O
advogado da Associação Mãos Livres, David Mendes, tem recebido ameaças de morte
através de mensagens e telefonemas anónimos. Não é um caso único: outros
ativistas e membros da oposição também têm sofrido intimidações.
As
ameaças contra o chamado "advogado do povo" têm sido frequentes nos
últimos dias, depois deDavid
Mendes se voluntariar para defender os fiéis da seita religiosa "A Luz do
Mundo", incluindo o seu líder José Julino Kalupeteka.
Em
entrevista à DW África, o presidente da Associação Mãos Livres, Salvador
Freire, confirma as ameaças, acrescentando que as mesmas se têm estendido a
outros membros daquela organização de defesa dos direitos humanos.
"Essas
ameaças vêm de pessoas estranhas. São mensagens de fontes anónimas, para ver se
desistimos do que temos vindo a fazer", afirma. "Algumas pessoas
envolvidas no processo não estão contentes com o trabalho imparcial que a
Associação Mãos Livres tem realizado no caso 'Kalupeteka'."
Intimidação
a membros da oposição
Estes
não são casos isolados. Mfuka Muzemba, deputado do maior partido da oposição em
Angola, a UNITA, conta que também tem sido alvo de ameaças. Na sexta-feira
passada, 24 de abril, três homens atacaram Muzemba, que, na altura, se
encontrava dentro da sua viatura.
Um
deles "encosta no meu vidro, olha para mim e aponta-me a pistola para a
cabeça. Naquele susto todo, acelerei e ele começou a disparar os tiros",
relata.
O
caso já é do conhecimento das autoridades policiais. Aguarda-se agora mais
esclarecimentos. Mas esta não foi a primeira vez que Mfuka Muzemba foi atacado.
Há
dois anos, "alguns indivíduos atentaram contra a minha casa. Eles foram
apanhados em flagrante e entregues à polícia. Mas a polícia soltou os
indivíduos, sem nos dar nenhuma explicação. Até à data em que vos falo,
desconhecemos o número do processo. Quando nos fomos aperceber, os indivíduos
que atentaram contra a nossa casa eram polícias."
Há
cerca de cinco meses, outro parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, também foi
alvo de um ataque perpetrado por um indivíduo que se supõe ser dos serviços
secretos. Neutralizado pela guarda pessoal do deputado, o alegado operativo foi
entregue às autoridades. No entanto, de lá para cá, não se conhecem novos
desenvolvimentos no processo.
Nelson
Sul d'Angola (Benguela) – Deutsche Welle
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