segunda-feira, 2 de março de 2015

Portugal. CLARA FERREIRA ALVES E DANIEL OLIVEIRA, A MESMA LUTA...



Alfredo Barroso

Há abissais diferenças entre Clara Ferreira Alves e eu próprio. 

A articulista mediática do Expresso não tem, nunca teve, convicções sólidas, é cínica e hipócrita, e o seu percurso foi sempre ziguezagueante, rumando à esquerda e à direita consoante os ventos dominantes, ao ponto de ter aceite participar em reuniões do clube secreto dos mais ricos e poderosos deste mundo, o famigerado clube de Bildeberg, a convite do patrão do Expresso, Francisco Pinto Balsemão. O que não me impede de reconhecer que ela tem inegável talento para a escrita. 

Mas não se iludam: o brutal (e, para mim, inesperado) ataque que Clara Ferreira Alves me fez no programa «Eixo do Mal», da SIC Notícias, tem um significado muito claro, que é este: - «Atenção manos Costa - Ricardo director do Expresso e António futuro chefe do Governo - olhem que eu estou do Vosso lado, e nada tenho a ver com esse Alfredo Barroso que anda para aí chatear»...

Já de mim não se conhecem, porque nunca os fiz, percursos rumo à direita, nem atitudes políticas oportunistas, além da vantagem de ter dado a conhecer com toda a clareza as minhas convicções políticas e ideológicas, através de um livro sobre «A Crise da Esquerda Europeia» (Dom Quixote, 2012), que foi elogiado pelo Expresso, e de várias conferências, ensaios e artigos publicados em jornais, que não se resumem à espuma dos dias, tão do agrado de Clara Ferreira Alves. 

Aliás, fui colunista do Expresso durante oito anos e meio (curiosamente por convite prévio oficioso de Clara Ferreira Alves, e depois, como é natural, por convite oficial do então director do jornal, José António Saraiva), e fui «removido» do semanário, manifestamente pelo desconforto que nele causaram as dezenas de crónicas que escrevi contra a intervenção americana no Iraque (desde 2003), e que reuni num livro intitulado «Guerras Limpas» (ASA, 2005)... 

E a propósito de Clara Ferreira Alves não preciso de dizer mais nada...

Quanto ao que de mim disse o inefável Daniel Oliveira, no programa «Eixo do Mal», da SIC Notícias, vale a pena chamar a atenção para uma frase que ele, às tantas, deixou escapar, dirigindo-se a mim com sarcasmo: «Gosto muito das pessoas que ganham sempre desapego aos lugares quando chegam à idade da reforma»... Meçam bem o significado desta frase porque, o que está implícito nela, é que é preciso, segundo o inefável Daniel, mostrar apetência pelos lugares (leia-se: cargos). O que demonstra que tenho alguma razão ao afirmar que os três promotores da «coligação» de dissidentes do BE, da qual ele é uma das mais rutilantes e barbudas «estrelas mediáticas», têm mesmo um acendrado apego pelos «strapontins» que lhes poderão estar destinados, num governo de coligação com o PS, para assim terem a possibilidade de mostrar os seus talentos ao serviço da Pátria e da República...

Daniel Oliveira referiu-se ainda à minha participação, entre 1983 e 1985, no Governo do bloco central, de coligação entre PS e PSD, como secretário de Estado da PCM, facto que nunca procurei ocultar e que está bem patente no meu currículo profissional e político. Daniel Oliveira foi ao ponto de afirmar que a situação do país, naquela altura, era «ainda pior» do que a de agora (querendo porventura imitar António Costa!) sem perceber que, ao proferir tal aldrabice, estava involuntariamente a elogiar a celeridade e eficácia com que esse governo debelou a crise, em menos de dois anos.

Conheci pessoalmente Daniel de Oliveira há pouco tempo, na organização do Congresso Democrático das Alternativas, para cujo «downsizing» a seguir ao congresso ele contribuiu decisivamente. Tanto quanto percebi, trata-se de um político vaidoso, arrogante, ambicioso e intriguista, com inegável talento para as «relações públicas» mas nenhum para a discrição e modéstia...

Alfredo Barroso, em Facebook

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