Verdade
(mz) - Editorial
Indivíduos
supostamente desconhecidos assassinaram, à queima-roupa, o constitucionalista
moçambicano Gilles Cistac, na manhã de terça-feira (03), em Maputo, um acto
duplamente cobarde e de intolerância contra a liberdade e diversidade de
opinião. Mas porquê? Porquê exterminar um homem, sobretudo pelas costas?
A
esta altura, aqueles que acabaram com a vida de Gilles Cistac esfregam as mãos,
vibram e comemoram por ter calado, definitivamente, a voz de quem proferia
discursos que contrariavam o senso comum e regia-se pelas leis. Porém,
eternizaram-se o pensamento e os ideias que, talvez, só uma morte natural se
encarregaria de abafá-los.
Aqueles
que interromperam, por iniciativa própria ou por encomenda, o percurso de um
compatriota que se fazia valer pelos seus princípios e que não se vergava
diante daqueles que o consideravam contra determinados grupos, amanhã estarão,
com certeza, no enterro da vítima e vão chorar “lágrimas de crocodilo”. Os
lambe-botas que integram o famigerado G40, bem como aqueles que sobrevivem das
tetas das suas facções, celebram também a sua cobardice. Contudo, que a culpa
não mora solteira!
As
palavras de Tomás Timbane, bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique,
segundo as quais “a Polícia é um dos elos mais fracos do nosso Estado” e as
instituições da Justiça são letárgicas em relação a este tipo de casos, devem
cair por terra, detendo-se os culpados por esta chacina que atenta contra os
mais elementares direitos fundamentais, dentre os quais as liberdades
intelectual e de expressão.
Crimes
como este não podem prevalecer sobre a impotência de quem elegemos para
garantir a nossa segurança, que há tempos está em xeque mas finta-se o povo com
um discurso sobre um trabalho que na realidade pouco se reflecte. O Estado não
pode colapsar...!
Na
falta de razões claras do que estará na origem desta selvajaria, a especulação
ocupa o lugar dos factos e abre espaço para que se acredite que Gilles Cistac
foi vítima da cobardia daqueles que são alérgicos a opiniões contrárias à
lógica política estabelecida pelo regime. Os gestores do Estado têm de inverter
o curso da história: encontrar um antídoto eficaz que permita termos uma
Polícia comprometida com a Lei e Ordem.
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