do novo Governo comprometeu-se ainda a apostar na agenda de
desenvolvimento.
"Se
o peso da responsabilidade de governação parece aparentemente mais leve quando
refletimos nos progressos alcançados, torna-se gigante quando olhamos para tudo
o que ainda falta fazer", disse exemplificando com o facto de a maioria da
população viver abaixo da linha nacional de pobreza, um sinal de que os
benefícios do crescimento económico "não chegam a toda a gente".
"O
nosso país só pode aspirar ao desenvolvimento e ao progresso se assegurarmos
que a sua população é instruída e saudável. Mas, para ser instruída e saudável
é preciso ter que comer, ter acesso a água potável, ter habitação
condigna", disse.
O
novo primeiro-ministro comprometeu-se a fortalecer o investimento na educação,
saúde, agricultura e nos setores da água, saneamento e habitação apoiando a
população jovem que representa metade da população timorense.
ASP
// PJA
PR
timorense agradece a Xanana por encontrar "soluções pioneiras" para o
país
Díli,
16 fev (Lusa) - O Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak,
agradeceu hoje a Xanana Gusmão que, na formação do VI Governo de Timor-Leste -
que hoje tomou posse - soube encontrar "soluções pioneiras" para o
país.
"Como
nos habituou desde a luta, o irmão Xanana soube sempre pensar de forma
inovadora, consultar os companheiros, dialogar e encontrar soluções pioneiras
para os problemas da terra de Timor", disse hoje o chefe de Estado.
O
homem que trabalhou pela libertação de Timor-Leste, disse o chefe de Estado,
"trabalha, agora, para assegurar uma transição estável e bem-sucedida: da
geração que conquistou a libertação, para a geração que tem de conquistar o
desenvolvimento".
Taur
Matan Ruak falava na cerimónia de tomada de posse do VI Governo Constitucional,
liderado pelo primeiro-ministro Rui Maria Araújo, que decorreu hoje no Palácio
de Lahane, nos arredores de Díli.
Para
o chefe de Estado, o VI Governo é um exemplo de como "a velha e a nova
geração" podem trabalhar em equipa em prol de Timor-Leste, iniciando um
processo de transição de gerações na liderança do país.
"A
entrega da liderança do governo é um gesto de serviço ao país. É uma lição de
nacionalismo e uma ação educativa, pedagógica, mostrando que fazer política é
pôr os interesses da nação primeiro", disse.
Taur
Matan Ruak recordou o papel determinante que Xanana Gusmão teve noutros
momentos da história de Timor-Leste quando adotou estratégias inovadoras no seu
momento e que demonstraram ser determinantes.
"Abraço
calorosamente o senhor primeiro-ministro cessante, o irmão Xanana, e
transmito-lhe, em meu nome e do país, o nosso agradecimento - pela sua visão,
pela capacidade de inovação política, e pela vontade de alargar as obrigações e
responsabilidades de uma nova geração de timorenses ao mais alto nível do
Estado", disse.
Como
exemplo citou o processo de despartidarização das Falintil (Forças Armadas de
Libertação e Independência de Timor-Leste), "a orientação da Frente
Clandestina", o processo de transição para o referendo e para a
restauração da independência ou o processo de reconciliação.
Hoje,
afirmou, continua - como toda a geração de 1975 - a ter "ainda muito a dar
ao país", com líderes que têm "conhecimento, experiência e prestígio
nacional e internacional que continuam a colocar ao serviço do país".
A
decisão de Xanana Gusmão continuar como ministro no novo Governo "merece
ser saudada e elogiada, porque reforça a estabilidade e a confiança nesta
transição de gerações", disse o Presidente da República.
"Nas
suas novas responsabilidades como ministro, o irmão Xanana dará novos
contributos, certamente, para a diversificação da nossa economia a para
consolidar a afirmação regional e internacional de Timor-Leste, no caminho para
o desenvolvimento", disse ainda.
ASP
// PJA
Novo
Governo timorense é prova de maturidade e estabilidade - PR
Díli,
16 fev (Lusa) - O presidente da República de Timor-Leste considerou hoje que o
processo de formação do VI Governo Constitucional, que hoje tomou posse, é um
sinal de "maturidade da liderança e prova da estabilidade das
instituições".
"Conferir
posse a um governo a meio de uma legislatura é, em alguns países, sinal de
instabilidade", afirmou Taur Matan Ruak, na cerimónia de tomada de posse
do Governo liderado por Rui Maria Araújo.
"Neste
caso, pelo contrário, a formação do VI Governo Constitucional é um sinal de
maturidade da liderança e prova da estabilidade das instituições", disse
ainda.
