segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

FORAGIDO DA JUSTIÇA TIMORENSE RECEBE ELOGIOS NO CARNAVAL DE DÍLI


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Primeiro foi guerrilheiro, depois prisioneiro, a seguir transformado num deus menor. Libertado, foi presidente, mentor e ativista de um golpe de Estado, até chegar a primeiro-ministro e enredar-se na corrupção, no nepotismo, no conluio. Todo o mundo o aponta como alguém que deve ser apresentado à justiça a fim de se apurar da sua culpabilidade no enriquecimento dantesco de seus familiares e amigos, e o seu próprio. Investigado, teve a ousadia de expulsar juízes estrangeiros e aniquilar os processos que envolviam ministros do seu governo e ele próprio. Passou a foragido da justiça mas continuou a chefiar o governo sob a bandeira da corrupção e da arquitetura do modo de manter o seu estatuto de impunidade. Negociou com uma pseudo oposição - sedenta de poder a qualquer preço - o carnaval bizarro de formar um governo não eleito pelos timorenses mas que lhe garantisse o controle de tudo e de todos.

O Carnaval de Díli, este ano, antecipou a terça-feira de seu dia secular por todo o mundo. Em Timor-Leste, as máscaras saíram dos baús mais cedo e assentaram nas faces dos políticos que tomaram posse num pseudo novo governo supostamente chefiado por um impoluto Rui Araújo que serve de capa à operação. Na posse, os salamaleques de veneração ao foragido da justiça e controleiro do novo governo desembocaram em elogios espúrios que sabemos serem familiares da conversa de treta nas cerimónias recheadas de falsidades para com as populações e para com muitos dos presentes. Foi também vez das promessas. Promessas.

Esperançados na crença de que quando é carnaval ninguém leva a mal as elites que se impõem em Timor-Leste e ocupam funções governativas sem serem eleitos vão nessa onda. O mundo faz que fecha os olhos mas sabe bem que todo este cortejo de ilegalidades e impunidades vai ter de ser expurgado um dia. Não é para sempre que um foragido pode colher as atuais benesses. Mesmo que seja de nome Xanana Gusmão.

O carnaval em Timor-Leste vai continuar, mesmo fora da época. Até um dia. As notícias que se seguem deixam antever essa perspetiva.

Membros do VI Governo de Timor-Leste tomaram posse

Díli, 16 fev (Lusa) - Os 38 membros do VI governo constitucional de Timor-Leste tomaram hoje posse com um juramento perante o Presidente da República, Taur Matan Ruak, numa cerimónia no palácio de Lahane, nos arredores de Díli.

O novo primeiro-ministro, Rui Araújo, e cada um dos seus colegas juraram em português antes de assinarem o termo de posse e serem saudados pelo chefe de Estado.

Os únicos momentos de aplausos ocorreram quando foi a vez do juramento do último ministro, Xana Gusmão, que ocupa agora a pasta do Planeamento e Investimento Estratégico, já no final da cerimónia.

Num longo discurso, Rui Araújo destacou "a honra e sentido de responsabilidade" que representa liderar o novo governo, considerando o dia de hoje "marcadamente histórico na vida política de Timor-Leste".

Rui Araújo recordou "as circunstâncias excecionais" que levaram à formação deste governo, somado à lógica "mais pragmática de servir o interesse nacional acima de qualquer outro".

Neste contexto, "a conjugação de vontade, experiências, talentos e qualificações suplantam a tradicional adversidade política, democrática, para dar solução aos desafios que o país enfrenta", afirmou.

O novo chefe e de governo disse que hoje é o dia em que os mais velhos passam a responsabilidade de governação à nova geração numa transição "gradual, sem ruturas" e num processo marcado por "coragem, integridade e sábia liderança".

Rui Araújo recordou alguns dos heróis mortos e vivos da libertação de Timor-Leste, considerando que cabe a cada membro do seu governo honrar o legado, destacando os progressos conseguidos nos últimos anos e o momento de estabilidade e segurança que se vive.

O líder do novo Governo comprometeu-se ainda a apostar na agenda de desenvolvimento.

"Se o peso da responsabilidade de governação parece aparentemente mais leve quando refletimos nos progressos alcançados, torna-se gigante quando olhamos para tudo o que ainda falta fazer", disse exemplificando com o facto de a maioria da população viver abaixo da linha nacional de pobreza, um sinal de que os benefícios do crescimento económico "não chegam a toda a gente".

