quarta-feira, 4 de março de 2015

BOM SENSO DA FRETILIN EM BUSCA DE CONSENSO SOBRE A EDUCAÇÃO EM TIMOR-LESTE




Modelo das escolas de referência em Timor-Leste deve ser alargado - Fretilin

Díli, 4 mar (Lusa) - O modelo das escolas de referência timorenses, onde o português é ensinado desde o pré-escolar, deveria ser ampliado para fortalecimento das duas línguas oficiais, tétum e português, disse hoje o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri.

"Se temos escolas de referência que estão a ter bons resultados, porque é que não ampliamos lentamente esse tipo de escolas, com o mesmo sistema de educação onde a língua portuguesa é usada como língua simultaneamente de ensino e de instrução desde a pré-escolar. É isso que tem que ser, língua portuguesa e tétum", disse à agência Lusa.

As onze escolas de referência a funcionarem em igual número de distritos timorenses e as duas que deverão ser abertas este ano são um dos projetos centrais na cooperação entre Portugal e Timor-Leste.

Sediadas em 11 capitais de distrito - Bacau, Same, Maliana, Oe-cusse, Ermera, Aileu, Liquiçá, Lospalos, Suai, Dili e Manaauto - e com mais de 3.500 alunos timorenses, deveriam ter cerca de 150 professores, ainda que cerca de 50 continuem por chegar a Timor-Leste.

O projeto prevê ainda a abertura, durante o presente ano letivo, de novas escolas em Viqueque e Ainaro, permitindo que todos os distritos do país fiquem dotados com estas escolas de referência, mas o processo está dificultado pelo atraso no envio dos professores que deveriam ter chegado no ano passado Timor-Leste.

Alkatiri falava à Lusa no Parlamento Nacional, onde a sua bancada, a Fretilin, pediu hoje o adiamento para a próxima quarta-feira do debate da Apreciação Parlamentar sobre dois polémicos decretos curriculares do Governo, no intuito de "procurar consensos" sobre o assunto.

Mari Alkatiri recordou que as ideias de introduzir o ensino das línguas maternas tem vindo a ser defendidas por várias agências internacionais, que desde a assembleia constituinte, em 2000, continuam "a insistir no mesmo ponto".

"Eles nunca virão com argumentos políticos. Apresentarão sempre argumentos técnicos. Temos que ser capazes de ver nos argumentos técnicos o que corresponde à verdade, porque não podemos ignorar ou negar a verdade, mas temos que manter a coerência com a política que foi defina constitucionalmente: de reforçar, reintroduzir a língua portuguesa e afinar o tétum", defendeu.

Afirmando que várias organizações ativas na promoção da agenda das línguas maternas "estão interessados em dividir", Mari Alkatiri insistiu que a necessidade e vontade de preservar e proteger a riqueza cultural timorense não pode condicionar o objetivo de desenvolvimento educativo.

"Quando se pretende desenvolver um sistema educativo visando a assimilação da ciência, da técnica, da teoria, da filosofia, devemos ser claros de que isso não pode ser feito proliferando línguas na educação", disse.

ASP // ARA

Debate sobre decretos educativos timorenses adiado pela Fretilin para procurar consenso

Díli, 04 mar (Lusa) - A bancada do segundo maior partido timorense, a Fretilin, pediu hoje o adiamento para quarta-feira do debate da Apreciação Parlamentar sobre dois polémicos decretos curriculares do Governo, no intuito de "procurar consensos" sobre o assunto.

"Temos esperança que haja consenso, um acordo sobre este assunto. Precisamos de tempo para falar", disse Aniceto Guterres, chefe da bancada da Fretilin.

"Defendemos o adiamento e pedimos para adiar o segundo dia de debate para a próxima segunda-feira. Pedimos tempo para que os líderes das bancadas tratem do assunto", considerou.

O pedido de adiamento foi feito no arranque do segundo dia de debate, no parlamento nacional, de uma Apreciação Parlamentar para cessar a vigência de dois polémicos diplomas que colocam o português como língua principal apenas no 3.º ciclo e introduzem o uso de outras línguas maternas timorenses, não oficiais, no ensino.

O primeiro dia de debate ficou marcado pela polémica com o maior partido timorense com assento parlamentar, o CNRT, a abandonar o plenário depois de uma declaração política em que rejeitou debater os decretos, que disse apoiar na totalidade.

Em resposta Mari Alkatiri, deputado da Fretilin (segunda força política), criticou a decisão do CNRT "abandonar o plenário e boicotar um órgão de soberania", algo que, disse, é "inaceitável" e "rompe completamente o espirito de consenso" que se tem procurado no parlamento.

Aniceto Guterres considerou que este é "um debate sobre um assunto importante" onde um debate amplo é necessário.

"Estamos no segundo dia, onde deveríamos continuar o debate. Mas a bancada do CNRT, a maior no parlamento, a bancada do Governo, abandonou o plenário e hoje continua sem estar presente", disse.

"Este assunto é um assunto de interesse nacional. O senhor presidente sugeriu que os líderes parlamentares conversem. Vamos tentar procurar consenso", disse.

Lurdes Bessa, líder da bancada do PD e Jorge Teme, líder da bancada da Frente Mudança, concordaram com o adiamento.

Mari Alkatiri, deputado da Fretilin, sugeriu que nos próximos dias as ideias e sugestões de consenso sejam remetidas ao Governo para que possam ser discutidas na reunião da próxima terça-feira do Conselho de Ministros, antes do debate ser retomado no Parlamento Nacional na quarta-feira.

Fernando La Sama de Araújo, ministro da Educação, que estava presente no plenário, reconheceu a importância do debate e a vontade de "convergir ideias" que ajudem a consolidar "o futuro da geração mais nova".

"A prática da democracia faz parte do Estado. O irmão Xanana e o irmão Mari Alkatiri conseguiram convergências, a bem do Estado", disse, mostrando orgulho na democracia timorense que aposta na busca de consensos e em soluções conjuntas para os problemas.

La Sama mostrou-se disponível para regressar ao parlamento quando o debate for retomado mostrando disponibilidade para apoiar na eventual redação de alterações aos decretos.

Os líderes das bancadas parlamentares reúnem-se já hoje para debater os decretos.

ASP // JCS

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