quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

PM timorense quer celeridade no registo empresarial e agilidade na cobrança fiscal e no porto




PM de Timor-Leste quer mais celeridade no registo empresarial, agilidade na cobrança fiscal

Díli, 26 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense defendeu hoje novos métodos para dar mais celeridade ao processo de registo empresarial e mais agilidade e eficácia na cobrança de impostos, afirmando que as receitas domésticas do país têm que aumentar.

Rui Araújo realizou hoje uma visita surpresa ao Serviço de Registo e Verificação Empresarial (SERVE), criado em 2012 para ser um "serviço único" integrado, para todos os serviços relacionados com o registo e licenciamento comercial, antes tratados em três Ministérios diferentes.

Apesar da promessa de ser um "one stop shop", o chefe do Governo constatou que a ideia ainda está longe de ser implementada.

"Afinal este 'one stop shop' é um 'três stop shop'", comentou, pedindo que os serviços procurem novos métodos.

Rui Araújo questionou repetidamente o facto de demorar até 40 dias para completar todo o processo de registo de uma empresa - "mesmo um quiosque" - como era o caso de um que estava a ser registado por um mulher com quem o primeiro-ministro conversou no local.

"Não pode ser. Temos que facilitar as coisas. Fix it", disse, dirigindo-se ao número dois das Finanças.

Em cada uma das várias portas dos departamentos ali integrados, Rui Araújo ouvia mais uma informação, recolhia mais uma impressão sobre os serviços, repetindo, vezes sem conta a expressão em inglês.

Foi a primeira-vez que um chefe de Governo visitou o local.

Florêncio Sanches, diretor do SERVE, explicou à Lusa que até ao momento já foram dadas em Timor-Leste cerca de 30 mil licenças empresariais ou de autorização para fazer negócio.

Desse total 7.600 têm um certificado de registo empresarial, sendo que há 172 cujas receitas brutas anuais ultrapassam um milhão de dólares.

Outros dados estatísticos, porém, são mais difíceis de apurar. Ninguém sabe, em Timor-Leste, quantos trabalhadores pagam impostos - só descontam salários acima de 500 dólares mensais - nem sequer quanto cada setor de atividade paga de impostos.

Ainda assim, em 2014, as receitas tributárias não petrolíferas, explicou, foram de 72 milhões de dólares.

O grande bolo das receitas tributárias é do setor petrolífero: 8 mil milhões de dólares nos últimos 15 anos, praticamente metade do valor total do Fundo Petrolífero - a outra metade provém das 'royalties' das explorações em si.

No total há 17 empresas operadoras, no setor de petróleo e gás, mas mais de 200 contratadas.

E apesar das receitas estarem em queda desde 2012 - ainda antes da queda no valor do crude e devido à menor produção em campos como o Bayu Undan - continuam a ser significativas: só nos primeiros nove meses do ano, as receitas tributárias ascendiam a 609 milhões de dólares.

"Isto afeta a economia do país, estamos a ver o rendimento doméstico, a ver como o sistema funciona. Há possibilidade de, tendo uma melhor administração dos impostos, do Estado poder recolher mais", disse Rui Araújo à Lusa.

"É nesse sentido que este governo vai ter que trabalhar", afirmou.

ASP // FV

PM timorense realiza visita surpresa ao Porto de Díli e pede melhores métodos

Díli, 26 fev (Lusa) - A expressão em inglês "fix it" (compõe) foi uma das mais usadas pelo primeiro-ministro timorense durante as visitas surpresas que realizou ao Porto de Díli e a vários departamentos do Ministério das Finanças na capital timorense.

"Mais do que querer punir seja quem for, trata-se de perceber o que se passa, de ver como estão a funcionar as coisas. Para melhorar a política de implementação", explicou Rui Araújo.

"Temos que criar sistemas que sirvam melhor a comunidade", insistiu o primeiro-ministro que visitou o Porto acompanhado do vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, Inácio Moreira, e do vice-ministro das Finanças, Hélder Lopes.

É a segunda vez desde que tomou posse, há 10 dias, que realiza inspeções surpresas a departamentos do Governo.

Os jornalistas são chamados a estarem no Palácio do Governo logo ao início da manhã - Rui Araújo chega ao escritório às 07:30 - e depois, numa carrinha organizada pela Secretaria de Estado da Comunicação Social acompanham as visitas.

Não se sabe o destino, viaja-se apenas com o carro do primeiro-ministro e duas viaturas de segurança. Sem pressas, sem sirenes e com paragens até nos semáforos, se estiverem vermelhos.

Durante cerca de uma hora, o chefe do Governo visitou praticamente todas as áreas do Porto de Díli, verificando como se realizam inspeções aos contentores e o uso da única máquina de raio-x para investigar o conteúdo dos contentores.

Uma oportunidade para perceber os vários problemas com que se depara a principal infraestrutura de entrada de tudo em Timor-Leste, com cerca de mil contentores processados por mês - sendo que, em média, demora 15 dias para que o contentor, quando chega, saia do Porto.

"É um problema de capacidade mas também é um problema de gestão. E em termos de serviços públicos vamos ter que resolver isto", disse à Lusa o chefe de Governo durante a visita ao Porto.

Os problemas vão desde a dimensão do porto - navios chegam a ter que esperar mais de um mês para poder descarregar - falta de coordenação e de melhores métodos no processo que envolve alfândega e autoridade portuária, a meios técnicos pouco adequados.

"A dimensão do Porto é insuficiente e os navios têm que esperar muito tempo", disse à Lusa Valente Araújo, do serviço de alfândegas.

A cada problema detetado Rui Araújo foi dando instruções aos membros do Governo que o acompanham para que tomem nota - "fix it" - e para que se coordenem melhor.

"Eu acho que podemos melhorar as coisas. Alterar procedimentos. Temos estado a dialogar com os responsáveis do Porto para tentar agilizar as coisas", disse à Lusa José António Abílio, diretor geral das Alfandegas.

ASP // FV

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