"O nosso país só pode aspirar ao desenvolvimento e ao progresso se assegurarmos que a sua população é instruída e saudável. Mas, para ser instruída e saudável é preciso ter que comer, ter acesso a água potável, ter habitação condigna", disse.

O novo primeiro-ministro comprometeu-se a fortalecer o investimento na educação, saúde, agricultura e nos setores da água, saneamento e habitação apoiando a população jovem que representa metade da população timorense.

ASP // PJA

PR timorense agradece a Xanana por encontrar "soluções pioneiras" para o país

Díli, 16 fev (Lusa) - O Presidente da República de Timor-Leste, Taur Matan Ruak, agradeceu hoje a Xanana Gusmão que, na formação do VI Governo de Timor-Leste - que hoje tomou posse - soube encontrar "soluções pioneiras" para o país.

"Como nos habituou desde a luta, o irmão Xanana soube sempre pensar de forma inovadora, consultar os companheiros, dialogar e encontrar soluções pioneiras para os problemas da terra de Timor", disse hoje o chefe de Estado.

O homem que trabalhou pela libertação de Timor-Leste, disse o chefe de Estado, "trabalha, agora, para assegurar uma transição estável e bem-sucedida: da geração que conquistou a libertação, para a geração que tem de conquistar o desenvolvimento".

Taur Matan Ruak falava na cerimónia de tomada de posse do VI Governo Constitucional, liderado pelo primeiro-ministro Rui Maria Araújo, que decorreu hoje no Palácio de Lahane, nos arredores de Díli.

Para o chefe de Estado, o VI Governo é um exemplo de como "a velha e a nova geração" podem trabalhar em equipa em prol de Timor-Leste, iniciando um processo de transição de gerações na liderança do país.

"A entrega da liderança do governo é um gesto de serviço ao país. É uma lição de nacionalismo e uma ação educativa, pedagógica, mostrando que fazer política é pôr os interesses da nação primeiro", disse.

Taur Matan Ruak recordou o papel determinante que Xanana Gusmão teve noutros momentos da história de Timor-Leste quando adotou estratégias inovadoras no seu momento e que demonstraram ser determinantes.

"Abraço calorosamente o senhor primeiro-ministro cessante, o irmão Xanana, e transmito-lhe, em meu nome e do país, o nosso agradecimento - pela sua visão, pela capacidade de inovação política, e pela vontade de alargar as obrigações e responsabilidades de uma nova geração de timorenses ao mais alto nível do Estado", disse.

Como exemplo citou o processo de despartidarização das Falintil (Forças Armadas de Libertação e Independência de Timor-Leste), "a orientação da Frente Clandestina", o processo de transição para o referendo e para a restauração da independência ou o processo de reconciliação.

Hoje, afirmou, continua - como toda a geração de 1975 - a ter "ainda muito a dar ao país", com líderes que têm "conhecimento, experiência e prestígio nacional e internacional que continuam a colocar ao serviço do país".

A decisão de Xanana Gusmão continuar como ministro no novo Governo "merece ser saudada e elogiada, porque reforça a estabilidade e a confiança nesta transição de gerações", disse o Presidente da República.

"Nas suas novas responsabilidades como ministro, o irmão Xanana dará novos contributos, certamente, para a diversificação da nossa economia a para consolidar a afirmação regional e internacional de Timor-Leste, no caminho para o desenvolvimento", disse ainda.

ASP // PJA

Novo Governo timorense é prova de maturidade e estabilidade - PR

Díli, 16 fev (Lusa) - O presidente da República de Timor-Leste considerou hoje que o processo de formação do VI Governo Constitucional, que hoje tomou posse, é um sinal de "maturidade da liderança e prova da estabilidade das instituições".

"Conferir posse a um governo a meio de uma legislatura é, em alguns países, sinal de instabilidade", afirmou Taur Matan Ruak, na cerimónia de tomada de posse do Governo liderado por Rui Maria Araújo.

"Neste caso, pelo contrário, a formação do VI Governo Constitucional é um sinal de maturidade da liderança e prova da estabilidade das instituições", disse ainda.

Taur Matan Ruak falava na cerimónia de tomada de posse do novo Governo de Timor-Leste, um executivo de "unidade nacional", como o define o novo primeiro-ministro, Rui Maria Araujo.

