segunda-feira, 2 de março de 2015

EXPRESSO CURTO COM AMARGO LEONINO. O CALOTE DE PASSOS... EM ESTILO LIGHT




Lá vem o futebol em destaque à conta do derby de ontem entre o Porto e o Sporting. São opções no Expresso Curto servido por Pedro Candeias, coordenador do jornal Expresso do patriarca Balsemão. Futebol à cabeça remonta aos tempos em que eu era menino e moço e com pouco mais de dez anos já sabia que as probabilidades de ir cair na guerra colonial eram imensas. E foram. E fui passados mais dez anos e coisa. Estávamos então em 1961. Era em que o salazarismo imperava ditatorialmente e em que o que vinha era para ficar, como a Toyota do Salvador Caetano e muitas mais diatribes e desgraças do salazarismo. Era então tempo dos quatro efes (um deles era acrescentado pelos mais conscientes e desesperados): Fátima, fado e futebol. A palavra inventada e em quarto lugar era um palavrão que não vou aqui escrever. Mas posso adiantar que atualmente se identifica facilmente com um “daaassseee”, começada por efe. Foi essa a palavra que me saiu logo que vi servido este Expresso Curto e percebi que tinha futebol à cabeça. 

Estamos mesmo a navegar em águas salazaristas da modernidade. Até cheira. Cavaco, Passos e Portas até tinham o odor característico do salazarismo guardado num baú. Só pode ter sido. Fãs do salazarismo lá foram ao sótão buscar o cheiro e as atitudes de governabilidade a roçar com muita tesão o fascismo. Roça, roça. Pode ser que um dia destes também tenham de viajar de Chaimite… Atualmente deve ser de Pandur. Pandur, aquelas que nos saíram pelos olhos da cara. Já era armamento muito caro mas depois com as vigarices, corrupções e “alçapões” ainda ficaram mais caras. Têm sido quase quarenta anos a roubar. Um fartote que estamos a pagar com língua de palmo. E eles nas Aldeias das Coelhas a bronzerem-se nas piscinas de luxo. Paradoxo. Gente de lixo em casas e piscinas de luxo. Adiante.

Não se interprete que o que escrevi em cima sobre o Expresso Curto trazer futebol à cabeça seja crítica ao servidor do cafezinho desta manhã. Não. Ele é jovem demais para saber que levávamos com isso à fartazana que era para alienar. Nem sabe que havia tantos alienados que quando os clubes prediletos perdiam o marido dava porrada na mulher e nos filhos. Os benfiquistas não. Esses até cobravam o dito “quem não é benfiquista, não é bom chefe de família”. A abordagem ao futebol à cabeça na peça foi para que me deu. Lembrei-me logo do Salazar e seus negros tempos. A seguir caí na real e recordei que esses tempos voltaram por conta de uns saudosistas que foram eleitos por uns eleitores vigarizados à custa de tantas mentiras. Resta esperar que acordem.

Não escrevo mais. Estão a bater-me à porta com intensidade. Vou abrir, deixar entrar os tipos que me vêm executar a penhora por dívidas ao fisco e à segurança social. Tomem o vosso expresso e tenham uma semana das melhores possíveis neste mar de miséria que é Portugal. Não percam este Expresso Curto. Obrigado Pedro. Brilhante. Luminoso.

- Já vai cambada. Já abro a porta! Estou para saber por que não cobraram ao Passos e comigo têm de levar daqui mobílias, o escarrador e até as caixas dos preservativos! (MM / PG)

FC Porto: Gosto tanto de você, leãozinho

Pedro Candeias, coordenador do Expresso

Eu achava que já tinha visto, lido e ouvido tudo quando um dia Jorge Jesus se pôs a citar Blaise Pascal ou Lenine nas conferências de imprensa. É como se trouxesse aquelas frases na algibeira com ele para largá-las como quem puxa do ás de trunfo (e atenção que Jesus é craque da sueca) em cima da mesa e diz:

- Estão a ver como é?

Só que às vezes não é bem assim e o diz-que-disse pode sair truncado se a cartilha não estiver na ponta da língua – Julen Lopetegui tentouir à língua morta para reavivar memórias e falhou tal como falharam os senhores do Bloco de Esquerda no cartaz de Passos e de Merkl (daqui a pouco, perceberá que há mais pontos de contacto entre a bola e a política). Mas, como diz Jesus (é sempre bom ter referências bíblicas), uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa e o futebol falado não tem nada a ver com o jogo jogado e com o jogo treinado – tal como este FC Porto não tem nada a ver com o FC Porto da primeira volta. Este que derrotou o Sporting por 3-0 é mais seguro e matreiro e agressivo sobre a bola e há duas ou três razões que justificam a mudança: 1) os bons jogadores que tem; 2) a estabilidade no onze, no pós-rotativismo-vá-se-lá-perceber-porquê de Lopetegui; 3) e os bons jogadores que tem. Porque quem tem Jackson, Tello, Brahimi, Herrea, Quaresma, Danilo e Alex Sandro arrisca-se a ganhar mais do que uma equipa que tem Montero, Adrien, João Mário, Tobias e Jonathan Silva. Os golos foram fotocópias uns dos outros e com eles caíram duas frases feitas: a de que os comboios não passam duas vezes (Tello é a prova); e a de que o Sporting é crónico candidato ao título (os 12 pontos de atraso são a prova). E o resto são cantigas. De Caetano Veloso.

