segunda-feira, 2 de março de 2015

ERA UMA VEZ UM XICO-ESPERTO CALOTEIRO COM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

Três notícias no site da TSF deixam perceber parcialmente os meandros do calote de Passos Coelho, uma quarta está em aconselhamento para lerem. Nessa Passos diz-se “perplexo com divulgação de «dados pessoais e sigilosos» em ano de eleições”. Pois. Mas não deviam ser sigilosos para quem opta por enveredar por vida pública e retirar as vantagens que Passos e outros têm tirado e cabe numa frase lapidar de Maria José Morgado, da PGR, e serve de manchete num jornal “Há políticos pobres que ao fim de uns anos estão milionários”. Quer Morgado dizer que enriquecem à custa do erário público por artes opacas. A transparência é o antídoto para essas situações, por isso não devia existir sigilo para quem opta pela vida pública, política.

É evidente que a hipocrisia de Passos nesta perplexidade da violação do sigilo neste caso sobressai. Que mais pode ele dizer? Que se esqueceu? Que não se lembra? É evidente que não vai dizer que a sua formação assenta na vigarice pura e simples, no oportunismo. E que escolheu aquela profissão de político desde tenra idade porque ali poderia enriquecer. Foi a sua opção. Anos volvidos e logo perceberemos isso com o que ele exibir e se cole àquela máxima popular: "quem cabritos vende e cabras não tem… de algum lado lhe vem". Provavelmente, agora, bem esquadrinhado, já se chegaria a essa conclusão. No caso Tecnoforma ficámos todos a saber o mesmo. A opacidade foi deslumbrante. Claro que para a populaça não esclarecida, nem convencida da honestidade de Passos, ele foi condenado e a palavra usada foi: vigarizou-nos.

Também, digo eu, mais vigarice menos vigarice… Querem maior vigarice e descaramento que ele prometer mundos e fundos (que nem ia aumentar o IVA, p.ex) na campanha eleitoral e poucos dias após tomar posse passou a governar nos antípodas do prometido. Descomunalmente nos antípodas!

Temos portanto um primeiro-ministro vigarista e caloteiro. Um "self made man" rasca, tipo gato escondido com o rabo de fora. Um xico-esperto que assentou arraiais na política para agir exatamente como age. Um sacador-mor que tem por partenaire um comprovado seboso da perversidade ética e intelectual que considera todos uns palermas que pode vigarizar, Miguel Relvas.

A atitude grave neste calote de Passos Coelho não é propriamente o dinheiro do calote mas sim os dois pesos e duas medidas que o bando de mentirosos e vigaristas que constituem o governo usam, Mota Soares incluido. Para eles tudo deve ser permitido usufruindo de absoluta impunidade, para os restantes portugueses não. E quanto mais pobres menos lhes é consentido. Até o ar que respiram deveria ser pago, acham estes imorais badamecos que chegaram por mentiras ao governo de Portugal. Estes e outros seus iguais que integram os partidos do chamado Arco da Governação e que em quase 40 anos têm depenado o país ao ponto em que está, usando a fórmula de vendedores da banha da cobra “os portugueses têm vivido acima das suas possibilidades”. Em vez de serem honestos e reconhecerem que – salvo honrosas exceções – têm roubado despudoradamente Portugal e, consequentemente, os portugueses.

Não há volta a dar. Isto tem de ser dito e devia ser reconhecido pelos causadores do descalabro a que Portugal chegou. À fome e miséria que abunda!

A seguir, da TSF, um conjunto de notícias sobre a “novela” do calote de Passos. Algo de que será branqueado mal e porcamente como no caso Tcnoforma. E mais que venham… O assunto vai ser resolvido nas eleições daqui por sete meses. Ou não. E aí o depenar vai continuar. (MM / PG)
  
Ex-Presidente do ISS questiona pagamento de dívida prescrita de Passos Coelho

Edmundo Martinho, antigo presidente do Instituto da Segurança Social diz que os serviços devem explicar porque é que aceitaram o pagamento de Pedro Passos Coelho se a dívida do primeiro-ministro já estava prescrita.

Presidente do Instituto da Segurança Social entre 2005 E 2011, Edmundo Martinho diz desconhecer os problemas invocados pelo Ministro Pedro Mota Soares para desculpar Pedro Passos Coelho na questão das contribuições em atraso, respeitantes ao período entre 1999 e 2004.

O titular da pasta da Segurança Social afirmou que o primeiro-ministro foi vítima de erros da própria administração, justificando assim os cinco anos que passaram sem que Passos Coelho saldasse a dívida. Para Edmundo Martinho, esta explicação não faz qualquer sentido.

Quando foi interpelado pelo jornal "Público", que noticiou os factos no sábado, Pedro Passos Coelho decidiu pagar voluntariamente quatro mil euros da dívida. O antigo presidente do Instituto da Segurança Social questiona o procedimento, por isso Edmundo Martinho considera que os serviços têm agora de explicar porque é que aceitaram o pagamento de uma dívida prescrita.

PCP admite chamar Passos ao Parlamento por causa de antigas dívidas à Segurança Social

Os comunistas consideram que as explicações dadas até agora pelo gabinete do primeiro-ministro e pelo ministro da segurança social são «esfarrapadas».

Por isso, o PCP vai exigir a Pedro Passos Coelho que um «esclarecimento integral» sobre a sua situação perante a Segurança Social.

Ouvido pela TSF, Jorge Cordeiro, membro do Secretariado e da Comissão Política do partido, diz que o PCP não coloca mesmo de lado a possibilidade de chamar Pedro Passos Coelho ao Parlamento.

