quinta-feira, 5 de março de 2015

BES SALGADO. CRIMINOSOS QUE ANDAM À SOLTA PROTEGIDOS PELA IMPUNIDADE




Bom dia. Também hoje não chegámos a horas minimamente decentes para lhe transmitir o habitual e aromático mimo do Expresso Curto. Com mãos trementes quem o serve é Henrique Monteiro, redator principal do Expresso do brilhante Francisco Pinto Balsemão, também conhecido por Bildeberg Português. Coisas das más-línguas.

O curto e aromático Expresso que aqui compilamos trás algumas novidades mas está quase como as nuvens que pairam nos céus de Lisboa e arredores. A inspiração da Tia Atualidade está em baixo. Salgado do BES, o trafulha criminoso em liberdade, banqueiro – só podia – de apertadas relações com os políticos quase eternos da praça portuguesa – alô Belém! – e outros mais jovens mas profissionais à espera de enriquecerem ainda mais com incumprimentos e outros expedientes peculiares aos políticos que são uns tesos quando chegam à profissão mas acumulam milagrosas fortunas para a velhice sem saber onde foram roubar, ou sabendo-se mas sem nada poder fazer para punir porque a Tia Impunidade protege tais tratantes – alô São Bento, Largo do Rato, Largo do Caldas e arredores!

Enfim. Criminosos que andam à solta protegidos pela Tia Impunidade.

Este cafezinho tirado quando o Henrique ainda estava meio dormente traz de tudo que possa interessar ao comum mortal. Cultura, principalmente. Que bom! Referência a Factos e Falácias Económicos, de De Thomas Sowell. Interessante. Siga para bingo, com o Expresso Curto. Despache-se, para que não arrefeça. Quentinho é que é bom. Tenham um bom dia, desejamos nós, aqui pela parte do PG. Obrigado Expresso. (PG)

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

SER HONESTO E FICAR RICO

Henrique Monteiro, redator principal 

Dizia-se que só há uma maneira de acabar uma vida honesta com uma pequena fortuna: é começar-se com uma grande.

Hoje, sabe-se que o cândido Ricardo Salgado, líder do BES, desobedeceu 21 vezes ao Banco de Portugal, segundo as conclusões da Auditoria Forense encomendada à Deloitte. 21 vezes, entre Dezembro de 2013 e Julho de 2014, uma média de três desobediências por mês. Além disso, praticou atos de gestão ruinosa. Pergunta certeira do Pedro Santos Guerreiro: no BES eram todos muito inteligentes, ou muito burros? A minha resposta seria: eram todos muito impunes...  pelo menos até agora. Daqui para a frente ver-se-á se são descobertos e como são tratados todos os autores dos crimes indiciados pela auditoria: burla. fraude, manipulação de contas, falsificação de documentos, enfim um largo cardápio. Está tudo no site do Expresso.

Ainda sobre o BES, mas agora na vertente em que a PT foi destruída, após Zeinal Bava foi ontem a vez de o meu homónimo Granadeiro  ir à Comissão Parlamentar de Inquérito. Como ele, também eu juro por Deus (mas não pelo Espírito Santo) que não sei de nada… nem disto nem de nove mulheres grávidas ou uma mulher grávida de nove meses. Mas menos ainda compreendo como se põem 897 milhões de euros numa única empresa, ainda por cima… hum… seriamente prejudicada, para não dizer falida. O que me diferencia dele, é que eu também não sei se a culpa foi de Amílcar Morais Pires, ou se Bava conhecia o negócio de trás para a frente. E presumo que, no fim da Comissão, ficaremos todos na mesma. Pessimismo meu, com certeza.

É natural que isto ainda vá dar muito que falar. Até no BPN, dizem os respetivos advogados, nem caso de burla devia haver, pelo menos no que toca ao ex-ministro de Cavaco Silva Arlindo Carvalho, um entre os oito arguidos de um dos processos relacionados com aquele banco que começou ontem a ser julgado,

Já Salgado, sabendo que tudo o que um homem deixa é a sua reputação, há de ter uma explicação convincente para o que se passa. José Sócrates, por exemplo, já a deu, ao explicar a razão da sua detenção e das suspeitas que sobre ele recaem: trata-se de um caso político. Ele é um preso político (e não um político preso) e acusa Passos Coelho de estar "próximo da miséria moral". A carta de quatro parágrafos do ex-primeiro-ministro foi difundida pela TSF e publicada esta manhã nos dois jornais do mesmo grupo de media presidido pelo seu advogado Daniel Proença de Carvalho - DN e JN.

O ataque do ex ao atual é assumido como uma resposta a um discurso do atual em que o nome do ex não é referido. Mas a vida é assim e sobre as trapalhadas com a Segurança Social na vida de Passos Coelho, convenhamos que o atual primeiro-ministro mais parece um parafuso: quanto mais voltas dá, mais se enterra. Não sei se pelo facto de o ex já estar mesmo quase todo enterrado com as voltas que deu, o certo é que o atual líder da Oposição, António Costa, também anda com mau feitio, como se constata pela reação a uma repórter da SIC que lhe pedia para reagir aos processos de Passos na Segurança Social

Mas há mais: depois dos 'Vistos Gold', surge agora um esquema de falsificação de documentos sobre dívidas de empresas; e em Lisboa o perdão ao Benfica ainda dá que falar... enfim, há de tudo para investigar, esclarecer e julgar. Hoje é daqueles dias que a vida pública portuguesa nos enoja...