Com 38 elementos integra militantes de todos os partidos com assento parlamentar, sendo liderado por um chefe de Governo militante da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente) mas que foi indigitado pelo maior partido, o CNRT (Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste).

"O Governo foi formado num ambiente de estabilidade, através de um processo de consultas e diálogo, e tem condições para reunir um apoio social amplo", afirmou Taur Matan Ruak.

"O estabelecimento de um acordo político alargado em torno das prioridades nacionais de desenvolvimento é um bom sinal. Só em unidade podemos alcançar os nossos objetivos", defendeu.

Desejando êxitos ao novo primeiro-ministro e aos restantes membros do executivo, o chefe de Estado recordou que os Governos "têm de ser instrumentos para servir o país.

Dar posse a um novo Governo deve sempre procurar "reforçar equilíbrios sociais e a soberania nacional, criar melhores condições para o desenvolvimento social do país e melhorar a economia e a vida das comunidades" de todo o território, sublinhou.

Destacando a experiência governativa de Rui Araújo e a sua ação "prudente e eficaz" que soube conquistar a consideração da sociedade timorense, Taur Matan Ruak mostrou-se convicto de que o novo chefe do Governo mostrará dedicação e zelo no tratamento dos assuntos do Estado.

Para o Presidente, a posse do VI Governo, "de continuidade", é mais um passo na consolidação do Estado, no reforço da economia, na melhoria das condições de vida e na afirmação e exercício da soberania.

"Este Governo tem à sua frente meia legislatura - entre fevereiro de 2015 e julho de 2017. Dois anos e meio não são muito tempo. Mas são tempo suficiente para melhorar métodos de trabalho, aperfeiçoar o funcionamento da Administração e a qualidade dos serviços que o Estado presta à população - em Díli e em todo o país", disse.

"Este governo tem, nos próximos dois anos, uma oportunidade renovada para servir o país e ajudar a responder aos desafios", considerou.

ASP // PJA

Novo PM timorense promete "boa governação, transparência e combate à corrupção"

Díli, 16 fev (Lusa) - O novo primeiro-ministro timorense, Rui Maria Araújo, prometeu hoje, em Díli, que o seu governo vai atuar com rigor e integridade, "fortalecendo a boa governação, a transparência e o combate à corrupção".

"A responsabilização, a prestação de serviços de qualidade e a disciplina não são opcionais, são condição sine qua non para servir o povo timorense. Esta transformação radical nas mentalidades dos nossos agentes públicos é fundamental", disse hoje em Díli Rui Maria Araújo depois da cerimónia de tomada de posse dos 38 membros do seu executivo perante o chefe de Estado Taur Matan Ruak.

O chefe de governo disse que será prioridade do executivo "combater a cultura de burocratização na administração pública", considerando que nos últimos anos a estrutura administrativa "transformou-se num elefante com pés de barro".

"Agora, chegou hora de criar uma nova ordem burocrática, mais leve, profissional e técnica e menos politizada", disse Rui Araújo, declarando-se contra "o compadrio que resulta quase sempre em mediocridade".

Rui Araújo exigiu também empenho dos membros do governo, a quem promete uma responsabilização "política, administrativa e criminal sobre todos os atos e no âmbito das responsabilidades de cada um".

O novo primeiro-ministro referiu-se ainda à situação económica do país e à grande dependência dos recursos petrolíferos, aproveitando para insistir que Timor-Leste vai avançar para "a definição clara das fronteiras marítimas e terrestres perante a queda no preço do petróleo.

Rui Maria Araújo disse que é vital melhorar o equilíbrio fiscal do país e promover "uma política fiscal sustentável e uma despesa pública coerente para evitar o desperdício".

O desenvolvimento agrícola, o setor do turismo e o desenvolvimento do enclave de Oecusse são setores onde a economia timorense se pode diversificar no setor da justiça, de acordo com o novo primeiro-ministro.

Rui Araújo salientou que o governo quer levar a cabo um reforço das capacidade e competências, mas disse que esse esforço "exige uma avaliação profunda do setor da justiça e o estabelecimento de um novo quadro de cooperação adequado às necessidades do pais".

O primeiro-ministro deixou ainda uma mensagem à sociedade civil, comprometendo-se a estabelecer uma "auditoria social, permitindo que os indicadores de ação governativa sejam passados a pente fino com maior responsabilidade".

ASP // PJA

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