OUTRAS NOTÍCIAS

Isto da política e da bola tem muito que se lhe diga e para aqueles que dizem que estas não se devem misturar eu digo-lhes que uma e outra  devem ser jogadas da mesma forma: em antecipação. E estando nós a 7 meses do grande dérbi a que chamamos legislativas entre PS vs. PSD+CDS (?), a campanha já começou. Primeiro, o Primeiro garantiu ao Expresso que ia a jogo para ganhar sozinho e que o rivalAntónio Costa era uma receita para o “desastre”. E o que Costa decidiu foi contra-atacar, lembrando ao público, perdão, ao cidadão eleitor, o que ele fez por Lisboa. Números são com António Costa, embora Helena Roseta discorde.

Em discordância também estão historiadores e comentadores sobre um assunto que é melindroso porque mexe com a vida mas sobretudo com a morte: na Alemanha, o “Mein Kampf” de Hitler vai ser reeditado. Por um lado, há quem diga que os alemães estão prontos para enfrentar os fantasmas; por outro, que isto é nocivo para a humanidade porque a intolerância e o fundamentalismo andam por aí vestidos de preto e com a cara tapada. A Baviera, que detém os direitos do livro, prepara-se para a venda ao público em 2016.

E em 2016 há eleições parlamentares na Rússia e o Finantial Times diz que estas já estão comprometidas com o assassinato de Boris Nemtsov. Nemtsov era crítico de Putin, liderava o único partido anti-regime legalizado e morreu, com quatro balas nas costas. Às portas do Kremlin. Putin diz que vai investigar e que quer justiça mas milhares de pessoas têm outro ponto de vista.

À vista de todos os que têm Netflix esteve a 3.ª temporada da série “House of Cards” que estreou este fim de semana. Nos sítios onde o Netflix ainda não chegou, pirateou-se e pirateou-se muito mas em nenhum outro sítio se pirateou tanto como na… China. E agora que o Frank e a Clarie Underwood estão de volta, a Atlantic deixa-nos um guião para o que aí vem.

E o que vem lá? O futuro. Em Barcelona realiza-se o Mobile World Congress, a Meca de todos os fabricantes e adoradores de telemóveis de todo o mundo. O telefone portátil é um negócio que vale milhares de milhões de euros e as marcas apostam na montra e a estrela dese ano deve ser o Galaxy S6.

CITAÇÕES

"Como é que se paga voluntariamente uma dívida prescrita? Se prescreveu, não há dívida." Marcelo Rebelo de Sousana TVI sobre Pedro Passos Coelho

"Se fosse hoje não teria entregado o honoris causa a Ricardo Salgado." João Duque, ex-presidente do ISEG, em entrevista ao Jornal i de hoje

"A minha carreira estava a ir por outro caminho. Eram duas épocas sem ganhar títulos mas parecia-me vinte anos sem vencer. Para mim é importante sentir que ainda sou uma criança." José Mourinho, treinador do Chelsea, após o triunfo por 2-0 na Taça da Liga de Inglaterra diante do Tottenham, em Wembley

"Acusar Portugal e Espanha de quererem derrubar o Governo grego do Syriza, como fez Alexis Tsipras, entra no domínio da alucinação". Nuno Melo, vice-presidente do CDS/PP, na sua página de Facebook

O QUE ANDO A LER

Os Blondie são um guilty pleasure que trago da infância quando o gira-discos lá da família tinha o vinil "Eat To The Beat" e dentro dele tocava a Atomic. E a voz da Debbie Harry, que o Telegraph recorda numa longa entrevista em que ela conta uma história daquelas: uma noite, apanhou um táxi que lhe pareceu insuspeito até ao momento em que reparou que lhe faltavam puxadores internos. A Debbie conseguiu sair do dito abrindo a porta pelo lado de fora e ficou intrigada com o taxista do qual ficou com a cara mas não com o nome. Tempos depois, os jornais chamaram-lheTed Bundy, o serial killer.

E de crime e violência sabe o senhor que se segue neste longform da SBNation em que um jornalista se fez passar por outro jornalista e conseguiu entrar na casa e na vida de Mike Tyson. Ao lê-lo ficamos sempre na dúvida se devemos odiar ou ter compaixão por este tipo que violou mulheres e que foi educado na miséria e treinado por mafiosos. O artigo é excelente e vive de frases como esta: “All boxers are liars. Con men. The better the liar, the better the fighter. You realize this requirement immediately after you step inside a ring for the first time”.

Para o fim, um exercício umbiguista... Deixo-vos a reportagem multimédia do Expresso sobre Edwin, o miúdo que joga no Estoril Praia que chupava pedras para enganar a fome no Quénia e aprendeu a sonhar com uma portuguesa. O trabalho foi pensado e idealizado e construído e imaginado pelo João Santos Duarte e pelo João Roberto.A fotografia é  do José Carlos Carvalho, o web design do Tiago Pereira Santos e o desenvolvimento interactivo da Heloísa Neto, do Pedro Pinto e do Tiago Simão. Eu limitei-me a escrever.

Depois, leia o Expresso Diário de hoje e pense que amanhã é o dia do Bernardo Ferrão, o editor de política do Expresso, que nos vai explicar como andam as modas e as coligações e os spinnings que impedem asgaffes de cair no vazio. E, já agora, se tiver aí o seu Expresso à mão, não se esqueça de usar o código que está na capa da Revista para seguir a atualidade da semana no Expresso Diário, sempre às 18h. Saiba como aqui

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