OUTRAS NOTÍCIAS

Paulo Pereira Cristóvão só vai ser ouvido hoje. Se os indícios que lhe apontam são verdade é um bom motivo para a PJ se interrogar como teve tal personagem nas suas fileiras. E, já agora, o Sporting (que começa hoje a discutir um lugar na final da Taça de Portugal), além de se demarcar, podia também repudiar o seu comportamento...

O Dux das praxes da Universidade Lusófona não vai a julgamento, decidiu, finalmente o tribunal. Uma decisão sensata, face aos factos conhecidos que, compreensivelmente exaspera os familiares dos estudantes que morreram no Meco.

O Euro atingiu ontem a sua cotação mais baixa face ao dólar, nos últimos 11 anos. Bom para as exportações, mau para as importações. Como tudo na vida, há sempre dois pontos de vista.

A propósito de notas, o Banco do Canadá pede que deixem de adaptar a cara de Wilfrid Laurier, que consta na nota de cinco dólares, à figura de Mr Spock, da série e filme Star Trek.

E há um português (há sempre um português), José Neves, que conseguiu pôr uma empresa tecnológica virada para o luxo a valer mil milhões de dólares. É a Farfetch. A história lê-se no Expresso e no Financial Times

FRASES

“A Espanha e Portugal não tiveram um plano maléfico para derrubar o governo grego. Se Mariano e Pedro tivessem esse plano, eu interviria, mas as suas intenções são boas", disse Jean Claude Juncker. É sempre bom saber que Jean, se preciso for, põe o Mariano e o Pedro na ordem.

“Passos deve pedir desculpa aos portugueses” afirmou Santana Lopes na SIC. É verdade, não só da trapalhada da Segurança Social como da ideia que pôs a correr segunda a qual podia apoiar Santana para Belém.

“Estamos a devolver o sentimento de ambição ao sistema financeiro português” afirmou o porta-voz de Isabel dos Santos, filha do presidente angolano, a propósito da fusão BPI/BCP. Sempre me pareceu que isto tinha mais a ver com amor por Portugal do que com interesses financeiros…

"A senhora não pode aparecer de trás de um carro e começar a fazer perguntas", afirmou António Costa a uma repórter que, na rua. lhe pedia uma reação ao caso do primeiro-ministro com a Segurança Social. Por aqui se vê que há regras que só se aplicam quando convém...

O QUE DIZEM OS NÚMEROS

Em Portugal, 2013, diz o Pordata, houve 31693 casamentos heterossexuais e 305 homossexuais. Já divórcios, houve, ao todo 22525, no mesmo ano. Ou seja há 70,4 divórcios por cada 100 casamentos, percentagem, mesmo assim, inferior à registada em 2011.

Outro dado – as mulheres, que nos anos 60 se casavam, em média com 24,3 anos, casaram-se em 2013 com uma média de 30,2 anos. Nesse ano, o último em que há dados fechados, foi a primeira vez que a idade média de casamentos nas mulheres ultrapassou os 30 anos. Quanto aos homens, passaram de 26,6 anos em média, em 1970, para  31,7 em 2013. A fonte continua a ser o Pordata.

Quando se diz que a emigração voltou a valores dos anos 60, é preciso descontar o exagero. O saldo migratório (diferença entre as pessoas que emigram e imigram) de 1964 foi de -180,9 mil pessoas.Em 1969 foi de -208,7 mil pessoas. Em 2013 foi de -36,2 mil pessoas, um pouco menos do que as -37,3 mil pessoas do ano anterior.  (Pordata)

O QUE EU ANDO A LER

Um livro que comecei há tempos, interrompi, e agora voltei a ele. De Thomas Sowell, Economic Facts and Fallacies (o que pode ser traduzido por Factos e Falácias Económicas). Sowell, um economista de Stanford, descreve uma série de falácias e factos que se tornaram lugares-comuns mesmo entre os economistas. Dois exemplos, um de factos e outro de falácias. Facto: “A mais importante razão para as mulheres terem salários inferiores ao dos homens não está no facto de receberem menos para fazerem as mesmas coisas, mas sim no facto de não fazerem as mesmas coisas, estarem distribuídas de forma diferente pelos empregos e trabalharem, no geral, menos horas”. Falácia: Se a desigualdade aumenta é porque a pobreza aumenta. Ora a desigualdade pode aumentar com os mais pobres a ficarem menos pobres. Se um rico ganha 100 e um pobre 10 e o rico for aumentado 10% e o pobre 20, a desigualdade, que era de 90, passa a ser de 98 e o pobre está menos pobre.

O livro é provocatório e bom para mentes abertas. Infelizmente só há em inglês, mas tem aqui um resumo em português.

E é tudo esta manhã. Já sabe que às 18 tem mais uma edição do Expresso Diário e, amanhã pela manhã, um Expresso Curto servido pela Mafalda Anjos, com arte e desvelo.

Bom dia!

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