Notícias (mz),
editorial
A população da zona
norte e do país inteiro já pode respirar de alívio, volvido cerca de um mês e
meio após as cheias diluvianas que num mesmo dia, 12 de Fevereiro, destruíram
um pouco de tudo, incluindo duas importantes e vitais infra-estruturas de desenvolvimento.
Estamos a falar das torres de transporte de energia eléctrica da linha
centro-norte e também da interrupção da Estrada Nacional Número Um, que
registou vários cortes no distrito de Mocuba, província da Zambézia.
Pelas contas da
Electricidade de Moçambique, 350 mil consumidores ficaram de imediato privados
de energia eléctrica e há também incontáveis prejuízos decorrentes do corte da
estrada, o principal elo do fluxo de pessoas e bens e do escoamento da produção
para as áreas de maior consumo situadas no sul.
Esta terça-feira
foi finalmente reaberto o tráfego rodoviário na zona de Mocuba, poucos dias
depois de ter sido concluída a linha alternativa de transporte de energia, o
que veio pôr fim a um sofrimento que durava há já longos 35 dias.
Não fosse o
empenho, dedicação e sentido de dever de gente anónima e a direcção incansável
dos quadros da EDM e da ANE o sofrimento das centenas de milhares de pessoas
podia ser prolongado e multiplicar-se-iam os prejuízos para a economia do país.
Vale, por isso, o
reconhecimento ao esforço, empenho e dedicação empreendido quer pela
Electricidade de Moçambique assim como pela Administração Nacional de Estradas,
que desde a primeira hora, sem olhar a horários e mesmo debaixo da chuva
permaneceram no terreno a trabalhar para que a energia e a N1 voltassem
rapidamente ao serviço do desenvolvimento do país.
Para trás ficam na
memória batalhas travadas dia e noite para a reposição destas duas
infra-estruturas, que são uma lição que vale a pena congratular e enaltecer e que
chama à atenção para a necessidade de novas abordagens na forma de lidar e
conviver com eventos extremos.
Estes gestos deixam
a esperança de que a circulação de pessoas e bens e a economia, dum modo geral,
voltam a ganhar dinâmica.
Porque ainda se
está perante a fase crítica da época chuvosa, fica visto que ainda não é tempo
para relaxar, exigindo-se, por isso, o redobrar de esforços para que não surjam
novos focos de preocupação.
Ademais, o país
está perante uma situação difícil de administrar, porque derivada das mudanças
climáticas e o exemplo da situação vivida em Mocuba chama à atenção para a
urgência de medidas estruturais à altura dos novos cenários climáticos.
Estas medidas devem
ser pensadas com a urgência necessária e serem postas em prática com a
brevidade requerida para que o país não viva ciclicamente sobre a ameaça de
novas interrupções de infra-estruturas vitais que marcam o dia-a-dia dos
moçambicanos.
Estamos a falar da
tomada de medidas enérgicas suficientes para encarar os problemas e de soluções
duradouras para mitigar o contínuo risco de perda de vidas humanas e dos
elevados prejuízos para a economia.
Com isso reforça-se
ainda mais a importância de se promover, o quanto antes e segundo níveis
distintos de prioridade, estudos para a concepção das necessárias medidas visando
reduzir a vulnerabilidade das infra-estruturas aos eventos extremos.
É de congratular o
facto de estarem em curso no terreno iniciativas que visam capacitar o país
para lidar melhor com esta realidade, ao se equacionar, a título de exemplo,
uma segunda linha, de redundância, para o abastecimento de energia eléctrica ou
mesmo a reconstrução, com maior qualidade, das infra-estruturas de estrada
destruídas, de maneira a dar uma resposta duradoura à crise e a evitar danos
futuros.
A ocorrência cada
vez mais frequente de eventos extremos e de seus potenciais efeitos negativos à
sociedade e ao meio ambiente sugerem também a importância da preparação das
comunidades para enfrentar as consequências agora já consideradas inevitáveis e
uma série de medidas públicas e privadas de modo a mitigar o seu impacto.
Por tudo isto,
seria estimulante e gratificante se no futuro e mesmo perante as mudanças
climáticas pudéssemos caminhar para um país com equipamentos e infra-estruturas
robustas e de melhor protecção.
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