O PCP pede esclarecimentos depois de o jornal Público ter noticiado no sábado que, entre outubro de 1999 e setembro de 2004, Pedro Passos Coelho acumulou dívidas à Segurança Social, tendo decidido pagá-las voluntariamente em fevereiro, num total de cerca de quatro mil euros, depois de confrontado pelo jornal.

Em resposta às perguntas, o gabinete do primeiro-ministro diz que Pedro Passo Coelho «nunca teve conhecimento de qualquer notificação que lhe tenha sido dirigida dando-lhe conta de uma dívida à Segurança Social referente ao período em que exerceu a atividade de trabalhador independente, pelo que desconhecia a sua eventual existência».

BE diz que primeiro-ministro está «em choque com a realidade e com a política»

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Pedro Filipe Soares, acusou hoje o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de estar «em choque com a realidade e com a política» e de não perceber as dificuldades que causou aos portugueses e ao país.

«O primeiro é um choque com a realidade, quando [Pedro Passos Coelho] demonstra não perceber as dificuldades que a sua política, as suas escolhas tiveram sobre a vida das pessoas, em matérias fundamentais como o acesso à saúde, o acesso à educação, o acesso a um emprego e a uma vida com futuro e os resultados que tiveram com desemprego, com a emigração», disse.

«Estas demonstrações de alheamento de Pedro Passos Coelho demonstram como ele está em choque com a realidade e com a sua política. E quem está em choque com a realidade, quem não percebe o mal que fez ao País, só pode tirar a conclusão de tentar disputar uma maioria absoluta. E aqui entra o choque com a política», acrescentou o dirigente do BE.

Pedro Filipe Soares reagiu desta forma à entrevista do primeiro-ministro divulgada hoje pelo Expresso, em que Pedro Passos Coelho admite que vai lutar por uma maioria absoluta nas próximas legislativas, mas não fecha portas a uma coligação com o CDS-PP, nem a um Governo de bloco central com António Costa.

Para o dirigente do Bloco de Esquerda, Pedro Passos Coelho quer apenas «baralhar o jogo para criar alguma confusão», quando tenta demonstrar uma grande abertura para coligações.

«Na prática, a conclusão que podemos retirar é que é um primeiro-ministro a tentar segurar-se ao poder. A conclusão que retiramos, também, sobre estas circunstâncias, é que quem está do lado da austeridade, de facto, não terá um voto de confiança dos portugueses nas próximas eleições», disse.

«Creio que essa é a mensagem mais forte que poderemos tirar - e que Pedro Passos Coelho já está a sentir -, na medida em que não se consegue definir quanto à forma como se apresentará a eleições», concluiu.

Passos Coelho sem pagar à Segurança Social durante cinco anos

Entre outubro de 1999 e setembro de 2004, Pedro Passos Coelho acumulou dívidas à Segurança Social. O primeiro-ministro diz não ter tido conhecimento, mas decidiu agora pagar voluntariamente cerca de quatro mil euros, depois de ter sido questionado pelo Público acerca da dívida.

O jornal Público avança na edição deste sábado que a situação diz respeito ao período em que Pedro Passos Coelho deixou de ser deputado na Assembleia da República, em outubro de 1999, passando a ser consultor da Tecnoforma, até setembro de 2004, quando voltou a descontar como trabalhador por conta de outrém no grupo Fomentinvest.

De acordo com o jornal, o primeiro-ministro garante «nunca teve conhecimento de qualquer notificação que lhe tenha sido dirigida dando conta de uma dívida à Segurança Social referente ao período em que exerceu a atividade de trabalhador independente, pelo que desconhecia a sua eventual existência». Isto apesar de, em 2007 e 2008, milhares de trabalhadores a recibos verdes terem sido intimados a pagar contribuições em falta, mesmo sem terem apresentado rendimentos.


Numa nota que o gabinete do primeiro-ministro enviou ao Público, em resposta a perguntas que lhe foram dirigidas a 29 de janeiro, é dito que o primeiro-ministro nunca teve conhecimento de qualquer notificação.

A dívida de Passos Coelho prescreveu em 2009, tendo o primeiro-ministro já pago cerca de quatro mil euros de forma voluntária este mês. A dívida correspondia por mês a 25,40% do salário mínimo nacional (SMN).

De acordo com os dados recolhidos pelo Público, a dívida atingiu o valor de 5016 euros em setembro de 2004, data em que Passos Coelho passou a descontar através de algumas das empresas de que se tornou administrador. A esse montante acresciam ainda os juros de mora, que perfaziam 2413 euros em meados de 2013, num total em dívida de 7430 euros.

No entanto, o primeiro-ministro diz que a dívida não chegaria aos quatro mil euros - os dados fornecidos a Passos Coelho pela Segurança Social em 2012, e confirmados em janeiro de 2015, indicavam uma dívida de 2.880,26 euros até ao final de 2004, mais 1034,48 euros de juros de mora. O Público diz que este montante é equivalente ao que tinha em dívida em agosto de 2002.

As dívidas à Segurança Social que não são alvo de notificação ao contribuinte prescrevem ao fim de cinco anos. No entanto, estas dívidas têm uma característica única: Todos os contribuintes podem pagar voluntariamente as dívidas que tenham mesmo que estas já tenham prescrito, até porque ao pagar o contribuinte está a aumentar a sua carreira contributiva.

TSF

Leia mais em TSF

Sem comentários:

Mais lidas da semana