Taur
Matan Ruak falava na cerimónia de tomada de posse do novo Governo de
Timor-Leste, um executivo de "unidade nacional", como o define o novo
primeiro-ministro, Rui Maria Araujo.
Com
38 elementos integra militantes de todos os partidos com assento parlamentar,
sendo liderado por um chefe de Governo militante da Fretilin (Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente) mas que foi indigitado pelo maior
partido, o CNRT (Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste).
"O
Governo foi formado num ambiente de estabilidade, através de um processo de
consultas e diálogo, e tem condições para reunir um apoio social amplo",
afirmou Taur Matan Ruak.
"O
estabelecimento de um acordo político alargado em torno das prioridades
nacionais de desenvolvimento é um bom sinal. Só em unidade podemos alcançar os
nossos objetivos", defendeu.
Desejando
êxitos ao novo primeiro-ministro e aos restantes membros do executivo, o chefe
de Estado recordou que os Governos "têm de ser instrumentos para servir o
país.
Dar
posse a um novo Governo deve sempre procurar "reforçar equilíbrios sociais
e a soberania nacional, criar melhores condições para o desenvolvimento social
do país e melhorar a economia e a vida das comunidades" de todo o
território, sublinhou.
Destacando
a experiência governativa de Rui Araújo e a sua ação "prudente e
eficaz" que soube conquistar a consideração da sociedade timorense, Taur
Matan Ruak mostrou-se convicto de que o novo chefe do Governo mostrará
dedicação e zelo no tratamento dos assuntos do Estado.
Para
o Presidente, a posse do VI Governo, "de continuidade", é mais um
passo na consolidação do Estado, no reforço da economia, na melhoria das
condições de vida e na afirmação e exercício da soberania.
"Este
Governo tem à sua frente meia legislatura - entre fevereiro de 2015 e julho de
2017. Dois anos e meio não são muito tempo. Mas são tempo suficiente para
melhorar métodos de trabalho, aperfeiçoar o funcionamento da Administração e a
qualidade dos serviços que o Estado presta à população - em Díli e em todo o
país", disse.
"Este
governo tem, nos próximos dois anos, uma oportunidade renovada para servir o
país e ajudar a responder aos desafios", considerou.
ASP
// PJA
Novo
PM timorense promete "boa governação, transparência e combate à
corrupção"
Díli,
16 fev (Lusa) - O novo primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo, prometeu
hoje, em Díli, que o seu governo vai atuar com rigor e integridade,
"fortalecendo a boa governação, a transparência e o combate à
corrupção".
"A
responsabilização, a prestação de serviços de qualidade e a disciplina não são
opcionais, são condição sine qua non para servir o povo timorense. Esta
transformação radical nas mentalidades dos nossos agentes públicos é
fundamental", disse hoje em Díli Rui Maria Araújo depois da cerimónia de
tomada de posse dos 38 membros do seu executivo perante o chefe de Estado Taur
Matan Ruak.
O
chefe de governo disse que será prioridade do executivo "combater a
cultura de burocratização na administração pública", considerando que nos
últimos anos a estrutura administrativa "transformou-se num elefante com
pés de barro".
"Agora,
chegou hora de criar uma nova ordem burocrática, mais leve, profissional e
técnica e menos politizada", disse Rui Araújo, declarando-se contra
"o compadrio que resulta quase sempre em mediocridade".
Rui
Araújo exigiu também empenho dos membros do governo, a quem promete uma
responsabilização "política, administrativa e criminal sobre todos os atos
e no âmbito das responsabilidades de cada um".
O
novo primeiro-ministro referiu-se ainda à situação económica do país e à grande
dependência dos recursos petrolíferos, aproveitando para insistir que
Timor-Leste vai avançar para "a definição clara das fronteiras marítimas e
terrestres perante a queda no preço do petróleo.
Rui
Maria Araújo disse que é vital melhorar o equilíbrio fiscal do país e promover
"uma política fiscal sustentável e uma despesa pública coerente para evitar
o desperdício".
O
desenvolvimento agrícola, o setor do turismo e o desenvolvimento do enclave de
Oecusse são setores onde a economia timorense se pode diversificar no setor da
justiça, de acordo com o novo primeiro-ministro.
Rui
Araújo salientou que o governo quer levar a cabo um reforço das capacidade e
competências, mas disse que esse esforço "exige uma avaliação profunda do
setor da justiça e o estabelecimento de um novo quadro de cooperação adequado
às necessidades do pais".
O
primeiro-ministro deixou ainda uma mensagem à sociedade civil, comprometendo-se
a estabelecer uma "auditoria social, permitindo que os indicadores de ação
governativa sejam passados a pente fino com maior responsabilidade".
ASP
// PJA
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